terça-feira, 23 de março de 2010

A BAIXADA MARANHENSE


Como havíamos prometido, damos seqüência aqui, ao estudo sobre a Baixada Maranhense. Esta região que é composta de vários municípios e que possuem características comuns, constituem um dos maiores mananciais de água do Estado, sobretudo na época chuvosa, que nessa região ocorre entre os meses de janeiro a junho. Seus baixos campos se tornam inundados  entre os meses de março a setembro, dependendo da intensidade das chuvas.

O site www.amazoniamaranhense.com.br fez um estudo significativo sobre esta região que encanta a todos que lá vivem ou que a visitam. Este “blog” publica a segunda parte desse estudo que visa contribuir com informação científica acerca dessa região, considerada por muitos como “o pantanal maranhense”.


 
SEGUNDA PARTE
BÚFALOS E CAÇA
Por falta de conhecimento sobre o meio ambiente, o búfalo foi introduzido na Baixada há mais de 40 anos. Segundo os estudiosos, o animal vem causando sérios impactos ambientais, como a compactação do solo e a destruição das macrófitas, comunidade vegetal que habita lagos, brejos, lagoas e alagados e que desempenha importante papel no metabolismo dos ecossistemas aquáticos. 
A questão é tão séria que motivou a criação de uma Lei Estadual, disciplinando a criação dos búfalos na Baixada. Além da pesca na época da reprodução das espécies, outro grave problema é a caça predatória de animais e, principalmente, de aves aquáticas, como a jaçanã e a marreca. Estudos realizados por Aguirre, em 1962, estimaram entre 150 mil a 200 mil o número de aves caçadas anualmente, durante a época chuvosa, que coincide com o período da reprodução. Entre as técnicas mais utilizadas, a mais brutal é a boiada ou cerco. Os caçadores tocam as aves para uma determinada região onde são estendidas redes de pesca que chegam a capturar até 1500 jaçanãs de uma única vez.

CONSERVAÇÃO
A falta de conhecimentos científicos sobre o funcionamento dos sistemas aquáticos da Baixada Maranhense tem resultado em intervenções que ameaçam o equilíbrio ecológico da região. Para mudar esta situação, pesquisadores do Laboratório de Hidrobiologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) iniciaram estudos sobre a Ecologia e Sustentabilidade de ecossistemas característicos da Baixada, em três bacias hidrográficas. Estão sendo pesquisados o sistema lacustre Penalva/Viana/Cajari, na bacia do Pindaré; os lagos e campos inundáveis da bacia do Pericumã e as lagoas marginais da bacia do Turiaçu.
O biólogo Ricardo Barbieri, coordenador da pesquisa, explica que o principal objetivo é produzir embasamento científico sobre a sustentabilidade desses ecossistemas, visando oferecer uma orientação segura para o planejamento do desenvolvimento regional. A idéia básica do projeto é criar um banco de dados que fundamente e incentive programas de aproveitamento sustentado dos vastos recursos naturais e de educação ambiental na região. 
COMUNIDADES NEGRAS
Em todo Maranhão existem aproximadamente 350 comunidades negras rurais remanescentes de antigos quilombos que se formaram, antes mesmo da Abolição da Escravatura, em várias regiões do Estado, especialmente na Baixada Maranhense. Nestas comunidades são diversos os costumes e formas de vida, mas uma característica identifica todas elas: o usufruto comum da terra e a convivência harmoniosa com o meio ambiente.
A origem destas comunidades está ligada às chamadas "Terras de Preto" que, segundo o antropólogo Alfredo Wagner, correspondem àqueles domínios doados, entregues ou adquiridos pelas famílias de ex-escravos, com ou sem formalização jurídica, a partir da desagregação das grandes propriedades monocultoras. Os descendentes de tais famílias permanecem nessas terras há várias gerações, repartindo coletivamente o uso da terra. Estima-se que, em todo o Estado, as "Terras de Preto" abrangem uma área superior a 1 milhão de hectares, muitas delas localizadas em zonas críticas de conflito e tensão social. Somente a partir da Constituição de 1988, os remanescentes das comunidades de quilombos tiveram assegurado o direito à propriedade definitiva das terras que ocupam. Mas o trabalho de regularização fundiária está apenas começando, através de um convênio firmado entre o Governo do Estado e a Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos. O convênio prevê a recuperação do patrimônio fundiário e cultural de 11 comunidades na bacia do Itapecuru e adjacências, e a implantação de projetos de desenvolvimento sustentado para garantir que elas possam continuar usufruindo coletivamente da terra e mantendo seus costumes, tradições e um relacionamento equilibrado com o meio ambiente.
Desde 1988, a Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos e o Centro de Cultura Negra do Maranhão desenvolvem o projeto Vida de Negro, que está fazendo um levantamento nas comunidades negras existentes no Estado. Além de pesquisas sobre as formas de uso da terra, costumes e tradições culturais, o projeto também visa a legalização das posses centenárias em comunidades que enfrentam problemas fundiários.
O quilombo de Frexal, no município de Mirinzal, a 390 quilômetros de São Luís, recebeu atenção especial do projeto. Com uma área de 10500 hectares, onde vivem 183 descendentes de escravos, Frexal foi transformado em Reserva Extrativista, em 1992, tendo sido a primeira comunidade negra do País a ser reconhecida como remanescente de quilombo, após uma luta de mais de 20 anos contra latifundiários pela posse secular de suas terras.
O Maranhão é o terceiro estado brasileiro em incidência absoluta de população negra, e o único no País onde a maior parte da população ainda vive na zona rural. Oriundos da costa da África, os negros participaram ativamente no processo histórico e cultural do Estado, que contou com a presença maciça da mão de obra escrava nas fazendas de açúcar, algodão e arroz.
A resistência contra a escravidão motivou o surgimento de diversos movimentos revoltosos, como o do quilombo de Lagoa Amarela, no município de Chapadinha, que participou da Guerra da Balaiada. Muitos quilombos foram destruídos, outros resistiram e se ampliaram, principalmente na Baixada. (fonte: http//www.amazoniamaranhense.com.br)

Outras contribuições também serão aceitas. Textos que possam refletir a grandeza dessa região também serão publicados em “postagens” futuras. Aguardemo-las.

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