segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A CRÔNICA DO DIA

HOJE É DIA DE... 


A bolachinha de Lauro, um patrimônio matinhense
João Carlos Costa Leite (*)

Dos inúmeros bens e talentos de Matinha, no âmbito cultural, artístico, literário, gastronômico e outros, um se destaca de forma unânime: a bolachinha de Lauro. Dez em cada dez matinhenses sentem prazer em degustar esse biscoito redondo, assado no forno com banha de porco, que já se tornou célebre para além das fronteiras da nossa terra. Meu irmão mais velho, filho do primeiro casamento de papai com Estefânia, uma moça do povoado de Santa Vitória, que faleceu de parto do seu terceiro filho, Lauro Costa Leite, está hoje com 71 anos.

Desde criança exerce essa atividade, começou o oficio na padaria de seu Miguel Brito, ao lado de Chengo e Patachita, dois renomados oficiais dessa milenar arte, depois foi trabalhar com Edson de Mundico Lima, o “seu Ed”. Quando Edson mudou-se para São Luís, Lauro resolveu assumir o negócio, e constituiu uma panificadora na sua própria residência. Padeiro de reconhecida competência e valor, desde bem pequeno. Eu o conheci, madrugada adentro, fabricando pães, não lembro de tê-lo visto em outra profissão. Aos finais de semana gostava de caçar, numa espécie de hobby. Quantas vezes chegava lá em casa com tatus, pacas, cutias, siriquaras, juritis, perdizes, nambus, carões, etc.. (Nessa época ainda não havia a pressão ecológica quanto ao hábito de caçar, que existe hoje).

Lauro era meu herói, eu o admirava e almejava ser como ele. Fazia tudo eximiamente, preparava pães, bolachas de febre, roscas, bolachinhas, caçava, pescava, mexia farinha, jogava futebol. Enfim, um artista, ao meu olhar fascinado de irmão mais novo, sem contar o fato de ser extremamente namorador. Oportuno se torna dizer, que meu irmão quando do segundo casamento de papai, tornou-se filho de Maria de Lola, nossa mãe, a quem amava e era amado com a mesma intensidade. Casou-se com Maria Francisca Soares Leite, a Maricota, tiveram quatro filhos.

Na década de noventa existiam apenas duas padarias na cidade: a padaria de Benedito de João Lima e a de Lauro. A “bolachinha de Lauro”, como ficou conhecida essa apetitosa guloseima de trigo, temperada com banha de porco, segundo ele, colocada primeiramente de modo casual, e depois fundamental na receita, tem um peculiar sabor, quando quebrada pelos dentes, faz um singular barulho, que atua diretamente às glândulas gustativas, possibilitando, produzindo, uma indizível, inesquecível sensação de prazer. Hoje a “bolachinha de Lauro” virou paixão de todos os matinhenses, já extrapolando as fronteiras da cidade e do Maranhão.

Qualquer evento, reunião, vernissage, ocorridos no município, necessariamente precisam tê-las para degustação durante os coffee breaks. Representantes da Igreja Presbiteriana Independente, quando em reuniões, ou presbitérios, sempre nos exigem a presença dessa iguaria. Todas as vezes que vou a Matinha, sou instado, cobrado, intimado a trazer essas notórias iguarias a pessoas da igreja ou do movimento político e sindical. Temos amigos em Belém, Rio de Janeiro, São Paulo, que fazem o mesmo pedido, além de matinhense que ali residem, e fazem questão de colocarem-nas em suas bagagens, para deleite próprio, bem como presentearem a parentes e conhecidos.

É comum vermos baixadeiros ou turistas, das cidades circunvizinhas a Matinha, que em viagem para São Luís, via MA 014, encostam na padaria, para adquirir os petiscos. Em suma a fama das “bolachinhas de Lauro” é inconteste, uma unanimidade que ultrapassa qualquer princípio, credo, tendência ou ala política, fator muito forte em nossa terra. Parte desta notoriedade deve-se a meu juízo, a Cláudio César, o seu segundo filho, falecido recentemente, que soube conduzir a fabricação das bolachas, de forma profissional, mais apurada, sintetizando e divulgando intensamente seu excelente conceito e tradição, de sorte que as “bolachinhas de Lauro” são hoje patrimônio dos matinhenses e orgulho de todos nós, seus familiares e amigos.

