sexta-feira, 30 de outubro de 2020

GUARANÁ JESUS: O XAROPE QUE VIROU "SONHO COR DE ROSA"

 Por Nonato Reis

 

O Guaraná Jesus, quem diria! Surgiu de uma tentativa de refrigerante à base de gengibre, amargo para danar. A história de sua criação remete a dois maranhenses, Jesus Noberto Gomes, o legítimo criador; e Sálvio Mendonça, uma espécie de conselheiro. Ambos nasceram praticamente na mesma época. Noberto, em Vitória do Mearim, em 1891; Sálvio, em Viana, em 1892. Norberto veio para São Luís aos 14 anos, à procura de emprego. Sálvio foi para a Bahia estudar Medicina.

O encontro dos dois se deu em São Luís em 1925, quando Norberto já era dono de farmácia e Sálvio, médico recém-formado. Dois anos depois surgia a fórmula que seria disputada por grandes marcas de refrigerantes, e a partir dos anos 2000 se tornou patrimônio da Coca-Cola. O Guaraná Jesus, de tal forma caiu no gosto dos maranhenses, que em São Luís chegou a bater em vendagem a própria Coca-Cola, líder mundial desse segmento.

1905. Ele desembarcou em São Luís, na Rampa Campos Melo, aos 14 anos, “sem dinheiro no banco ou parentes importantes”. Vinha do seu berço de origem, Vitória do Mearim, para, como se diz no interior, “ganhar a vida”. Jesus Norberto Gomes era pobre, não tinha nada, exceto a vontade de crescer e conquistar um lugar no mundo.

Queria trabalhar “em qualquer coisa e ganhar qualquer dinheiro”, como escrevera Sálvio Mendonça em seu livro “História de um menino pobre”. Sálvio, então médico recém-formado, quando conheceu Jesus Norberto, este já era proprietário da Farmácia Sanitária, em cujo laboratório gestaria a fórmula do famoso “Sonho Cor de Rosa”.

Seu primeiro emprego, espécie de zelador e officie-boy, foi na Farmácia César Marques. Lavava vidros, empacotava remédios e os entregava a domicílio. Inteligente, sagaz, com enorme tino empreendedor, em pouco tempo Jesus Norberto aprendeu a manipular as receitas e começou a se familiarizar com os processos de reações químicas em laboratório.

Aos 20 anos, deixou de ser empregado e tornou-se dono do próprio negócio, com a aquisição da Farmácia Galvão, na Rua Grande, que arrematou por três contos e 600 mil réis, dinheiro que economizara durante os seis anos de trabalho duro na farmácia César Marques.

A Farmácia Galvão estava praticamente falida: não tinha estoque, capital de giro, nem freguês, o que exigiu do novo dono suor e determinação.

Jesus Gomes trabalhava dia e noite no preparo de medicamentos injetáveis, cujas encomendas entregava pessoalmente a domicílio, independente de horário, de tempo bom ou ruim. Dor de dente, desarranjo estomacal, cólicas intestinais, o mal que fosse, ele sempre tinha um remédio para combatê-lo, que poderia ser iodo, gaiacol, elixir paregórico, porção de Ravier.


Quando Sálvio conheceu Jesus Noberto e os dois se tornaram amigos, a Farmácia Sanitária já funcionava na Rua de Nazaré, em instalações bem melhores do que as da Rua Grande. Ali Sálvio, a convite de Noberto, montou consultório num pequeno espaço cedido pelo proprietário. Atendia casos de doenças venéreas e problemas gástricos.

Começava a expansão das atividades de Noberto como empreendedor e sua farmácia assumiu ares de indústria farmacêutica, produzindo medicamentos injetáveis em larga escala.

Norberto cresceu como empresário, mas procurou manter um regime de cooperativismo com seus empregados, dando-lhes o direito de participação nos lucros da empresa, o que fazia do empreendimento algo compartilhado por todos. Em 1922, a Farmácia Sanitária já era estruturada com sessões de farmácia, drogaria e laboratório.

Sálvio sugere a Noberto que comece a fabricar águas gasosas e refrigerantes.

Em 1925, num galpão de fundo de quintal, na rua Nina Rodrigues, dá-se início à fabricação de “guaraná, cola-guaraná e gengibre”. "Seu Jesus", como era conhecido, havia comprado uma máquina de gaseificação da Alemanha para fazer magnésia fluida, só que ele não tinha autorização do Ministério da Saúde para preparar esse produto, que já era fabricado pela Farmácia Granado, no Rio de Janeiro.

