terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A POSSE AMBULANTE

No mundo político tem de tudo e certamente este fato ocorrido em São João Batista, talvez não seja o único na história política do país. É possível que já tenha acontecido em algum rincão deste nordeste brasileiro. Digo nordeste, pois esta artimanha política é própria da ultrapassada política dos coronéis que há muito acontecia por estas bandas, ou parece que ainda acontece.
A posse ambulante é a expressão por mim usada para nominar o oficioso gesto usado pelo novo presidente da Câmara Municipal de São João Batista, o vereador Rui Serra, que se auto-impossou no cargo para o qual fora recentemente eleito.
Vereador Rui Serra
Tudo aconteceu porque a sessão ordinária que deveria ocorrer para solenizar a posse da nova mesa da Câmara não houve. A totalidade dos membros do parlamento joanino fez pouco caso da solenidade e deixaram de comparecer ao prédio onde funciona a Câmara Municipal. A sessão, se ocorreu, não deu quórum regimental. Por esta razão e ansioso para se sentir Presidente, o Vereador Rui Serra  tomou uma atitude que, no mínimo, ficará nos anais folclóricos da política joanina, e que, certamente, o tornará lendário.
Eis o fato: O ilustre Presidente, Rui Serra, temendo o adiamento da sua posse e talvez receoso de algum mau presságio ou golpe de Estado (hic), pegou o livro de Atas da Câmara Municipal, determinou a lavratura da Ata de posse e em seguida saiu à procura dos companheiros de parlamento para que assinassem a Ata da reunião (que deveria ter acontecido) que o empossara no comando do legislativo municipal.
Tal fato é risível, é cômico, mas foi verdade.
Os diletos companheiros, assim que achados, não se fizeram rogados nem pediram “algo” por suas assinaturas. Cumpriram “em trânsito” seus  deveres parlamentares, afinal de contas, estariam todos em casa e as animosidades da eleição já seriam coisas do passado.
Como se vê, o novo presidente inaugura um estilo todo particular de presidir. Suas decisões, ao que parecem, serão monocráticas. Não ouvirá a ninguém, a não ser a sua própria consciência. Não permitirá ser aparteado em seus exauridos discursos. Será ele, mais ele com ele mesmo.
Os entraves terão soluções mágicas, como esta  da posse. E como num conto de fadas, onde a caneta fará às vezes da “varinha de condão”, far-se-á o irreal virar realidade, e o abstrato virar concreto.
Assim entendendo esse inusitado fato, não caberia outra nomenclatura a esta crônica, a não ser “a posse ambulante”. Coisas da nossa gente e da nossa política.

Um comentário:

  1. Meus parabéns pelo texto, sempre execelente.

    Não sabiamos deste ocorrido, queriamos que o senhor escrevesse sobre o rompimento de Carlos Figueiredo com Surama Soares...

    Um abraço

    Agência de São João Batista-MA

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