segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Nas entrelinhas da política

 Por Marcondes Serra Ribeiro

 

Promessas de empenho e esperanças de melhorias compõem basicamente o duo que ainda assegura a política, que a cada gestão ímproba, torna-se mais desacreditada, decepcionantemente corruptiva, tanto por parte dos políticos, quanto dos eleitores. Muitos se jogam nesse bloco e, consolidados seguramente por suas dantescas índoles, praticam a filosófica folia brasileira de “tirar proveito de tudo”, mas há aqueles que esperançam a aplicabilidade de políticas públicas eficientes, adequadas, resolutivas dos problemas públicos mais cruciais, trabalhadas honestamente pelos gestores da base – as unidades menores da administração pública – os municípios.

Um bom motivo assegurador da quase sempre malograda, frustrada, ludibriada esperança do povo, é a possível pretensão do gestor em seguir na vida pública e que, por isso, esforce-se para executar um bom mandato,  encerrando-o de forma positiva, com bom  julgamento da maioria, embora seja de bom alvitre observar que, em maior  ou menor intensidade, haverá oposição, adversidades, alegações devidas ou indevidas de falhas, erros, improbidades, atitudes que também asseguram a política em sua disforme variação popularesca e viciosa – a politicagem, ou politiquice que tanto caracteriza e funda os anais de nossa gente!

Muitos, ou melhor, quase todos, preocupam-se somente com os planos, destacando midiaticamente as ações que serão aplicadas logo no “promissor” início. Instigam a opinião pública, mexem e intumescem o brio esperançoso dos cidadãos, projetam um perfil de empreendedor eficiente e até começam bem, mas depois que atentam à real importância do exercício do poder e ao “poder” do dinheiro público, mergulham de cabeça no mar de improbidades e falcatruas, tão sedutoramente à sua disponibilidade, promotor de regalias e excentricidades, e perdem-se em atitudes mercenárias, desumanas, desonestas, desrespeitosas, até se  referindo ao município com acintosas afirmativas, tais ou similares a “ eu sou o prefeito daquela ..., eu que mando naquela ...”, como se sabe, palavras proferidas por gestores ímprobos, com caracteres de “Césares Romanos”, senhores de todos os poderes, consequentes náufragos da política local, corajosos  “caras de pau” e afrontadores da memória do povo, porque ainda palanqueiam descaradamente em apoio aos candidatos, almejando “um lugarzinho ao sol”, uma oportunidade a mais de “sugar a teta da vaca leiteira”. Mas... vergonha não ficou para qualquer um e político, em maioria, tem esse perfil intrepidamente desavergonhado!

Depois da incursão no indevido, no desonesto, logo em meados do primeiro ano, prolongando-se pelo segundo e terceiro, costumam voltar às realizações no quarto e último ano e aplicam-se em fazer o quê não fizeram nos três anos anteriores, “esquecidos” das regras especiais que balizam a execução orçamentária das prefeituras, relaxam a necessária prudência diante do fechamento de caixa, porque de fato, “não estão nem aí” àquilo que é lícito, previsto legalmente e comprometem-se com despesas que não poderão quitar até o término do mandato, confiam nas gambiarras financeiras e “encorpam o presente de grego” para o substituto.

São muitas as proibições legais direcionados aos gestores em final de mandato, mas também têm sido bem avolumadas as desobediências e o desrespeito aos servidores e ao povo. As normas reguladoras existem, são rigorosas e dependem unicamente do caráter, da honradez, da honestidade pessoal do gestor e sua condução exigente junto a seus secretários – quase sempre com histórico comprometedor por onde passaram profissionalmente e tendenciosamente coniventes e colaboradores direto de uma gestão fraudulenta, como se tem visto tanto. Ressalto que há exceções respeitosamente aplaudíveis à essa abjeta regra, graças a Deus!

Somos um povo que ainda cultua esperanças, mesmo minguada, quanto aos eleitos para o Executivo e Legislativo Municipal, cujas ações precisam ser fundadas, garantidas pelo bom senso, boa conduta e obediência honesta aos princípios gerais da administração pública.

Trabalhar eficientemente, dedicar-se respeitosamente à construção do Bem Comum, posicionar-se honradamente, de “cabeça erguida” frente ao povo, prestar contas eventualmente, demonstrando a inteligente e legal contenção das despesas e o equilíbrio das contas públicas, sempre será amplamente benéfico ao município e ao prefeito que pretende a reeleição, disputar outros cargos políticos ou destacar-se em apoio àqueles que apresenta como seus candidatos em futuros pleitos. Mas tudo isso que naturalmente dá confiabilidade e convence a comunidade, tem obviamente estrita relação com o melhor exercício do poder, em consonância com a legislação vigente, contas devidamente aprovadas e perfeita condição de briosa e exemplar postura administrativa.

Que tenhamos o primor de uma gestão honrada, eficiente e digna de continuidade!

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