sexta-feira, 4 de junho de 2021

Mais um Junho sem tambores...

 Por Marcondes Serra Ribeiro

 

Mês de junho começa com as tristezas acumuladas ao longo desse exasperante período de pandemia e entristece-nos bem mais, pois sabemos que as diversões desta época festiva, tão particularmente joanina, maranhense, e “baixadeira", não poderão acontecer mais uma vez. Continuamos medrosamente aquietados em necessário distanciamento físico. A pandemia do Covid-19 estende-se sobre 2021, sequenciando nossas preocupações, contenções, perdas doridas e transformações significativas da vida.

Os fogos e as fogueiras, os espaços arraialescos, largos decorados em multicores, as diversas e cativantes danças e folguedos, as manifestações folclóricas próprias da época - animadas, eufóricas, contagiantes - as típicas comidas regionais que atiçam a gula e a curiosidade gastronômica, embelezando, e enriquecendo a cultura brasileira, principalmente a nordestina, sobremaneira a maranhense, permanecerão aquietadas.

A fogueira pandêmica sabreca nosso mês festeiro - curtido pela maioria, especialmente pelos turistas que escolhem estas plagas buscando diversão e satisfação de curiosidades; silencia tambores, matracas, orquestras, sanfonas, pandeirões e as vozes de nossos típicos cantadores; aquieta as coreografias diversas das caprichadas e empolgantes danças; acomoda as panelas nos armários, tripés e prateleiras,  guarda os ingredientes e os temperos que resultariam em comidas deliciosas; eclipsa o brilho e a profusão das cores, paetês, miçangas, canutilhos, cetins, acetatos e chabu nos fogos de artifícios e bombinhas;  inibe a criatividade, a alegria de um povo que espera junho com toda disposição em ser feliz! Frustra nossa cultura em sua pujança mais admirável, deixa-nos esperançando o festivo retorno, sem data, forçosamente “sine die”, até que esse maldito vírus seja definitivamente vencido, pelos poderes de Deus Pai!

Toda esfuziante alegria hibernará em lamentoso sufoco, à espera do ano vindouro, para acontecer com diversão dobrada, descontando a quietude forçada desde o ano passado. Amante de junho, meu mês preferido, lamentoso, eu me pergunto: até onde se estenderá os malefícios do COVID-19? Faço uma prece aos santos juninos e peço-lhes que redobrem as forças celestiais contra essa amaldiçoada e calamitosa pandemia!

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