Meus saudosos pais |
Falar em perdas é falar em solidão, tristeza,
desesperança, medo. Quando falamos perdas, não nos referimos apenas aos que
morrem, mas a todos que, de alguma forma, nos deixam prematuramente, antes que
estejamos preparados.
Um amigo que se muda para longe, um filho que vai
morar distante, e até mesmo um ente querido que se vai, sempre provoca em nós
uma sensação de vazio.
E por que isso? Por que sofremos tanto mesmo
sabendo que estas perdas ou partidas inesperadas são inerentes à vida e que,
portanto, não podemos controlá-las?
Não saberíamos responder com precisão as perguntas
acima, mas o que nos parece mais coerente é que nunca estaremos prontos para
nos acostumarmos com a falta dos que amamos. Por mais que saibamos que a
qualquer instante eles nos faltarão, temos sempre a predisposição em
acreditarmos que quem nos ama nunca nos deixará, nos privando assim de seu
afeto, carinho e amor.
Ledo engano. São justamente aqueles que amamos que
mais nos machucam com suas partidas inesperadas. Vão-se e levam as nossas
alegrias, o equilíbrio; nos deixam frágeis, inconsoláveis e saudosos.
O que fazer então? Não amarmos? Não nos permitirmos
gostar de alguém pelo simples fato de que seremos, mais cedo ou mais tarde,
deixados para trás na vida, entregues às nossas angústias e remorsos por não
termos dito tudo ou feito o suficiente por eles?
Não. Cremos que não.
Se há algo na vida que mais nos traz felicidade é
sabermos que somos queridos e não seria honesto nos privarmos de tal sentimento
por medo ou covardia.
Um amor de pai e mãe, o carinho de um amigo ou
afeto de uma relação a dois deve sempre se sobrepujar ao medo da perda. Porque
ela é inevitável. O sentimento, não. Deve ser exercitado todos os dias de
nossas breves vidas. A partida de nossos pais, juntos, só nos provou que o
“amor” é irremediavelmente vencedor.
Ele é o que nos move, nos dá o chão para que possamos
caminhar pela vida com a certeza de que, haja o que houver, teremos sempre
alguém com quem contar, que nos apoiará mesmo nos momentos em que não tenhamos
razão. Esta, deve ser a maior lição deixada pelos nossos pais José Azevedo e
Laura Duarte Azevedo (O Seu Zé de Félix e a Dona Laura) que partiram juntos,
como juntos se escolheram para viverem aqui e no céu.
Hoje apesar de suas partidas, sabemos que amamos e
fomos amados, que demos e recebemos todo o carinho esperado, que construímos um
sentimento que nenhuma perda poderá apagar. Este sentimento transcende o espaço
e o tempo, não se limitando ao contato físico, nos fortalecendo como sua
descendência e família.
- José e Laura (o pai e a mãe, o irmão e a irmã, o
sogro e a sogra, o avô e a avó, o compadre e a comadre, o amigo e a amiga, o
vizinho e a vizinha) – vocês estarão eternamente vivos em nossos corações.
Sempre foram e agora mais do que nunca se tornaram parte de nós, impregnados em
nossa alma, nos confortando nos dias difíceis, sendo cúmplices de nossas
vitórias pessoais, norteando nossa conduta, nos fazendo sentir eternamente
amados.
Continuem cuidando de nós! Nosso pai, nossa mãe, seus
ensinamentos serão sementes em nossas ações cotidianas. Suas amizades serão
perpetuadas em suas descendências. O amor que os uniu na vida e na morte marcou
um tempo de muitas vidas. Descansem em paz, José e Laura!