(*)João Carlos da Silva Costa Leite é membro da Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras (AMCAL). Ex-bancário e graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).


domingo, 18 de fevereiro de 2018

UM PASPALHÃO E UM FANÁTICO LEVAM O RIO AO INFERNO ASTRAL

Por Jorge Oliveira

Jorge Oliveira
Barra de São Miguel, AL - O Pezão é a Dilma do Lula: despreparado, lesado e alienado. Depois da selvageria no Rio de Janeiro durante o Carnaval, ele vem a público para dizer que o esquema de segurança falhou, enquanto as pessoas vão aos necrotérios e aos hospitais rezar pelos seus mortos e feridos. Na outra ponta, o prefeito Crivella é a caricatura de um administrador: incompetente, irresponsável e inconsequente. Durante as festas, ele viaja para Europa a pretexto de conhecer novas tecnologias para segurança do Rio. Uma mentira deslavada, uma invenção para justificar a sua saída da animação do satanás, como é tratado o Carnaval pelo seu chefe Edir Macedo, o dono da Universal a quem ele – e todos os parlamentares em Brasília – devem obediência religiosa.

O Rio de Janeiro não é refém apenas dos bandidos, é também vítima dos seus maus administradores. Desde o Negrão de Lima, no final da década de 1960, o estado não produziu um governador sequer reconhecidamente competente e íntegro. Por lá já passaram figuras como Chagas Freitas, Brizola, Moreira Franco, Benedita da Silva, Cabral (Cruz Credo, Ave Maria!) e agora o Pezão, representante legítimo dos interesses do seu antecessor que o indicou para vice à época porque sabia das suas limitações. Assim Cabral poderia continuar liderando a sua organização criminosa como Lula fez com a Dilma.

Infelizmente, a violência no Rio de Janeiro é difícil de acabar, pois ela movimenta bilhões de reais das drogas por ano e tem a cumplicidade de políticos, empresários e policiais com os traficantes, segundo denunciou o próprio ministro da Justiça. Alguns políticos, por exemplo, quando precisam se eleger vão as favelas pedir a bênção dos narcotraficantes, como ocorreu com a candidata a ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, que responde a processo por conexão com o comércio de drogas na comunidade de Cavalcanti. Brizola, por exemplo, fez acordo com líderes comunitários que não queriam ser importunados com a sua polícia, abrindo espaço para todo tipo de crime nas favelas e nos morros do Rio de Janeiro.

O paspalhão Pezão e o fanático Crivela
O governo do Pezão é de todos o mais incompetente. Não sabe administrar, é lesado e responsável pelo maior caos financeiro da história do estado e pela inanição do servidor público. Quando se apresenta para a imprensa é para falar um monte de besteira que não leva nada a lugar nenhum. É de dá dó o seu desconhecimento do próprio governo, a incapacidade dos seus auxiliares e a insegurança que ele passa para a população quando é questionado sobre o desastre dos seus atos. Infelizmente, o carioca, um povo tão contestador, ainda não foi às ruas para retirá-lo do Palácio, antes que a justiça o faça quando julgar seus processos na Lava Jato, onde ele aparece como beneficiário de dinheiro das empreiteiras.

Na outra ponta, coitado do Rio!, aparece o prefeito Crivella que governa movido por sentimentos religiosos. Não gosta de Carnaval e foge dele como o diabo da cruz. E ainda leva a tiracolo para a sua viagem fajuta, com o dinheiro do contribuinte, o coronel responsável pela inteligência da segurança. Em meio ao maior vendaval que a cidade sofre, ele manda um recado de que está acompanhando a situação on-line. É um deboche, um descaso com o Rio e com os seus moradores. Dois anos depois do mandato, o que se sabe desse perfeitinho de meia tigela é a sua total inapetência para exercer o cargo, já que não realizou nada para melhorar a cidade e as suas mazelas.

Como um tirano dos bons costumes, não aceita nada das artes populares, nada que venha do povo, pois a sua crença em Deus é maior do que a de todos os outros cristãos, mas que ele considera agentes de satanás, pois não estão em suas igrejas fazendo doações para sustentar a luxúria dos seus apóstolos. É com essa visão que o pastor Crivela governa o Rio, a cidade conhecida no mundo por suas músicas, pelas suas artes e belezas naturais, mas, sobretudo, pela irreverência e alegria do seu povo. Com essa cegueira dos fanáticos, Crivella caminha para transformar a cidade em um templo dos seus deuses caolhos que pregam a moral e os bons costumes como se até a procriação fosse um ato profano para seus seguidores religiosos.
(Jornalista, escreve para o site Diário do Poder)