Por Daniel Trevisan
O
colunista de TV Tony Goes comparou Jair Bolsonaro a Paula von Sperling, a vilã
que venceu o Big Brother Brasil. Em artigo publicado na Folha, ele
afirmou:
“É impossível não comparar o resultado do BBB 19
com o da última eleição presidencial. A mão do destino interveio nos dois
casos, prejudicando o favorito só para lhe garantir a vitória final. E o Brasil
saiu ainda mais dividido do que entrou”, disse.
No caso de Bolsonaro, foi a facada que possibilitou
a ele o atestado médico para fugir dos debates sem precisar dizer que estava
com medo. Já Paula foi beneficiada pelos efeitos de uma bebedeira. Sua amiga,
Hari, que teria chance de vencê-la, se descontrolou e a empurrou.
A vilã caiu, e seus seguidores, paulaminions,
fizeram campanha na rede social pela eliminação da candidata que poderia lhe
tirar a vitória. Aconteceu.
Paula levou um bom dinheiro — 1,5 milhão de reais —
e conseguiu defensores fanáticos, que são, como ela, preconceituosos e
racistas.
Mas, fora do programa, a vida de Paula não será tão
fácil como a de outros vencedores do BBB. Que marca associaria sua imagem à da
mulher que despreza negros e ataca a religião de matriz africana?
Assim como Bolsonaro, Paula terá algum problema com
a Justiça e se tornou aquela pessoa que desfaz uma roda ou que, ao entrar em um
elevador, todos saem.
Na festa de encerramento do programa, seis
participantes se recusaram a permanecer no local quando ela chegou. Saíram e
foram comemorar em outro lugar.
Não parece a reação da comunidade acadêmica de Nova
York ao anúncio de que Bolsonaro será homenageado em um dos templos da cultura
e da ciência, o Museu de História Natural?
Paula poderá ficar em casa contando o dinheiro que
ganhou, mas jamais será admirada. Terá seguidores, raivosos, mas não
admiradores. O que, para ela, talvez pouco importe. No mundo em que vive, o
umbigo é o ponto mais longe que consegue enxergar. Talvez lhe sobre a chance de
se filiar ao PSL e se candidatar a algum cargo.
Poderia compor um trio no parlamento com Joice
Hasselmann e o delegado Valdir. Ou assumir uma cadeira no senado, para
conversar com a senadora Soraya Thronicke sobre o aquecimento global ou as
questões indígenas.
Paula é o reflexo de um tempo em que os imbecis
foram empoderados.
Como o Brasil, o programa de televisão precisa
mudar.
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