Aécio Neves (PSDB)
diz a seus pares estar ciente da dificuldade que seria emplacar um projeto
desses no Congresso. Sabe o potencial de influência dos governadores, por
exemplo, que têm planos de se manter o maior tempo possível no poder e do
próprio governo Dilma Rousseff (PT), que provavelmente exigiria postura
contrária de sua bancada ao plano. Mas o mineiro tem seus motivos para entrar
nessa batalha e acha que a proposta lhe dá cacife para campanha de 2014.
A seu favor, lembra que não é a primeira vez que defende o fim da reeleição e a
mudança do tempo de mandato presidencial. Em 2007, deu entrevistas a favor
dessa alteração, mas não tinha ainda força política para influenciar na
condução desse processo. Na ocasião, não tinha a clareza que tem hoje sobre as
chances de disputar a Presidência por seu partido. Seis anos depois, candidato
do PSDB à sucessão presidencial e virtual comandante do partido - será eleito
presidente nacional da legenda no dia 19 de maio - sente-se com o espaço
necessário para liderar o movimento no PSDB e no Parlamento.
Desapego do cargo
Assim como a ex-ministra Marina Silva (sem partido), em segundo lugar nas
últimas pesquisas de intenção de voto, o PSDB de Aécio Neves e Fernando Henrique
Cardoso identificou uma insatisfação do eleitorado com o perfil do político
disposto a se manter no cargo a qualquer custo. Defender essa ideia
publicamente passa a ideia do desapego, já que a regra se aplicaria a ele
próprio. Ironia histórica é que revoga o modelo implantado
pelo líder mais carismático de seu partido, e entusiasta de sua candidatura, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que aprovou emenda para viabilizar sua
reeleição em 1997.
O senador e pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves está
elaborando um projeto para propor no Senado que vai polemizar e alterar o atual
cenário político: ele quer extinguir a possibilidade de reeleição presidencial,
de governadores e prefeitos e ampliar de quatro para cinco anos os mandatos de
todos os novos eleitos, aplicando, desde já, a regra que poderia afetar a si
mesmo caso eleito.
Sua ideia é que, uma vez aprovada, a regra passe a valer já para os vencedores
do pleito de 2014, impondo ajustes aos mandatos atuais de senadores e
deputados, ampliando-os para forçar a coincidência nas eleições seguintes e
fixando-os nos mesmos cinco anos estabelecidos para Presidente da República.
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