Tiririca  é o novo herói nacional. A expressão mais raivosa e consistente do voto  de protesto contra o corpo político brasileiro. Que a Justiça esteja já  acionada para cassá-lo por suposto analfabetismo revela como o  palhaço/deputado federal mais votado do país ameaça o sistema. O deboche  e o humor são armas poderosas.
E  que boa piada: uma Justiça sem dentes para barrar os eternos abutres da  política afia suas garras diante do palhaço nordestino que, como nosso  consagrado presidente, veio de muito baixo na pirâmide social para  afirmar-se de forma retumbante em São Paulo.
Quem  conhece e representa melhor o Brasil profundo do que o palhaço Tiririca  hoje na política? Só Lula. Que elitismo suspeito esse preconceito  contra o suposto analfabetismo do palhaço. Quem melhor que um analfabeto  ou semi-analfabeto para representar os milhões de mal educados do país?  Analfabeto não é incapaz nem criminoso para ter direitos políticos  limitados. Muito pelo contrário, é vítima da má gestão desta obrigação  pública mais básica que é a educação.
Se  a Wikipédia está certa, o palhaço Tiririca começou a vida no circo aos 8  anos, em Itapipoca, no Ceará, e estourou regionalmente com a música  "Florentina", que a Sony Music tornou megahit nacional em 1996.
Ele  já teve problemas com a lei naquela época por causa da música "Veja os  Cabelos Dela", que lhe rendeu uma acusação de racismo, da qual foi  inocentado. A letra, puro Tiririca, dizia: "Veja, veja, veja, veja, veja  os cabelos dela/Parece bombril, de ariá panela/Parece bombril, de ariá  panela/Quando ela passa, me chama atenção/Mas os seus cabelos, não tem  jeito não/A sua caatinga quase me desmaiou/Olha eu não aguento, é grande  o seu fedor".
Uau!
A  singeleza sempre foi seu atributo. Os jingles e os spots de sua  campanha, feitos de forma despretensiosa por amigos humoristas, devem  ser estudados pelos caríssimos marqueteiros de plantão. São a maior  lição de marketing político desta campanha.
Dançando  daquele jeito nordestino, o palhaço canta meio preguiçoso: "O que é que  faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que  eu te conto", ou "Pior do que tá não fica, vote Tiririca". Bingo!
Os  mais de 1,3 milhão de votos que Tiririca teve em São Paulo não podem  ser desclassificados por essa Justiça incapaz de julgar os que deveriam  ser julgados e que ainda por cima pode barrar a melhor notícia desta  eleição: a lei da ficha limpa.
Deixem  Tiririca legislar. Queremos vê-lo dançando no tapete do Congresso e  discursando daquele jeito engraçado no microfone do plenário. Estará,  legitimamente, representando muita gente. Dos que enfrentam as mesmas  dificuldades e preconceitos que ele enfrentou e enfrenta aos que acham  que a política brasileira é uma grande piada.
Este texto foi extraído do blog do jornalista Gilberto Lima. Achei extremamente oportuno. É uma "lapada" nas elites sulistas que descriminam os nordestinos, que não engoliram , até hoje, que um nordestino, iletrado, com apenas o curso ginasial,  tenha colocado o Brasil no curso da história. O texto é original do jornalista Sérgio Malberghier.
Desta vez, o saco de pancadas é Tiririca. Tudo isso porque o palhaço-nordestino teve 1.300 mil votos para Deputado Federal.
 


 
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