Por Marcondes Serra Ribeiro
“O essencial é invisível aos
olhos – só se vê bem com o coração”. Discutir essa verdade seria tropeçar e
desabar inteiro aos olhos dos românticos sentimentais que se entregam crédulos
aos abstratos e imagináveis prazeres benfazejos das belezas, amores e paixões,
sonhos e ilusões!
Mas também é inegável a
importância daquilo que se vê concretamente; não se pode subestimar a
imensurável importância dos olhos à vida, também por ser uma das portas do
coração, quiçá a mais importante delas, por onde adentram as imagens que nos
emocionam e, mesmo à distância, atiçam-nos os desejos mais rapidamente. O que
seria da beleza sem nosso testemunho visual!?
Não podemos menosprezar as máximas tão evidentes e categoricamente afirmadas: “O que os olhos não veem, o coração não sente”; “O que não é visto, não é desejado”! Vivemos tempos de conquistas fáceis e instigadas pelo modismo da promiscuidade, que resultam em vulgarização do amor. Pobre de nós, românticos incorrigíveis!
Em outras épocas, existia um
certo refreamento nas atitudes, zelo pelo recato, maior respeito pela moral
vigente, sem a exposição descarada, acintosa e provocante dos belos e
excitantes e convidativos atributos corporais, que alguns nem possuem, mas
apelam às próteses, ou expõem, mesmo ridiculamente, seus “quase nada”. Hoje, o
exibicionismo é dominante em quase tudo!
Resta-nos o conformismo da
necessidade de justificar nossos desencantos, desamores, traições e outros
aproveitamentos e usufrutos das situações de distância, ausência, desrespeito
ao compromisso conosco, praticados pelos infiéis parceiros - sem que
comprometamos nossa autoestima. Para não nos sentirmos em situação de
inferioridade, magoados pelas traições, é melhor que admitamos o conhecimento
da realidade, o que não justifica incursão de ninguém, muito menos de quem se
ama, nessas situações de vulgaridade e “fáceis amores”!
Volto à importância de ter-se aos
olhos a pessoa amada, mesmo que eventualmente limitados por algumas
circunstâncias, porque, até àqueles que têm domínios dos impulsos, a presença
do ser amado alimenta o amor, nutre a paixão, é lenha na fogueira ou pode ser
motivo de saturação e consumo rápido de um relacionamento, pelas contenções ou
chegadas cansadas e frustrações de intento de quem espera, mas quando acontece,
ajustada às expectativas de determinadas finalidades, é prazerosa, leniente ou
resolutiva das saudades. Ah! sim, isto realmente é!
Concluo que tudo é uma questão de
coerência e respeito aos “limites”, simples assim!
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