Então lançou-se na tentativa de produzir um concorrente para o "ginger ale", refrigerante à base de gengibre fabricado na Ingaterra e muito popular no Brasil, especialmente em São Luís. Os primeiros produtos eram quase insípidos e amargavam pra chuchu. Noberto aprimora a fórmula, corrige o sabor. Os filhos dele experimentam e aprovam. Estava criado o embrião da bebida que faria história dentro e fora do Estado.

O Guaraná Jesus é talvez hoje o produto que mais se identifica com o Maranhão. No festival junino de anos atrás, organizado para celebridades no Convento das Mercês, o refrigerante foi a grande estrela do evento, dado de presente aos convidados como marca genuína do Estado. Acabou viralizado nas redes sociais pelo sabor único e inigualável. O que era reserva do Maranhão ganhou ares de preferência universal.

 Nonato Reis é jornalista.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Ex-porta-voz do governo, general ataca Bolsonaro: o poder 'inebria, corrompe e destrói'

 O general Otávio Rêgo Barros, ex-porta-voz da Presidência, afirmou em um artigo que Jair Bolsonaro se comporta como um "imperador imortal", sem mencionar o nome de seu ex-chefe. "Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói!”, destaca



Do Portal 247

O ex-porta-voz da Presidência Otávio Rêgo Barros criticou Jair Bolsonaro de maneira indireta por meio de um artigo publicado nesta terça-feira (27) no jornal Correio Braziliense. Embora não tenha citado o nome de Bolsonaro, ele afirma que o poder “inebria, corrompe e destrói”. No texto, Barros também critica os assessores e aliados que se comportam como “seguidores subservientes” pelo fato de o ex-capitão não aceitar críticas contrárias aos seus posicionamentos. 

“Os líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião”, disse o ex-porta-voz no artigo. “A autoridade muito rapidamente incorpora a crença de ter sido alçada ao olimpo por decisão divina, razão pela qual não precisa e não quer escutar as vaias. Não aceita ser contradita. Basta-se a si mesmo. Sua audição seletiva acolhe apenas as palmas. A soberba lhe cai como veste. Vê-se sempre como o vencedor na batalha de Zama, nunca como o derrotado na batalha de Canas. Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói!”, diz ele mais à frente. 

Para Rêgo Barros, é preciso que os demais Poderes e instituições devem permanecer vigilantes e firmes contra pressões e abusos. “As demais instituições dessa república — parte da tríade do poder — precisarão, então, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advirão como decisões do “imperador imortal”. Deverão ser firmes, não recuar diante de pressões. A imprensa, sempre ela, deverá fortalecer-se na ética para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo à população os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do César”, pontua.

“A população, como árbitro supremo da atividade política, será obrigada a demarcar um rio Rubicão cuja ilegal transposição por um governante piromaníaco será rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo romano, ela deverá sussurrar aos ouvidos dos políticos que lhes mereceram seu voto: — “Lembra-te da próxima eleição!”, finaliza.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

55 anos do naufrágio da lancha “Proteção de São José”

 Por Marcondes Serra Ribeiro(*)


“Lembranças saudosas que navegarão conosco eternamente!”

Cada feriado possui sua razão e este, especialmente joanino, acontece hoje em saudosa e reverente homenagem póstuma às inúmeras vidas que foram ceifadas por uma das maiores tragédias em águas marítimas do litoral maranhense. Aproximadamente, 270 vítimas, entre pessoas de São João Batista, São Vicente Férrer e lugarejos circunvizinhos deixaram-nos enlutados para sempre! Não se sabe ao certo quantas pessoas foram tragadas pelo mar bravio, naquela madrugada fatídica, em que a lancha “Proteção de São José” colidiu com os recifes, nas proximidades do Itaqui!

Já não me lembrava mais o dia da semana, mas busquei o calendário de 1965 e encontrei a data de 27 de outubro como sendo uma quarta-feira. Foi um dia inesquecível para os joaninos e que consagra um dos feriados municipais mais significativos de nossa história.

Eu era um garoto de 13 anos, estudante da Escola Técnica de São Luís, que contava os dias para o início das ansiadas férias e assim, poder viajar de lancha, junto a tantos outros estudantes, para nossa querida São João Batista, quando naquela quarta-feira, logo às primeiras horas, começou a circular pelas rádios ludovicenses a triste notícia do naufrágio da Lancha Proteção de São José, que havia saído do Porto da Raposa, em São João Batista, com destino a São Luís. Todas as atenções do mundo coberto pelas ondas de rádio se voltaram para nosso estado e o povo joanino começou a viver a maior aflição de sua história. Não havia precisão sobre a quantidade de passageiras e possíveis vítimas, mas prevíamos serem muitos, porque sabíamos o quanto as lanchas trafegavam superlotas.

