Por Nélio Júnior*
Nos
tempos antigos, a vida era bem monótona, principalmente nas cortes. Foi então
que, nos palácios dos reis, surgiu o Bobo da Corte. Era um humorista que fazia
os nobres se divertirem, contando histórias e fazendo graças. Na vida moderna –
e mais precisamente em nossa cidade de Viana (MA) – essa caricata figura se
mostra cada vez mais presente.
Durante os dias de momo, os “bobos da corte” multiplicaram-se.
Para além de um pequeno (e cada vez menor) séquito palaciano, o prefeito
Magrado Barros (o macho véio) se viu regozijado pela
plateia de milhares de foliões que se refestelaram ao som das famosas e cara
bandas baianas, ao custo de milhares de reais públicos. Assim, durante os 6
dias (sim, em Viana são 6 dias de Carnaval, ao invés dos quatro tradicionais),
tanto o rei quanto a corte suspenderam os inúmeros problemas que a terrinha de
Conceição do Maracu possui e fizeram plateia.
Assolada
pela falta de infraestrutura como ruas intrafegáveis, vicinais intransitáveis,
bairros que nada perdem para cidades bombardeadas, além de carências na saúde e
o ano letivo ainda não ter iniciado por falta de professores e condições
adequadas nas escolas, o “rei” decide bancar o “maior carnaval do Maranhão”,
segundo ele mesmo, levando a cortina de fumaça para estancar seu cada vez mais
crescente desgaste frente aos mais de 14 mil eleitores que o escolheram para
“resolver a parada” – seu principal mote de campanha.
O macho velho deveria ficar alerta. A história
também fala que os bobos da corte não eram nada bobos.
Tudo indica que eram os melhores comediantes da sua época, a Idade Média. Ao
contrário do que muita gente pensa, esses plebeus pagos para entreter a nobreza
e a realeza não eram loucos, nem faziam parte do time de vítimas de deformidades
físicas, como corcundas e anões, que muitas cortes eram adotados como circo
particular. Eles possuíam várias habilidades: versejavam, faziam malabarismos e
mímica. Eram, principalmente, gente com talento, sabedoria e sensibilidade.
Assim o vianense é.
Portanto,
após a ressaca do carnaval essa corte e seus bobos, representado pela claque
política que balança ao sabor do vento e que sempre está ao lado do poder,
começarão a sentir a pressão das ruas e do povo, este já acordado e sem a
anestesia do festejo popular. O dia a dia começa a bater forte no peito dos
quase 60 mil habitantes que começarão novamente a indignar-se com suas latas
d’água na cabeça, fila na madrugada para conseguir senhas de consulta e lembrar
que seus filhos estão fadados ao fracasso pois sequer cumprirão o ano letivo de
2019.
Que
comece 2019!
*Nélio
Barros Júnior é historiador, acadêmico de
Direito e especialista em Docência do Ensino Superior.
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