Por Flávio Braga
O Maranhão, em geral,
e a Baixada Maranhense, em particular, têm experimentado uma precipitação
pluviométrica sem precedentes nas últimas décadas. O volume das fortes chuvas
acarreta o aumento dos níveis dos rios e lagos, provocando enchentes e
inundações nas comunidades ribeirinhas. O rosário de lagos da Baixada
transborda, se interliga e se converte em uma vasta extensão de água doce.
Na estação chuvosa anual, a Baixada se transforma em uma imponente
planície alagada, que adorna o majestoso Pantanal Maranhense. Em 2019, esse
fenômeno tem atingido proporções hiperbólicas.
Para surpresa de ninguém, uma situação insólita se avizinha. Daqui a
alguns meses, essa mesma Baixada estará agonizando com o martírio da estiagem,
desnudando um paradoxo sinistro, que mutila as regras da lógica e as leis da
razão. A falta de água já se tornou uma calamidade pública anual, que submete
as comunidades baixadeiras às mesmas privações e ao mesmo suplício durante o
período crítico do verão maranhense.
Esse quadro de penúria é uma tragédia previsível e anunciada, mas incapaz
de sensibilizar as autoridades que têm o poder de minimizar tamanho sofrimento,
as quais fazem ouvido mouco para o grito de socorro ecoado da voz dos
baixadeiros.
Causa assombro lembrar que entre os meses de abril e agosto de cada ano a
Baixada fica envolta num verdadeiro mar de água doce. Entretanto, na época do
abaixamento (entre julho e setembro), essa exuberância de água escoa para o mar
e os campos da Baixada se transformam numa paisagem árida, imprópria para
qualquer atividade produtiva, como consequência direta da omissão, descaso e
negligência do Poder Público.
Conforme já enfatizamos repetidas vezes, as soluções para melhorar as
condições de vida do povo que habita a Baixada são baratas, simples e de fácil
resolução. Só depende da vontade política dos nossos governantes.
Quem conhece de perto a realidade da Baixada tem a noção exata do quanto
são singelas as intervenções necessárias para represar a abundância de água das
chuvas e salvar a Baixada do drama da escassez de água anual: açudes e
barragens para conter a fuga da água doce dos campos e lagos da Baixada para a
Baía de São Marcos. Simples assim.
Com efeito, a retenção da água doce nos campos da Baixada representa a
maior riqueza para as atividades de pesca de subsistência, pecuária,
piscicultura, agricultura familiar e pequenas criações, como galinhas, patos,
porcos, caprinos e ovinos.
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