segunda-feira, 14 de junho de 2021
sexta-feira, 4 de junho de 2021
Mais um Junho sem tambores...
Por Marcondes Serra Ribeiro
Mês de junho começa com as tristezas acumuladas ao longo desse exasperante período de pandemia e entristece-nos bem mais, pois sabemos que as diversões desta época festiva, tão particularmente joanina, maranhense, e “baixadeira", não poderão acontecer mais uma vez. Continuamos medrosamente aquietados em necessário distanciamento físico. A pandemia do Covid-19 estende-se sobre 2021, sequenciando nossas preocupações, contenções, perdas doridas e transformações significativas da vida.
Os fogos e as fogueiras, os
espaços arraialescos, largos decorados em multicores, as diversas e cativantes
danças e folguedos, as manifestações folclóricas próprias da época - animadas,
eufóricas, contagiantes - as típicas comidas regionais que atiçam a gula e a
curiosidade gastronômica, embelezando, e enriquecendo a cultura brasileira,
principalmente a nordestina, sobremaneira a maranhense, permanecerão
aquietadas.
A fogueira pandêmica sabreca
nosso mês festeiro - curtido pela maioria, especialmente pelos turistas que
escolhem estas plagas buscando diversão e satisfação de curiosidades; silencia
tambores, matracas, orquestras, sanfonas, pandeirões e as vozes de nossos
típicos cantadores; aquieta as coreografias diversas das caprichadas e
empolgantes danças; acomoda as panelas nos armários, tripés e prateleiras, guarda os ingredientes e os temperos que
resultariam em comidas deliciosas; eclipsa o brilho e a profusão das cores,
paetês, miçangas, canutilhos, cetins, acetatos e chabu nos fogos de artifícios
e bombinhas; inibe a criatividade, a
alegria de um povo que espera junho com toda disposição em ser feliz! Frustra
nossa cultura em sua pujança mais admirável, deixa-nos esperançando o festivo
retorno, sem data, forçosamente “sine die”, até que esse maldito vírus seja
definitivamente vencido, pelos poderes de Deus Pai!
Toda esfuziante alegria hibernará
em lamentoso sufoco, à espera do ano vindouro, para acontecer com diversão
dobrada, descontando a quietude forçada desde o ano passado. Amante de junho,
meu mês preferido, lamentoso, eu me pergunto: até onde se estenderá os
malefícios do COVID-19? Faço uma prece aos santos juninos e peço-lhes que
redobrem as forças celestiais contra essa amaldiçoada e calamitosa pandemia!
terça-feira, 1 de junho de 2021
DOEGNES SOARES, como não sentir saudades?
Por Ana Creusa
“Vem, Doegnes, cante pra gente“, assim foi a recepção dos anjos celestiais a um dos maiores ícones da cultura popular maranhense, Doegnes Soares, faleceu na manhã desta segunda-feira, 31 de maio, vítima da Covid-19.
A vida
não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção;
os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace. (Victor Hugo)
O artista pinheirense foi
internado na última semana tendo seu caso agravado. Ele foi entubado na UTI do
Hospital Macrorregional da Baixada, onde veio a óbito.
Doegnes
cantou e encantou a Baixada Maranhense.
Dono de uma voz inconfundível. Era carinhoso e amigo. Sempre vestido em cores
vibrantes, que resplandeciam a beleza de seu coração puro. O seu público sempre
o recebia com o tradicional: “Vem,
Doegnes, cante pra gente”.
Doegnes Soares era
filho de José Martins Soares, que atendia pela alcunha de Zé Macaco, e Dona
Catarina Amorim. Filho de uma família de 7 irmãos. Sua esposa é conhecida
carinhosamente como Dona Bebel. Deixa 3 filhos: Guiguito, Júnior e Diná.
Desde garoto percebeu que
nascera com um dom raro. Segundo a sua mãe, Doegnes iniciou a vida
artística tocando tambor, com o pai, que era motivo de grande alegria ao seu
José Martins.
Certa noite, depois de uma de
apresentação, o pai de Doegnes disse à sua esposa, se referindo ao filho:
Ah, minha mulher, agora eu posso me despreocupar
porque eu já tenho quem fique no meu lugar, porque meu filho tocou 3 marchas de
tambor que eu chorei demais, foi a coisa mais linda que eu já vi na minha vida.
Seus cantos não demoraram
invadir os carnavais e diversos festivais. Integrou a Super Banda Miragem.
Participou de bandas e grupos musicais de Pinheiro e de toda a região. Recebeu
propostas de outros estados, mas preferiu não deixar sua família, seus amigos,
seu torrão. o artista sempre se orgulhou da arte da qual fez sua profissão, e
repetia com orgulho:
Eu nasci com um dom do canto. E que, modéstia à
parte, também faz parte da História de Pinheiro e que se adaptou à evolução da
cidade.
Doegnes passou a ser presença
marcante e indispensável nas apresentações na Baixada Maranhense, para a qual
dedicou a sua vida e arte. Deixa saudades. O consolo é que a sua obra está
imortalizada nos corações e mentes da Nação Baixadeira.