terça-feira, 26 de outubro de 2021

O VELHO PORTO DA RAPOSA

 Por João Batista Duarte Azevedo

 


Não sei ao certo quando surgiu o Porto da Raposa. Quando me entendi, ele já existia. Mas só vim conhecê-lo de fato quando vim para a cidade pela primeira vez. Tinha que se passar por ali. Era lá o embarque nas lanchas que nos traziam até a capital.

Encravado às margens de extenso Igarapé que rasga continente adentro, o antigo Porto da Raposa ficava no povoado campestre de mesmo nome, a poucos quilômetros do Golfão Maranhense (Baia de São Marcos) e do estuário do Rio Mearim. De um lado uma extensa cortina verde formada por manguezais, de outro, mais para dentro do continente, extensas áreas de campos e tesos.

Ao longo de muitas décadas foi a única porta de entrada e saída de muitos municípios da baixada, especialmente São João Batista, São Vicente Férrer, Matinha, entre outros. Estamos falando de mais de meio século. Naquele tempo não havia estradas que ligassem estes municípios à Capital do Estado. O porto cumpria assim então a sua primordial finalidade. Era ponto de escoamento de mercadorias que iam e vinham e de embarque de passageiros que se destinavam rumo a São Luís e vice-versa.

Ainda lembro vagamente de algumas particularidades daquele lugar. Eram dois os principais atracadouros, exatamente para duas lanchas que costumavam fazer o transporte de cargas e passageiros. Eram dois pares de extensas passarelas, construídas de achas e mourões de mangue que nos levavam até ou a parte baixa, ou à parte alta da lancha, o convés, onde ficava o timoneiro, ou mestre, e onde ficavam os passageiros.

Nas lanchas, percebia-se um hiato de classes plenamente justificável. Na parte de baixo, costumavam viajar aqueles que transportavam cargas além de suas bagagens pessoais. Um odor forte de óleo e amônia exalava em meio ao cheiro de café e cozidão que costumava vir das bandas da cozinha. Já na parte alta, o segundo andar, vinham os mais destemidos, os que não tinham muito medo dos constantes balanços no alto mar e não costumavam expelir involuntariamente suas comidas boca a fora.

Às vezes três ou mais lanchas ancoravam por ali.  Todas bem nomeadas. Maria do Rosário. Santa Teresa, esta, pequenina e valente, boa de navegação. A Proteção de São José, que sucumbiu na maior tragédia náutica ocorrida naquela travessia. A Ribamar. A Fátima. A Nova Estrela e a Imperatriz foram as últimas dos tempos auge do transporte marítimo. Nestas últimas fiz a maioria das minhas viagens.


A Raposa era um lugar como muitos outros numa área de campo. As casas de jirau, mostravam que ali em épocas de inverno costumava ser úmido e encharcado. Eram habitações de madeiras, desde o assoalho até as paredes. As cobertas, algumas eram de telhas de barro, outras de pindobas. Naqueles tempos de plena atividade do velho porto, Raposa devia ter cerca de cinquenta casas. A maioria eram de pessoas que viviam em função do porto. Pequenos comerciantes, estivadores, donos de pequenas embarcações e até mesmo ambulantes que viviam da compra e venda de mercadorias e produtos. Eram todos hospitaleiros. Lembro de Seu Dominguinhos, sempre cortês, atencioso, mas, dizem os que mais o conheciam, de uma astúcia e malícia sem precedentes.

Entre as muitas peripécias atribuídas a Seu Dominguinhos está a de ter dado um pernoite ao Padre Dante que certa vez se deparou numa noite escura e não quisera voltar pra sede. Fora aconselhado a ficar por ali. Após acomodar o Padre em uma rede, contam que Seu Dominguinhos acendeu uma fogueira de pau de siriba, uma espécie de mangue que ao queimar expele uma fumaça ardente aos olhos de qualquer cristão, ainda mais a quem não era acostumado, como o sacerdote italiano. Contam que o Padre passou a noite em claro, rezando para que logo amanhecesse, enquanto Dominguinhos se contorcia de risos. Ao amanhecer os olhos do reverendo pareciam duas bolas de sangue.

