Por José Sarney
Hiroshima é uma mancha indelével na História
americana. Agora surgiu outra: Trump comandando uma horda de apátridas,
acabando com o que os Estados Unidos tinham como sua mais sagrada instituição,
o American Dream, o sonho que fascinou a humanidade e os fez conquistar o
mundo. O sonho de construir um mundo de liberdade, cujos fundamentos constam da
Declaração de Independência, quando os pais fundadores fizeram a sua Tábua da
Lei, como a maneira de construir a Democracia: “Consideramos estas verdades
como evidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo
Criador de certos Direitos inalienáveis, que entre estes são Vida, Liberdade e
busca da Felicidade.”
Louvamos que tenha saído da América o país que
encontrou a fórmula das ideias e não da força para constituir governos baseados
na liberdade e hoje é o maior país do mundo, político, militar, cultural,
econômico, científico e tecnológico. Sou daqueles que acreditam que não foi o
poder econômico que o fez líder, mas as ideias de liberdade, dignidade e
direitos humanos.
Todos estes direitos criaram o sonho americano, que
se expandiu pelo mundo inteiro e, com outras nações, ficou responsável pela paz
mundial.
Agora, que vergonha, é seu próprio Presidente quem
comanda a destruição da grande bandeira dos Estados Unidos perante o mundo.
A partir de agora que autoridade têm os EUA para
pedir respeito aos direitos e à igualdade dos homens? Para ser o guardião da
Declaração dos Diretos Humanos, cujas ideias fundamentais foram construídas por
eles mesmos, desde o rascunho de Jefferson da Declaração de Independência,
passando pelo Bill of Rights e pregando a liberdade, a Democracia, como a
grande revolução salvadora mundial?
Que diferença
podem invocar de Maduro fazer a representação parlamentar com a violência de
leis fruto da chicana e unicamente destinadas à manutenção do poder? Que
argumentos têm perante Erdogan e todos os líderes de extrema e radical direita,
agora em ascensão, buscando ocupar a liderança de diversas nações? Que
autoridade os Estados Unidos podem usar para defesa da democracia contra a
força e o anarcopopulismo, diante do exemplo do Trump — pois, se a democracia é
o maior e melhor regime, os Estados Unidos o maior exemplo disso, o Capitólio o
coração da democracia, constituído pelas leis e pelo povo, como o Trump comanda
sua invasão e sua destruição?
As consequências desse fato não se sabe como vão repercutir e influenciar o futuro da humanidade. Como apagar essa mancha da História americana? Só com a punição do Presidente, pois mostrará que a democracia é tão forte que até o sumo-sacerdote do seu templo, quando viola seus dogmas, é banido da política, como indigno dela.
Trump passou a ser o Bin Laden do American Dream: um
destruiu as Torres Gêmeas; o outro, o Capitólio, Catedral da Democracia.
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