Correu nas últimas semanas em São João Batista mais um convite para mais uma dessas festas patrocinadas por políticos na pré-temporada de eleições municipais. Até aqui tudo bem. Nada de mal. Afinal cada um gasta o seu dinheiro como melhor lhe aprouver. Mas o que nos deixa cabreiro é..., por que só agora? Que amores são esses por nossa pobre terra? O que tem a nossa terra de tão encantadora que chega a ofuscar o brilho das grandes metrópoles, ou das paradisíacas “ilhas gregas”, dos refinados salões de festas e seus ricos “buffets”, a ponto de trazer para cá, ilustres personalidades do mundo das togas?
Será que desejam beber na fonte da infinda humildade do nosso povo? Assim nosso povo fica “com a pulga atrás da orelha”, como se costuma dizer por aqui.
Mas no fundo sabemos as respostas para essas indagações. E tudo tem haver com as eleições que se avizinham.
A exemplo desta virão outras festas, regadas a muita bebida, muita comida, apresentação de festas populares, jogos de futebol, corridas de cavalos, bum-meu-boi, bambaê, São Gonçalo, o escambau... Tudo que chamem os olhares de muita gente. E aí então serão muitos abraços, uma infinidade de tapinhas nas costas, incontáveis apertos de mãos, muitos flashes..., muitos holofotes. Tudo que possa parecer normal! Mas não será!
E não será, porque logo depois, ainda na ressaca do regabofe, o nosso povo acordará do sonho de cinderela. Os nossos ilustres certamente não estarão mais aqui. E tudo não passará de uma estratégia de “querer parecer simpático”. Foi assim na Roma antiga, onde os imperadores garantiam suas simpatias à custa do “pão”, “do circo” e “do vinho”.
Não haveremos de maldizer o evento, pelo contrário, desejamos sucesso aos promotores da festa. Queremos mais é que a nossa comunidade, sobretudo a mais carente possa ter acesso “aos canapés”, “aos petiscos de lagosta”, “aos rocamboles”, “aos vinhos rosè”, “aos old parr”. Que eles se esbaldem! Que possam comer do mesmo filé que será servido aos doutores! Que possam garfar os mesmos petiscos, por mais estranhos que possam parecer, nos mesmos pratos dos membros da corte. Que depois de “prá lá de Bagda”, a nossa gente possa pôr cinzas de cigarros no chão, e que possa baforar a pesada fumaça do Lemon, sem ser repreendida!
Só não vale é servir a nossa velha e boa “cachaça”. Muito menos café com rosca da padaria de Seu Né.