Campos da Baixada |
Sou baixadeiro, sim sinhô! Este
bem que poderia ser um grito de guerra. Mas soa antes como um grito de paz, de
satisfação, de alegria, de prazer, de orgulho. Orgulho de ser baixadeiro, de
ter nascido na baixada maranhense. Uma região naturalmente rica, mas
potencialmente pobre. Mas que tem no espírito do seu povo, a gentileza e a hospitalidade
como marcas registradas.
Com
características naturais extraordinárias e diferentes ecossistemas, a Baixada
Maranhense foi transformada, em junho de 1991, em APA (Área de proteção
ambiental), com uma área de 7 mil km2 na região continental à oeste-sudeste da
Baía de São Marcos, incluindo a Ilha dos Caranguejos. Mas nem isto parece
chamar a atenção dos governantes para a região.
E não foi por falta de vozes
que de diversificadas tribunas, um dia clamaram e clamam pelo torrão
baixadeiro. As terras baixas da baixada produziram e ainda produzem raras
inteligências que chegaram aos mais altos postos da vida pública. Na
magistratura e na política tem-se uma grande plêiade de homens e mulheres que
dignificam suas origens. O jornal, o rádio e a televisão sempre abrigou os
dignos talentos advindos dos mais variados municípios da baixada. A docência
sempre teve e continua tendo mentes lúcidas e orgulhosas a nunca negarem seu
berço e a sempre propagar o lugar onde nasceram.
Mas ainda assim, somos vítimas
do acaso das políticas públicas de desenvolvimento. Ainda fazemos a roça do
toco. Somos uma região onde a economia gira em torno dos benefícios
previdenciários dos velhinhos, dos programas de distribuição de renda do
governo federal, e dos empregos públicos municipais de baixos salários.
Lamentavelmente.
Os gritos em favor e pela
baixada vem há muito ecoando pelo parlamento estadual. Os muitos municípios da
região já produziram inúmeros parlamentares, que de uma forma ou de outra,
pediram aos ouvidos do governo, em nome dos seus munícipes.
Lembro-me, ainda que levemente,
da atuação orgulhosa e vibrante dos conterrâneos (de São João Batista) Chiquitinho
Figueiredo e Jose Dominici, ambos deputados estaduais nos idos finais da década
de 60 e começo de 70. Pela baixada também pediram, com certeza, os vianenses
Djalma Campos, Valber Duailibe e Chico Gomes; os sãobentoenses Isaac Dias e Dr.
Ibrahim Almeida; o matinhense Edimar Cutrim; os pinheirense José Paiva, Maneco
Paiva, Dedeco Mendes, José Genésio, Filuca Mendes e Vítor Mendes.
Das entrâncias do Mearim em
terras da baixada, vem do Arari, a voz de Manoel Ribeiro. De Cajapió também
sobressai o clamor de Marcelo Tavares. E da sempre provedora terra de
parlamentares – São João Batista – ouviu-se ontem a voz pujante de um João
Evangelista, enquanto hoje ouve-se os ecos de um Raimundo Cutrim e Jota Pinto.
Das terras de Santa Helena também ouviu-se o parlar de Jorge Pavão pelos
baixadeiros.
Da antes Baixada também, hoje
Litoral Ocidental, não se pode negar a voz dos filhos de Cururupu, José Amado e
Alberto Franco. E dos eloquentes Celso Coutinho e Gastão Vieira, de terras
vimarenses.
E olha, meus nobres, que cá pra
nós, a benfazeja Baixada já produziu governadores e até Presidente da
República.
Sei que todos, com suas
particulares eloquências, um dia pediram desenvolvimento para a baixada, só que
o governo não os quis ouvir ainda.
Mas a baixada continua ali. Um
impávido colosso de exuberâncias e prodigiosas inteligências a dizer: Sou
baixadeiro, sinhô!
(Artigo publicado no Jornal Pequeno, edição de 22 de dezembro de 2013)
(Artigo publicado no Jornal Pequeno, edição de 22 de dezembro de 2013)
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