sábado, 24 de outubro de 2020

Para nós, românticos incorrigíveis!

Por  Marcondes Serra Ribeiro

“O essencial é invisível aos olhos – só se vê bem com o coração”. Discutir essa verdade seria tropeçar e desabar inteiro aos olhos dos românticos sentimentais que se entregam crédulos aos abstratos e imagináveis prazeres benfazejos das belezas, amores e paixões, sonhos e ilusões!

Mas também é inegável a importância daquilo que se vê concretamente; não se pode subestimar a imensurável importância dos olhos à vida, também por ser uma das portas do coração, quiçá a mais importante delas, por onde adentram as imagens que nos emocionam e, mesmo à distância, atiçam-nos os desejos mais rapidamente. O que seria da beleza sem nosso testemunho visual!?

Não podemos menosprezar as máximas tão evidentes e categoricamente afirmadas: “O que os olhos não veem, o coração não sente”; “O que não é visto, não é desejado”!  Vivemos tempos de conquistas fáceis e instigadas pelo modismo da promiscuidade, que resultam em vulgarização do amor. Pobre de nós, românticos incorrigíveis!

Em outras épocas, existia um certo refreamento nas atitudes, zelo pelo recato, maior respeito pela moral vigente, sem a exposição descarada, acintosa e provocante dos belos e excitantes e convidativos atributos corporais, que alguns nem possuem, mas apelam às próteses, ou expõem, mesmo ridiculamente, seus “quase nada”. Hoje, o exibicionismo é dominante em quase tudo!

Resta-nos o conformismo da necessidade de justificar nossos desencantos, desamores, traições e outros aproveitamentos e usufrutos das situações de distância, ausência, desrespeito ao compromisso conosco, praticados pelos infiéis parceiros - sem que comprometamos nossa autoestima. Para não nos sentirmos em situação de inferioridade, magoados pelas traições, é melhor que admitamos o conhecimento da realidade, o que não justifica incursão de ninguém, muito menos de quem se ama, nessas situações de vulgaridade e “fáceis amores”!

Volto à importância de ter-se aos olhos  a pessoa amada, mesmo que  eventualmente limitados por algumas circunstâncias, porque, até àqueles que têm domínios dos impulsos, a presença do ser amado alimenta o amor, nutre a paixão, é lenha na fogueira ou pode ser motivo de saturação e consumo rápido de um relacionamento, pelas contenções ou chegadas cansadas e frustrações de intento de quem espera, mas quando acontece, ajustada às expectativas de determinadas finalidades, é prazerosa, leniente ou resolutiva das saudades. Ah! sim, isto realmente é!

Concluo que tudo é uma questão de coerência e respeito aos “limites”, simples assim!

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