Vivendo um verdadeiro inferno em sua vida pessoal, o comerciante Manoel de Jesus Martins Gomes, mais conhecido como Manoel de Gentil, resolveu quebrar o silêncio e sair em sua defesa própria. Já era hora. Afinal, uma campanha midiática, atroz e violenta, abriu espaço até aqui para os que o acusam de violência, truculência e de “mandar assassinar”. Nenhum órgão da imprensa escrita, falada e televisada buscou até então saber o outro lado. Nestas horas, costuma-se ouvir o que mais prolifera. Não se dá crédito ao contraditório. E é neste interim que começam as injustiças e a sociedade muitas vezes peca.
Eivado de sua verdade, o comerciante, resolveu enviar “carta” ao Blog da Agência de Comunicação de SJB, onde desabafa e demonstra toda a sua angústia e mágoa com tudo o que lhe vem acontecendo.
O blog São João Batista on line, sem querer formar opinião, também abre espaço ao cidadão Manoel de Gentil e publica, também, com a devida permissão, a sua carta-desabafo.
“Esta foi a única forma que encontrei para me expressar. Tenho vivido dias de completo desespero e angústia diante de uma acusação descabida, que me deixa impedido de exercer minha liberdade, sendo bombardeado de acusações pelas quais já fui brutalmente afastado da minha casa, injustamente levado pela polícia diante de todos os moradores da cidade onde nasci e vivi por todos esses anos. Tenho 52 anos, sou casado há 29 anos e tenho 3 filhos, sempre morei na mesma cidade, na mesma casa e meu local de trabalho é o mesmo há três décadas. Nunca, nem eu, nem meus familiares estivemos envolvidos em qualquer processo seja ele criminal ou de outra natureza, nunca usei e nunca tive qualquer tipo de arma.
A confusão de terra que falam trata-se de uma terra que pertence ao meu pai (Gentil Gomes) há 46 anos e nunca teve uma briga. A terra foi adquirida através de compra e dividida entre os filhos. Foi invadida em 2008 e, depois dos ocupantes perderem na Justiça, sendo que minha família obteve 5 liminares de reintegração de posse (sem nenhuma derrubada de casas ou ameaças por parte da nossa família a quem quer que seja), os ocupantes foram orientados pelo advogado da FETAEMA para alegar que se tratava de terras de quilombolas mesmo sem ser, que só assim poderiam ter chance de permanecer. Daí que a terra passou a ser pleiteada como terra de quilombo. O próprio advogado posta essa orientação em seu BLOG. Durante o processo os ocupantes não permitiam que entrássemos na propriedade. E não entramos. Ficamos aguardando por decisão judicial. E se os estudos afirmarem que se trata de terras de quilombo, então é terra de quilombo.
Enquanto a questão se resolvia judicialmente, um integrante foi assassinado, e sem nenhum dado que justifique minha participação nesse crime, sou acusado de ser o financiador desse ato covarde. O que chama a atenção é que, embora existissem comentários que levassem a outras linhas de investigação, nenhuma foi considerada, a não ser esta que me incrimina e, diga-se de passagem, o inquérito policial não oferece nenhuma prova concreta de minha participação. O que me leva a pensar que este foi o caminho que pareceu mais fácil: de um lado um fazendeiro e de outro, remanescentes de quilombo. O desenho pode parecer perfeito, mas, não é. Houve um crime. Mas não fui eu que cometi. Tive minha vida revirada. Meu sigilo telefônico e da minha família foram quebrados, vivo espreitado por meses, passando por dois mandados de prisão, sem que haja nenhuma prova que mostre meu envolvimento nesse ou em qualquer outro crime. Mesmo assim continuam dizendo que foi eu que mandei matar. Na hora que saiu o Habeas Corpus, fui para uma Igreja Católica pagar uma promessa juntamente com minha família e no outro dia estava noticiado que quem mais queria me ver preso era a Pastoral da Terra, ligada à mesma Igreja. Não sei mais o que fazer. Em relação ao processo, no começo fiquei atordoado, mas achava que mais cedo ou mais tarde ia aparecer o engano. Agora já estou desesperado porque mesmo não sendo encontrada nenhuma prova que me incrimine ninguém retirou as acusações e continuam dizendo que eu mandei matar. Ninguém viu, ninguém ouviu e ninguém falou que foi eu. Parece que para esse caso tem que haver um mandante, se não houver o mandante não houve o crime. Parece que esse crime só presta ou só interessa se tiver um mandante. Parece que fica difícil as pessoas aceitarem a minha acusação como um erro. Como é que o Delegado vai dizer agora que não tem nada, que não tem um mandante? Como é que a Comissão Pastoral da Terra vai dizer que morreu um sem terra ou um quilombola e não foi um fazendeiro ou um mandante? Será que ninguém morre neste Estado por briga, partilha de poder por menor que pareça, por divisão de dinheiro por outro motivo qualquer? Em São João Batista morre gente quase todo dia, tem morrido trabalhador assaltado por cinco reais e ninguém nunca se interessou em divulgar, nenhuma instituição veio aqui.
Tenho sofrido acusações por parte dos ocupantes da terra, o que tem ecoado nos meios de comunicação, de fazer ameaças aos mesmos e aos seus representantes. Solicitei ao Delegado responsável pelo caso que verificasse tais acusações. Nunca ameacei ninguém. Mas essas coisas não estão esclarecidas e o que é pior, parece não interessar. Quem foi ameaçado por mim? Como, onde e quando foram feitas essas ameaças? Ninguém responde! Sobre os tiros noticiados à casa de um dos membros da associação também dizem que fui eu. O que é isso? Que indústria de perseguição é essa? Serei agora o responsável por qualquer coisa que acontecer a essas pessoas? A polícia não achou nada que me relacionasse a esses tiros, mas foi noticiado que foi eu, saindo até na imprensa nacional (Globo Rural). O grande problema é que todos ficam pensando que o inquérito policial está corretíssimo, mas poucos já leram e quem já leu não encontra nenhuma prova. Está tudo na suposição do Delegado e assim, com base na suposição veio a conclusão. E como as pessoas em geral só lêem o final do inquérito podem chegar às mesmas conclusões do Delegado. Está funcionando mais ou menos assim: ao invés da dúvida “pro” réu como manda o Direito, está sendo: na dúvida “taca” no réu. Parece que estamos revivendo os tempos da Santa Inquisição, sem as provas devidas estou sendo julgado. Quem me conhece, sabe que essa conduta não é compatível comigo.
Eu preciso restaurar minha liberdade, nesse sentido apelo a todos os órgãos competentes: OAB, Igreja Católica (através do Bispo), Ministério Público etc. para que ouçam minha voz, minha história de vida, minha postura. Não se preocupem em fabricar heróis e vilões e sim em fazer justiça. Ao me acusarem não estão fazendo justiça; não deixem que eu seja marginalizado dentro do meu próprio Estado; considerem que há um cidadão comum que está sendo vítima de acusações graves sem provas e lembrem que não é a primeira vez que isso acontece, pessoas inocentes já até cumprirem penas.
Me ajudem a mostrar que, o que está sendo instalado na mente das pessoas é um equivoco, estou sendo punido por causa dessa morte, enquanto os verdadeiros culpados estão livres e meu direito de liberdade sendo sucumbido. Peço encarecidamente que leiam o inquérito policial. Tenho a certeza de que não encontrarão provas da culpa que alegam.
Com grande esperança de ter meu apelo atendido,
Manoel de Jesus Martins Gomes (Manoel de Gentil)"
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