Por Gracilene Pinto
Acredito que o sucesso da existência depende dos princípios formadores do caráter, tanto quanto dos alicerces de uma casa depende sua solidez. Os princípios são o fundamento com que se norteia a vida, são a essência de tudo.
Alguns, ao nascer, já trazem caracteres
morais que lhes auxiliem na correição do proceder. A maioria adquire tais
características no ambiente familiar. Outros, não o trazem e tem dificuldade de
aprendê-lo, independentemente do esforço familiar empreendido neste sentido.
Não obstante, não há como refutar a infrangibilidade dos bons princípios e a
importância de escoltá-los durante toda nossa vida.
Em minha humilde opinião, para
quem não o traz na alma, esse fundamento deve ser construído ainda no âmbito
familiar, pois assim torna-se inolvidável. E foi do aprendizado doméstico que
pincei algumas premissas que comento agora, por considerar que foram muito
úteis em minha trajetória.
Primeiramente, com minha mãe
aprendi a sonhar. Aprendi a importância do sonho e também a necessidade de
acreditar em nosso sonho antes mesmo que qualquer outra pessoa, antes mesmo de se
envidar qualquer ação para sua concretude. Porque, se você mesmo não vê seu
projeto como algo possível, como pretender que outros o vejam? Tudo começa a
partir de uma ideia, a partir de um sonho. E quando você concebe a
possibilidade de realização é que a coisa começa a acontecer. Tudo é possível
àquele que crê.
Em segundo lugar, também de minha
mãe vem o ensinamento que é preciso saber fazer para saber mandar. Se você não conhece
o processo para execução de um trabalho, se não sabe executá-lo, como poderá
avaliá-lo e apontar possíveis falhas?
Em terceiro lugar, recordo uma
conversa que tive com meu pai. Sempre gostei de ouvir as pessoas mais
experientes que eu. Um dia, quando ele já completara seus oitenta anos,
conversávamos debaixo de uma ingazeira, e ele, relembrando os desvarios de sua
juventude, evocou a sabedoria do Rei Salomão no livro de Eclesiastes, me falou
com expressão triste: “Nunca se esqueça, minha filha, que há tempo pra tudo. É
bíblico. Há tempo pra rir e há tempo pra chorar. Portanto, procure viver de
modo que no tempo de chorar você não tenha muitas razões para fazê-lo.”
Minha mãe, graças a Deus, ainda
está conosco aqui na terra. Meu pai, seguiu sua grande viagem segundo os
desígnios divinos. Mas, eu nunca esqueci tais premissas herdadas dos meus pais.
Gratidão por tudo!
Gracilene Pinto é advogada e escritora.
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