Lancha: tipo de embarcação |
O dia era 27 de outubro. O ano
era 1965. Uma terça-feira. Naquela tarde-noite muitos eram os passageiros que
se dividiram nas três lanchas que estavam ancoradas no Porto de Raposa. Naquela
época o Porto de Raposa era um grande escoadouro de mercadorias e um dos mais
movimentados da região, pois por ali transitavam muitos dos comerciantes dos
municípios de São João Batista, São
Vicente de Férrer, Matinha, Cajapió ou mesmo quem estivesse por ali só de
passagem e que desejassem chegar até a capital do estado, São Luís, por via
marítima.
Naquela terça-feira três
lanchas estavam presas aos seus ancoradouros: Fátima, Maria do Rosário e a Lancha Proteção de São José. Todas
estavam com suas lotações completas, fato que era comum naqueles tempos. Quase
sempre excediam suas capacidades, pois era intensa a movimentação de cargas e
passageiros.
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Baía de São Marcos |
Ao zarparem do Porto de Raposa,
juntas, seguiram com destino à capital do estado. O enfrentamento do mar aberto
era uma tarefa para mestres experientes. A escuridão da noite punha à prova a
coragem de quem sabia e de quem nem tinha a ideia do quanto era perigoso aquela
travessia.
Mesmo assim, entre grunhidos,
cacarejos, vozerios e o ensurdecedor barulhos dos motores, a viagem seguia. Até
que de repente, não mais que de repente, na altura da localidade Tauá Redondo, já próximo do Porto de
Itaqui, em plena baia de São Marcos, a tragédia.
A lancha Proteção de São José chocou-se com uma croa, que na linguagem dos embarcadiços
era tão somente arrecifes de pedras. Em questão de minutos a lancha partiu-se,
proporcionado a maior tragédia marítima, até hoje, ocorrida no Estado do
Maranhão. Mais de uma centena de mortos entre homens, mulheres e crianças. Poucos foram os
sobreviventes. Fora um dia de luto estadual.
Alguns poucos sobreviventes,
ainda vivos, estão a lembrar do maior naufrágio da nossa história. Pedrinho
Duarte e sua esposa Dona Marinete, que inclusive foi a única mulher a
se salvar, perderam a sua primeira filha, que nem tinha ainda dois meses de
vida. Entretanto salvaram-se perdidos um do outro. Pedro de Geraldo e Sandáia
(já falecidos), Batista de Pacherá e Quidinho, também, são alguns dos que
tiveram a sorte do salvamento.
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Porto de Raposa (hoje) |
Entre os mortos, uns mais,
outros menos conhecidos. Aragão, Nicanor Gaspar, Zulmira, Nenén
Lisboa, Vavá, estavam entre os mais conhecidos.
E assim, naquele fatídico fim
de noite de terça-feira, de 27 de outubro de 1965, São João Batista chorou seus
mortos. Desde então se reverencia a memória daqueles que sucumbiram nas águas
da baia de São Marcos, na maior tragédia das embarcações. E já se vão 46 anos.
Na legislatura de 1989 – 1992,
por iniciativa do então vereador Zezi
Serra, foi sancionada a Lei Municipal que tornou o dia 27 de outubro, dia
do naufrágio da lancha Proteção de São José, como feriado municipal.
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