domingo, 22 de dezembro de 2013

Em nome da Baixada Maranhense (Parte II)

Campos da Baixada
Sou baixadeiro, sim sinhô! Este bem que poderia ser um grito de guerra. Mas soa antes como um grito de paz, de satisfação, de alegria, de prazer, de orgulho. Orgulho de ser baixadeiro, de ter nascido na baixada maranhense. Uma região naturalmente rica, mas potencialmente pobre. Mas que tem no espírito do seu povo, a gentileza e a hospitalidade como marcas registradas.

Com características naturais extraordinárias e diferentes ecossistemas, a Baixada Maranhense foi transformada, em junho de 1991, em APA (Área de proteção ambiental), com uma área de 7 mil km2 na região continental à oeste-sudeste da Baía de São Marcos, incluindo a Ilha dos Caranguejos. Mas nem isto parece chamar a atenção dos governantes para a região.

E não foi por falta de vozes que de diversificadas tribunas, um dia clamaram e clamam pelo torrão baixadeiro. As terras baixas da baixada produziram e ainda produzem raras inteligências que chegaram aos mais altos postos da vida pública. Na magistratura e na política tem-se uma grande plêiade de homens e mulheres que dignificam suas origens. O jornal, o rádio e a televisão sempre abrigou os dignos talentos advindos dos mais variados municípios da baixada. A docência sempre teve e continua tendo mentes lúcidas e orgulhosas a nunca negarem seu berço e a sempre propagar o lugar onde nasceram.

Mas ainda assim, somos vítimas do acaso das políticas públicas de desenvolvimento. Ainda fazemos a roça do toco. Somos uma região onde a economia gira em torno dos benefícios previdenciários dos velhinhos, dos programas de distribuição de renda do governo federal, e dos empregos públicos municipais de baixos salários. Lamentavelmente.

Os gritos em favor e pela baixada vem há muito ecoando pelo parlamento estadual. Os muitos municípios da região já produziram inúmeros parlamentares, que de uma forma ou de outra, pediram aos ouvidos do governo, em nome dos seus munícipes.

Lembro-me, ainda que levemente, da atuação orgulhosa e vibrante dos conterrâneos (de São João Batista) Chiquitinho Figueiredo e Jose Dominici, ambos deputados estaduais nos idos finais da década de 60 e começo de 70. Pela baixada também pediram, com certeza, os vianenses Djalma Campos, Valber Duailibe e Chico Gomes; os sãobentoenses Isaac Dias e Dr. Ibrahim Almeida; o matinhense Edimar Cutrim; os pinheirense José Paiva, Maneco Paiva, Dedeco Mendes, José Genésio, Filuca Mendes e Vítor Mendes.

Das entrâncias do Mearim em terras da baixada, vem do Arari, a voz de Manoel Ribeiro. De Cajapió também sobressai o clamor de Marcelo Tavares. E da sempre provedora terra de parlamentares – São João Batista – ouviu-se ontem a voz pujante de um João Evangelista, enquanto hoje ouve-se os ecos de um Raimundo Cutrim e Jota Pinto. Das terras de Santa Helena também ouviu-se o parlar de Jorge Pavão pelos baixadeiros.

Da antes Baixada também, hoje Litoral Ocidental, não se pode negar a voz dos filhos de Cururupu, José Amado e Alberto Franco. E dos eloquentes Celso Coutinho e Gastão Vieira, de terras vimarenses.

E olha, meus nobres, que cá pra nós, a benfazeja Baixada já produziu governadores e até Presidente da República.

Sei que todos, com suas particulares eloquências, um dia pediram desenvolvimento para a baixada, só que o governo não os quis ouvir ainda.


Mas a baixada continua ali. Um impávido colosso de exuberâncias e prodigiosas inteligências a dizer: Sou baixadeiro, sinhô!

(Artigo publicado no Jornal Pequeno, edição de 22 de dezembro de 2013)

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