As principais casas de comércio e pequenos restaurantes estavam ali em redor do armazém. Um velho prédio de alvenaria que servia como uma espécie de alfândega. Era lá que trabalhavam os fiscais da receita estadual. Ali eram expedidas e pagas as guias de impostos sobre o que era embarcado, fossem cofos de farinha, cofos de banana, cofos de criações, pequenos e grandes animais. Quase nada passava sem as vistas dos coletores de impostos. Nos dias de embarque e desembarque era bastante intenso o movimento de pessoas por ali. Fossem os que viajavam, os que ali trabalhavam, e os que apenas buscavam estar no meio do vai e vem das pessoas. Não faltavam também os donos de bancas de jogo de caipira. Mas era uma alegria só. O povoado era tão movimentado que ganhou até um gerador de luz para garantir a permanência das pessoas que por ali transitavam e trabalhavam até o zarpar das lanchas.

Nos dias que não se tinha esse movimento proporcionado pelas lanchas, o povoado de Raposa mantinha um quotidiano normal. Moradores em suas tarefas diárias preparavam-se para o dia seguinte. O incremento maior do porto fora sem dúvida quando da construção da “barragem da Raposa”. Esta grandiosa obra - tanto pela extensão como na forma de como fora construída, realizada pelo então prefeito Luiz Figueiredo - permitiu um tráfego maior de veículos por mais tempo ao longo do ano.

A partir da abertura da Estrada da Beta, nome que fora dado inicialmente pela população para o ramal São João Batista – Bom Viver, que ligou a sede do município à MA -014, começaram ainda que com muitas dificuldades por conta das condições da estrada, os transportes de cargas e passageiros por via terrestre, fato este que atingiu frontalmente o cerne da economia gerada no Porto de Raposa por conta do transporte marítimo. Os primeiros ônibus a fazerem linha para São João Batista e até mesmo para outros municípios da Baixada foram os da Expresso Florêncio, que inúmeras vezes não completavam o trajeto da viagem.

Hoje, com poucas casas e sem aquele fervilhar de pessoas que faziam dali um marco da economia do município, o Porto da Raposa precisa se redescobrir com um outro propósito já que a rodovia nos leva até a capital São Luís, ou a terras além do estado.

Sempre defendi que o antigo e outrora próspero Porto da Raposa deveria absorver em tempos atuais outras finalidades. Ao que parece, por obra e graça do tempo e pela resistência de alguns poucos moradores que ali ainda residem, esta é uma realidade próxima das novas gerações. Por conta de sua aprazibilidade e beleza natural, o velho Porto de Raposa poderá ressurgir como um ponto de lazer rústico. Para tanto falta-lhe estrutura e muito precisa ser feito.

Com a palavra os homens dos poderes!

domingo, 3 de outubro de 2021

Academia Joanina, um marco na História do município

Por Marcondes Serra Ribeiro*


Confesso que me encontro deveras ansioso pela chegada do dia 29, quando será criada nossa Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais. É um sonho que se vai transformando em realidade, sonhado juntamente com outros sonhadores (desculpem-me a tautologia premente) – aquele desejo que se firmou permanentemente em cada um de nós, vivo e constante. Um sonho coletivo, e por isso mesmo bem mais forte, que nos une e motiva-nos para seguir em frente, otimistas, esperançosamente alegres, carregando uma certeza de que estamos construindo um marco em nossas vidas, na história de São João Batista!

