Por Luiz Figueiredo
Meu irmão Fran foi um ser humano admirável! Inteligente, de posições firmes, generoso e de temperamento forte. Era o quinto filho de Concita e Chiquitinho, dos doze irmãos.
Seu nascimento foi uma festa. Era
verão, campos secos e ventos fortes. As palmeiras na frente da nossa casa em
São João Batista, balançavam fortemente, ao som do canto dos japis que ali
faziam os seus ninhos.
Era 22 de outubro de 1948, e pela
madrugada logo que mamãe sentiu as primeiras contrações meu pai mandou um dos
seus auxiliares de confiança, em um bom cavalo apanhar a parteira Nhadu, que
morava a muitos quilômetros, mas não tardou a chegar na garupa do possante
animal. Não demorou muito já se ouvia o choro daquele bebê e que para alegria
do pai era um menino.
Acordei ao ouvir o ronco de um
avião teco-teco, era João José, aviador amigo de papai que se preparava para
aterrissar na pista de pouso em frente a nossa casa. O movimento lá em casa já
era grande, nascera mais um filho de Chiquitinho, que muito alegre atendia a
todos e recepcionava os visitantes que acabavam de chegar.
Como criança acompanhava tudo,
mas sem participação direta, apenas curtindo com os demais irmãos e outras
crianças a alegria do momento. O interesse maior era pelo avião de João José,
um avião marrom diferente dos outros que ali pousavam e que metia um certo medo
também pelo seu barulho mais forte, assim, logo estávamos debaixo das asas
daquela grande atração.
Em casa Jonoca já providenciara o
reforçado lanche para todos, e aqueles que gostavam de um drinque já se
aproximavam do alambique para um gole da cachaça, Inspiração, naquele dia
fabricada por Breco, um dos trabalhadores de maior confiança e amigo de papai.
O dia avançava e o movimento
festivo continuava do jeito bem característico daquela nossa casa. A verdade é
que foi um dia abençoado!
Como era de costume, quarenta galinhas já estavam separadas para alimentação
de nossa mamãe, na quarentena. A famosa “galinha de parida”.
Encerradas as comemorações do
dia, acendia-se o petromax, para as visitas da noite que não faltavam em todos
os momentos, dentre eles Zequinha Saraiva, Marciano, Zé Pescada, João Sousa,
Merval e outros, que conversavam sobre política até tarde, e Chiquitinho firme
e alegre com a chegada do seu filho Fran.
Esse menino foi crescendo e
sempre se destacando em tudo que fazia. Gosta de organizar festas, desfiles e
brincadeiras com os jovens da época.
Fundou e construiu com os amigos
Lifinha, Zico, Peroba, Bairon e Simão Pedro, o Clube dos Jovens.
Revelou-se um grande orador ao
fazer um discurso na convenção para escolha do primeiro candidato a prefeito
Merval Figueiredo.
Daí pra frente não parou mais,
enfrentando as dificuldades naturais, até “bulling” por ser muito magro e alto,
superou tudo.
Formou-se em Direito, exerceu o
cargo de Diretor do Tribunal de Justiça até partir para Brasília, onde prestou
concurso para o Senado, sendo ali respeitado pelos senhores senadores, e continuou
lá até se aposentar. Foi também Conselheiro Federal da OAB onde destacou-se por
pareceres firmes e grande oratória.
Só tenho a agradecer por tudo que
fez pela nossa mãe; a dedicação, os cuidados, os passeios ao pôr do sol, os
lugares frequentados, lanchonetes, restaurantes e tudo o que era possível para
torna-la mais feliz, enfim é um filho exemplar
A reunião da Família Fraterna foi
uma iniciativa bastante elogiada que nos deixou muito felizes. Numa
demonstração de amizade e fraternidade reuniu todos os irmãos, cunhadas,
cunhados, sobrinhos e amigos num ambiente de total descontração e harmonia. Sua
generosidade foi o ponto forte do encontro, presenteou a todos e serviu um
coquetel muito bem preparado sob a orientação da mana Elma. Uma reunião
maravilhosa!
Meu irmão era uma pessoa integra,
gostava das coisas certas, não aceitava injustiça.
A nossa amizade foi muito
fortalecida ultimamente e estava sempre disposto a tê-lo ao meu lado como amigo
e conselheiro.
Um ano de Saudades !!!
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