Por Jorge
Oliveira (*)
Jorge Oliveira |
Aposta-se aqui, na
imensidão da costa do Mar Egeu, na Grécia, quem é o mais pirado desse governo:
o capitão, fã do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, que tenta controlar
seus súditos desmiolados, ou especificamente três figuras, acopladas ao poder,
que vêm se apresentando ao país como toscas, exóticas, esquizofrênicas,
bizarras e hilariantes: Damares, ministra dos Direitos Humanos, Vélez, o
colombiano da educação, e o Ernesto, que cuida do Brasil lá fora. Desde que
assumiram o poder, os três não param de fazer loucuras como estivessem no
recreio em um pátio de hospício.
Agora, dois deles tentaram instituir a deduragem no país. Estimulam uma
geração a desde cedo conviver com a delação, prática nociva e ainda tão viva do
regime militar. Querem que os alunos se perfilem diante da bandeira nacional e
cantem o hino nacional. Acreditam que isso vai educá-los melhor, melhorar o
ensino e dar-lhes cidadanias na falta de melhores escolas, mais professores e
mais investimentos na educação. Os que se negarem a cantar terão suas imagens
enviadas para o Ministério da Educação, como se ali fosse o DIP, a polícia
fascista do Getúlio controlada por Filinto Muller.
A punição à meninada antipatriota, comunista, rebelde e desafiadora
ainda não foi estabelecida, mas pelo que parece Vélez deve consultar o seu guru
Olavo de Carvalho, nos Estados Unidos, responsável por sua indicação, para
estudar caso a caso enquanto a educação, no caos, pede socorro.
Vélez, o nosso educador, foi mais longe numa tentativa servil de
bajular o capitão. Enviou uma carta, escrita por ele mesmo, isso mesmo, do
próprio punho, para toda rede escolar para que os alunos, perfilados,
gritassem, como faziam os adoradores do nazi-fascismo, o slogan de campanha do
governo: “Deus acima de tudo, Brasil acima de todos”. A proposta é tão
esdrúxula, tão idiota que assustou até o vice-presidente, o general Hamilton
Mourão. “É contra a legislação. Você não pode colocar uma mensagem que não é de
propaganda governamental a algo que seja ligado à propaganda”, disse ele,
condenando a iniciativa de Vélez. A reação em cadeia de todos os setores
educacionais e da cúpula do governo, logo teve o efeito esperado. Vélez desistiu
da ideia do slogan até mesmo porque fere a legislação. Dois dias depois do
anúncio, desistiu também de filmar os alunos nas escolas, uma decisão sensata
que só aconteceu por causa da repercussão negativa do seu ato. O engraçado é
que os bolsonaristas estão muito inquietos. Em um dia louvam o governo por
algumas atitudes que consideram corretas, no outro frustram-se com os pedidos
de desculpas.
Lá do outro lado do Atlântico, onde estava numa audiência da ONU,
Damares, a ministra biruta, apoiou a ideia de Vélez. Disse tanta besteira,
jogou tanta conversa fora para se solidarizar com o colega que, francamente,
não gostaria de registrar nesse artigo para não deseducar os brasileiros. É
coisa para divã. Mas, infelizmente, quem poderia ajuda-la, a psiquiatra Nise da
Silveira, já morreu. Por certo, do seu túmulo mandaria também um recado para
que o governo não volte com o eletrochoque nos hospitais, como já anunciou. “Se
fizer isso, por favor, comece pelos seus ministros”, diria ela do além-túmulo.
Este governo deveria estar preocupado em resolver os problemas cruciais
do país, em coisas mais relevantes do que os factoides dos seus ministros que
atraem a atenção para um país folclórico, cheio de alegorias ensandecidas. A
professora Eliane da Costa Bruini, colaboradora do site Brasil Escola, chama a
atenção para os problemas educacionais do país. Segundo ela, “o Brasil ocupa o
53º lugar em educação, entre 65 países avaliados.
Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de
crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil ainda estão fora da escola (IBGE). O
analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no
ano de 2009; 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não
conseguem ler; 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram
nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita. Professores
recebem menos que o piso salarial”.
Ora, eis aí um problema que Vélez deveria se preocupar em vez de
perfilar alunos para cantar o Hino Nacional como se isso fosse resolver os
problemas na educação. Chamar-se-ia isso de “desocupação educacional”. Trata-se
de um cara vazio de propostas que tenta cobrir a sua ignorância sobre o país
que optou para viver com sandices e bajulações extremas para agradar o chefe. É
mais reacionário do que o próprio que o alojou lá dentro do Ministério da
Educação.
Esses factoides parecem uma coisa orquestrada, pois tiram da mídia o
foco das notícias desagradáveis contra o capitão e seus familiares. Inclusive
aquelas que botam no colo do Flávio, o Zero Um, a milícia do Rio de Janeiro,
que tinha Queiroz como seu principal artífice na extorsão dos salários dos
servidores do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio
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