quarta-feira, 20 de julho de 2011

São João Batista, uma cidade sem memória.

Por incrível que pareça a cidade de São João Batista não guarda e não preserva a sua história. É uma cidade sem memória. Refiro-me à cidade como ente federativo, como instituição do Estado, como município. Esta responsabilidade foi e continua sendo uma das primordiais dos administradores que já passaram pela administração municipal ou que haverão de passar. Partilham também desta mesma responsabilidade os chefes dos poderes legislativo e judiciário no âmbito do município.
Esta constatação é pluralmente defendida por tantos outros joaninos. E não é difícil chegar a esta unanimidade.
Senão vejamos. Caso queiramos buscar informações em documentos oficiais acerca da história do município, seus prédios públicos, suas instituições, seus gestores, suas leis, não os encontraremos tão facilmente, talvez pela não mais existência de tais documentos; assim como a constituição das primeiras Câmaras legislativas e os anais legislativos, nada se encontrará. Por incrível que pareça! É  exatamente nestas casas, a do poder executivo e a do poder legislativo, onde mais se faz necessária a memória apurada da história municipal. Mas é também nestas casas onde faltam setores específicos de arquivamento, preservação e guarda de documentos públicos oficiais os quais passam para a história e guardam a memória municipal.
Diante de tal descaso, as futuras gerações estarão condenadas a não saber a nossa verdadeira história. Isto deve ser responsabilidade dos administradores.
Sugere-se para que o mal não seja tamanho e para que possamos honrar esta terra como terra de homens inteligentes, que seja criado o Arquivo Público Municipal, onde possam ser guardados todos os documentos oficiais de interesse público, devidamente digitalizados ou memorizados nas modernas mídias. Para tanto, sugere-se também a criação de cargos de Arquivistas tanto no âmbito da Câmara Municipal como da Prefeitura a fim de que o funcionário ou os funcionários (efetivos e/ou  concursados) e com conhecimento específico para a função, possam responsabilizar-se pela guarda e preservação da memória municipal.
Ainda temos ou sabemos um pouco de nossa história graças à oralidade de algumas poucas pessoas que lúcidas, apesar da idade, ainda contam os fatos da nossa história. Isto também porque o município de São João Batista é relativamente novo. O passado ainda são lembranças quase-vivas.
Sabe-se um pouco também por alguns poucos registros escritos. Aqui, destacam-se uma espécie de monografia municipal, ainda que incipiente, escrita na época da gestão de Chiquitinho Figueiredo e, mais recentemente, o livro São João Batista: suas lutas, conquistas e vitórias, de autoria de Luiz Figueiredo, ex-prefeito e filho do também ex-prefeito Chiquitinho. O livro de Luiz além de resgatar muitas das informações registradas na então monografia, acrescentou aspectos históricos da formação do município, algumas peculiaridades do falar de nossa gente, nomes característicos, além de outras informações. Faltou, no entanto, o cerne da pesquisa histórica. Talvez não fosse esta a intenção do autor do livro. Mesmo assim valeu a pena, afinal com o seu conhecimento próprio e movido pelo amor à terra-mãe, com as limitações de um administrador na historia, Luiz deu o pontapé inicial para tantas outras narrativas que haverão de vir para contar a história da nossa terra e do nosso povo. Com ou sem restrições, depende da ótica de cada um, este já é, por iniciativa particular, uma fonte, agora pública, da nossa história.
Como se vê, ainda que se queira mergulhar na história oficial de São João Batista, não conseguiremos. Faltará-nos o manancial de pesquisas, os documentos, o acervo da nossa própria história.
Por isso somos, até aqui, uma cidade sem memória.

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