Estamos bem otimistas, tentando disciplinar a empolgação, vislumbrando tudo pelo lado bom, concebendo a academia como um lugar de convivência real, amigável e elegantemente pacífica. Um ambiente ameno, onde nos dedicaremos esforçadamente ao usufruto daquilo que nos beneficiará e engrandecerá nossa alma, em forma de projetos contemplativos do crescimento de nossa terra, nas áreas afinadas com os propósitos institucionais – culturais e artísticos – que sejam dignos construtores, mantenedores, resgatadores da memória joanina. Somos conscientes que nossos propósitos não diferem das outras academias, quanto ao aspecto teórico, mas certamente que nosso ânimo fará a diferença no aspecto atitudinal , pois, graças a Deus, compomos um grupo com grandes expoentes, reunidos provavelmente pela saudade dos tempos de mais dedicação, gentileza e delicado amor ao próximo, apego à nossa eclética cultura, com o especial ufanismo que sempre caracterizou a ligação dos bons joaninos à sua querida terra – um sentimento que se mostra em semblante alegre e sincero, funda-se em argumentos extremamente firmes, expressa-se em termos de claro entendimento, pois provém da decisão vocacional em dar mais significância a nossas vidas, transforma-nos em plantadores das sementes dos sonhos mais prósperas , em solo abençoadamente fértil.

Não nos foge a certeza de que precisaremos ser fortes e corajosos para os embates contra as adversidades. Aqueles que se dedicam às artes, à cultura, tantas vezes são confundidos como articuladores apenas de projeção pessoal, mas isto, para nós, é mera consequência daquilo que é bem feito e torna-se agradavelmente digno de sucesso, por isso é que somos dedicados detalhistas, caprichosos artesãos de cada obra. Sabemos que remaremos contra a maré, enfrentaremos desafios terríveis e de toda ordem, mas bem determinados e decididos, seguiremos em frente, como temos seguido até aqui.

Não apenas homenagearemos, reconheceremos nossos valores, nossos expoentes artísticos, profissionais das mais variadas performances, mas também nos lançaremos às pesquisas que nos possibilitem o resgate de uma legião de esquecidos do passado e também do presente, pois muitos valores joaninos estão por aí, espalhados por esse imenso Brasil, desconhecidos de nossa gente, mas expressivos cidadãos de outras plagas, – personagens encantados pelo fenômeno da alma artística, pela dedicação e responsabilidade profissional concedente de grandes conquistas. Sentimo-nos, portanto, com a distinta obrigação de coloca-los em evidência, trazê-los zelosamente ao conhecimento e reconhecimento e proximidade de nossa gente, laureá-los condignamente!

Não poderia deixar de exaltar o especial apreço pela Língua Portuguesa, uma das inspiradoras razões que principiaram e justificam a existência da academia. Muitos de nós são poetas, escritores que se esmeram no trato com as palavras e deliciam-nos com obras requintadamente maviosas. A última flor do lácio inculta e bela, como referenciou Olavo Bilac, é o universo no qual esses confrades e confreiras movem a inspiração e pela qual se integram à comunidade lusófona, constituída de milhões de pessoas espalhadas pelos diferentes continentes, comunicando-se em português, cada povo a seu modo. Vale-nos lembrar o magistral Fernando Pessoa e seu dito: “a minha pátria é a língua portuguesa” e nós estaremos certamente muito inspirados por ele e assim cultuaremos a literatura e os livros e as produções literárias entre nossos conterrâneos.

Amigos, nossa academia está sendo criada com o orgulhoso referencial “a casa de Fran Figueiredo”. Ele foi escolhido para ser patrono da instituição, mas será também a casa de todos os demais patronos, a casa de todos os acadêmicos, mas, acima de tudo será uma realização que orgulhará nossa terra, firmar-se-á como o ambiente do diálogo entre a tradição e a contemporaneidade que esperançosamente dará bons resultados!


* Marcondes Serra Ribeiro é natural de São João Batista, Graduação Superior em Língua Portuguesa e Literaturas na instituição de ensino CESB, Trabalhou como Professor de Língua Portuguesa na empresa Área de educação, Trabalhou como Management na empresa Ministério da Saúde.


domingo, 19 de setembro de 2021

UM ANO SEM ELE

 Por Luiz Figueiredo

 

Meu irmão Fran foi um ser humano admirável! Inteligente, de posições firmes, generoso e de temperamento forte. Era o quinto filho de Concita e Chiquitinho, dos doze irmãos.

Seu nascimento foi uma festa. Era verão, campos secos e ventos fortes. As palmeiras na frente da nossa casa em São João Batista, balançavam fortemente, ao som do canto dos japis que ali faziam os seus ninhos.

Era 22 de outubro de 1948, e pela madrugada logo que mamãe sentiu as primeiras contrações meu pai mandou um dos seus auxiliares de confiança, em um bom cavalo apanhar a parteira Nhadu, que morava a muitos quilômetros, mas não tardou a chegar na garupa do possante animal. Não demorou muito já se ouvia o choro daquele bebê e que para alegria do pai era um menino.

Acordei ao ouvir o ronco de um avião teco-teco, era João José, aviador amigo de papai que se preparava para aterrissar na pista de pouso em frente a nossa casa. O movimento lá em casa já era grande, nascera mais um filho de Chiquitinho, que muito alegre atendia a todos e recepcionava os visitantes que acabavam de chegar.

Como criança acompanhava tudo, mas sem participação direta, apenas curtindo com os demais irmãos e outras crianças a alegria do momento. O interesse maior era pelo avião de João José, um avião marrom diferente dos outros que ali pousavam e que metia um certo medo também pelo seu barulho mais forte, assim, logo estávamos debaixo das asas daquela grande atração.

Em casa Jonoca já providenciara o reforçado lanche para todos, e aqueles que gostavam de um drinque já se aproximavam do alambique para um gole da cachaça, Inspiração, naquele dia fabricada por Breco, um dos trabalhadores de maior confiança e amigo de papai.

O dia avançava e o movimento festivo continuava do jeito bem característico daquela nossa casa. A verdade é que foi um dia abençoado!

Como era de costume, quarenta  galinhas já estavam separadas para alimentação de nossa mamãe, na quarentena. A famosa “galinha de parida”.

Encerradas as comemorações do dia, acendia-se o petromax, para as visitas da noite que não faltavam em todos os momentos, dentre eles Zequinha Saraiva, Marciano, Zé Pescada, João Sousa, Merval e outros, que conversavam sobre política até tarde, e Chiquitinho firme e alegre com a chegada do seu filho Fran.

Esse menino foi crescendo e sempre se destacando em tudo que fazia. Gosta de organizar festas, desfiles e brincadeiras com os jovens da época.

Fundou e construiu com os amigos Lifinha, Zico, Peroba, Bairon e Simão Pedro, o Clube dos Jovens.

Revelou-se um grande orador ao fazer um discurso na convenção para escolha do primeiro candidato a prefeito Merval Figueiredo.

Daí pra frente não parou mais, enfrentando as dificuldades naturais, até “bulling” por ser muito magro e alto, superou tudo.

Formou-se em Direito, exerceu o cargo de Diretor do Tribunal de Justiça até partir para Brasília, onde prestou concurso para o Senado, sendo ali respeitado pelos senhores senadores, e continuou lá até se aposentar. Foi também Conselheiro Federal da OAB onde destacou-se por pareceres firmes e grande oratória.

Só tenho a agradecer por tudo que fez pela nossa mãe; a dedicação, os cuidados, os passeios ao pôr do sol, os lugares frequentados, lanchonetes, restaurantes e tudo o que era possível para torna-la mais feliz, enfim é um filho exemplar

A reunião da Família Fraterna foi uma iniciativa bastante elogiada que nos deixou muito felizes. Numa demonstração de amizade e fraternidade reuniu todos os irmãos, cunhadas, cunhados, sobrinhos e amigos num ambiente de total descontração e harmonia. Sua generosidade foi o ponto forte do encontro, presenteou a todos e serviu um coquetel muito bem preparado sob a orientação da mana Elma. Uma reunião maravilhosa!

Meu irmão era uma pessoa integra, gostava das coisas certas, não aceitava injustiça.

A nossa amizade foi muito fortalecida ultimamente e estava sempre disposto a tê-lo ao meu lado como amigo e conselheiro.

Um ano de Saudades !!!

terça-feira, 27 de julho de 2021

A ACADEMIA JOANINA DE LETRAS, CIÊNCIAS E SABERES CULTURAIS

 Por Marcondes Serra Ribeiro

Faz certamente bem mais que dez anos, desde o dia em que eu e o nobre conterrâneo e amigo, Professor Batista Azevedo – mui respeitosamente, um grande profissional da área educacional, particular expoente e orgulho da terrinha - conversamos, muito empolgados, sobre a criação da Academia Joanina de Letras.

Na oportunidade, as considerações feitas primavam pelo propósito de reunir nossos intelectuais para tratarmos coletivamente, com cuidadoso carinho, sobre as questões contemplativas de nossa língua, com especial enfoque às produções literárias, incentivo à arte de escrever, apoio às manifestações culturais, e reconhecimento da qualidade valorativa de seus membros, o que aconteceria através de eventos, homenagens e premiações. Outra assertiva colocada em pronta evidência naquela oportunidade, e muito valiosamente fortalecedora do intento, foi a funcionalidade da “academia” como uma instituição voltada à preservação de nossa memória, zeladora do acervo reconhecidamente criativo dos cidadãos joaninos. 

Não nego que o compartilhamento da ideia criativa da academia seja contemplativa de minha vontade em ser um dos acadêmicos, com a necessária humildade que me caracteriza, sem o esplendor de “tornar-me imortal”, à exemplo daquilo que ocorre com a maioria dos membros das instituições congêneres. Embora seja uma vaidosa intenção, tenho consciência de que há necessidade de enquadramento aos critérios estatutários estabelecidos mediante as discussões em reuniões com os demais envolvidos, pessoas que, desde o primeiro momento, foram inclusas em uma listagem de convidados para apreciação da ideia, também seguindo os moldes das academias existentes. É claro que eu e o amigo Batista Azevedo tínhamos em mente a justa certeza de que não deveriam existir precedências privilegiáveis de algum membro. 


Na ocasião, ainda sabíamos muito pouco sobre o assunto, mas conhecíamos alguns importantes itens do estatuto da Academia Brasileira de Letras, como por exemploaquelequeestabeleceaoscandidatos àvaganainstituição, anecessidade de ser brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livros de valor literário. Esse detalhe levou-me a dedicação mais resolutiva da edição de meu primeiro livro, Revérbero Amarelo, que se fez realidade, embora com alguns pormenores pendentes quanto ao ISBN, pois a gráfica relaxou este importante detalhe, mas que está em trâmite, junto à Câmara Brasileira do Livro. Apressei-me na divulgação, pelas redes sociais, de alguns trabalhos que habitualmente faço com dedicada paixão: escrever e postar meus textos reflexivos, notas e poemas – retratos de mim em aproveitamento da inspiração que o dom instiga e o hábito constrói, mesclando as qualidades e defeitos de todos os artistas.

Depois de algumas investiduras, ao longo destes anos, juntamo-nos a outros expoentes joaninos e caminhamos, determinados e bem confiantes, para a elaboração do estatuto e criação da então nominada “Academia Joanina de Letras, Ciências e Saberes Culturais”.     Estão conosco, os respeitáveis futuros acadêmicos, perfis do mais puro ajuste aos preceitos institucionais: Manoel Martins, Edinete Alves, Gracilene Pinto, Flavio Braga, Sharlene Serra, Damasceno Júnior, Raimundo Cutrim, Evando Cutrim, Dilercy Adler, Gilberto Matos Aroucha, José Eulálio Figueiredo, Jersan Araújo, Raimundo Correia Cutrim, Ana Márcia Ferreira, entre outros profissionais que também labutam com as artes, ciências e os saberes culturais, componentes iniciais de um quadro que estará completo até o dia previsto para a fundação e que se seguirá preenchendo condignamente o número de cadeiras, na medida em que surgirem candidatos a atenderem os requisitos. 

Todos nós comungamos as ideias mais promissoras quanto à promoção da literatura, leitura, educação, defesa consciente do meio ambiente, dos patrimônios artístico, cultural, histórico, turístico, paisagístico de nosso município, além de nos mostramos desejosos de investir na manutenção de intercâmbios com as demais entidades nacionais, realização de seminários, cursos, encontros que congreguem expoentes das atividades culturais, proporcionem condições de produtividade e livre debates de ideias.

Até o momento, temos definidos alguns nomes para Patronos das Cadeiras Acadêmicas. Personalidades escolhidas para    serem inicialmente as homenageadas, por terem expressivo destaque e marcado verdadeiramente a história joanina: José Maria de Araujo, Francisco Figueiredo, Antônio Santos Jacinto, José Ribamar Dominici, Onezinda Castelo Branco, Fran Figueiredo, José Souza Martins, Iracema Ferreira de Araújo, Arthur Marques Figueiredo, Creusa Costa Araújo, Maria Creusa Santos Jacinto, Padre Domingos Tibúrcio, Padre Dante Alligiere Lasagna, Suvamyr Viverkananda Meireles, José Brígido da Silva Neto, entre outros.

Em reuniões conectadas, nós, os membros fundadores, conhecedores das limitações do nosso município quanto à militância puramente literária, resolvemos ampliar o leque de abrangência da academia, certos de estarmos investindo em uma expressiva referência no mundo cultural de nossa cidade, porque a academia simbolizará o assento da historicidade de nosso povo, preconizando um caminho venturoso para aqueles que se empenham nas artes, ciências e nos saberes e divulgação da cultura como grandes ideais de suas vidas!

A fundação e posse dos primeiros acadêmicos está prevista para o dia 29 de outubro – Dia Nacional do Livro, em sessão solene, com a honrosa presença das autoridades municipais e convidados, podendo se constituir, talvez, com o apoio de representantes do Poder Público e de empresários locais, um dos mais significativos eventos da nossa querida São João Batista!

Nós merecemos!

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Mais um Junho sem tambores...

 Por Marcondes Serra Ribeiro

 

Mês de junho começa com as tristezas acumuladas ao longo desse exasperante período de pandemia e entristece-nos bem mais, pois sabemos que as diversões desta época festiva, tão particularmente joanina, maranhense, e “baixadeira", não poderão acontecer mais uma vez. Continuamos medrosamente aquietados em necessário distanciamento físico. A pandemia do Covid-19 estende-se sobre 2021, sequenciando nossas preocupações, contenções, perdas doridas e transformações significativas da vida.

Os fogos e as fogueiras, os espaços arraialescos, largos decorados em multicores, as diversas e cativantes danças e folguedos, as manifestações folclóricas próprias da época - animadas, eufóricas, contagiantes - as típicas comidas regionais que atiçam a gula e a curiosidade gastronômica, embelezando, e enriquecendo a cultura brasileira, principalmente a nordestina, sobremaneira a maranhense, permanecerão aquietadas.

A fogueira pandêmica sabreca nosso mês festeiro - curtido pela maioria, especialmente pelos turistas que escolhem estas plagas buscando diversão e satisfação de curiosidades; silencia tambores, matracas, orquestras, sanfonas, pandeirões e as vozes de nossos típicos cantadores; aquieta as coreografias diversas das caprichadas e empolgantes danças; acomoda as panelas nos armários, tripés e prateleiras,  guarda os ingredientes e os temperos que resultariam em comidas deliciosas; eclipsa o brilho e a profusão das cores, paetês, miçangas, canutilhos, cetins, acetatos e chabu nos fogos de artifícios e bombinhas;  inibe a criatividade, a alegria de um povo que espera junho com toda disposição em ser feliz! Frustra nossa cultura em sua pujança mais admirável, deixa-nos esperançando o festivo retorno, sem data, forçosamente “sine die”, até que esse maldito vírus seja definitivamente vencido, pelos poderes de Deus Pai!

Toda esfuziante alegria hibernará em lamentoso sufoco, à espera do ano vindouro, para acontecer com diversão dobrada, descontando a quietude forçada desde o ano passado. Amante de junho, meu mês preferido, lamentoso, eu me pergunto: até onde se estenderá os malefícios do COVID-19? Faço uma prece aos santos juninos e peço-lhes que redobrem as forças celestiais contra essa amaldiçoada e calamitosa pandemia!