Quem estava acostumado às viagens marítimas sabia da aventura intrépida que era, e ainda é, a travessia da Baía de São Marcos com destino à capital do estado ou à Baixada Maranhense. As ondas elevadas e bravias do Boqueirão, que amedrontam na aparência de querer engolir as lanchinhas minúsculas que avançam, elevam-se na crista da onda e descem em seus cavados, oscilam alternadamente para os lados e arremessam-se contra aquelas impetuosas vagas do mar revolto. São micros brinquedinhos feitos de madeira, uns pinguinhos movidos a motor, abarrotados de gente, navegando sobre a extensão infinda das águas e enfrentando as intempéries das viagens, aquelas sucessivas e rebeldes ondas, os persistentes banzeiros, as ondas mais calmas, até a tranquilidade da aproximação da ilha ou do litoral.

Tínhamos uma aflição comum: fazer a travessia, a tão esperada viagem marítima, normalmente de lancha, para nossa querida São João Batista, ou em sentido inverso, com viagens mais perigosas, aos finais de férias, mas com sentimentos proporcionalmente bem antagônicos. Aquela quarta-feira trágica, 27 de outubro de 1965, tornou-se um dia inesquecível para joaninos, e vicentinos, até hoje, uma narrativa épica feita com respeitosa comoção!

Para as viagens com destino a São Luís, embarcávamos no Porto da Raposa, cenário de tantas saudosas lembranças, onde se chegava o mais cedo possível, para encontrar-se espaço nas lanchas, onde armar as redes, que terminavam ficando coladas, acunhadas umas à outras. Aos poucos, até a hora da partida, os porões ficavam sobrecarregados de farinha e outros produtos comerciáveis e uma profusão de animais amarrados pelos espaços do primeiro pavimento sobre o casco, mais propriamente alojados na proa. Este era o quadro que compunha costumeiramente as embarcações, apinhadas até onde podiam, para mais uma viagem até a “Ilha dos Amores”. Quando as ondas se agitavam e lavavam o convés, o pânico era coletivo. Animais berravam, grunhiam, passageiros rezavam, cantavam hinos religiosos, clamavam pela proteção divina e a viagem prosseguia naquela luta desigual entre uma lanchinha de madeira, apinhada de gente e aquelas ondas descomunais, que faziam as tábuas rangerem mas que se mostravam poderosas, temíveis e impiedosamente sucessivas. Há relatos de algumas situações em que foram obrigados a jogar ao mar muitas mercadorias.

Chorar as vidas perdidas e desesperar-se para saber sobre familiares, parentes, amigos ou conhecidos, incertos quanto à possibilidade de estarem seguros em casa, ou naquela viagem funesta, foi uma conexão de pensamento comum. Naquela época, as comunicações eram lentas e muitos conterrâneos que morava em São Luís afluíram à Rampa Campos Melo, ávidos por notícias, radinho de pilha em mãos e vistas perdidas no mar, cheios de esperanças, medos e dúvidas - aquela angustiante sensação de que chegariam sobreviventes ou corpos sem vidas. Talvez, somente o incêndio do Maria Celeste tenha causado um semelhante fervilhar de pessoas aflitas naquele local de embarque e desembarque de São Luís.

A descrição do acidente, por aqueles que sobreviveram, é comovente, enternecedora e leva-nos a imaginar o pânico, o medo desesperado, a reação descontrolada de querer salvar-se e procurar seus familiares, filhos, pais que eram companheiros de viagem. A lancha afundando,  as águas engolindo tudo e as pessoas apavoradas, envencilhadas entre as redes e debatendo-se umas contra as outras, gritando por socorro, entre animais agitados, tonéis boiando,  chances de salvação para quem conseguisse segurar-se n’algum, resistir e contar com ajuda para sobreviver, como foi para muitos que se seguraram naquelas boias improvisadas, tonéis e até animais. Foi uma madrugada inesquecível, registrada em seus detalhes de horror e clamores na memória dos sobreviventes e imaginada emocionadamente por quem ouve seu relato!

Um feriado que configura uma dor joanina eterna!

(*) Marcondes Serra Ribeiro é professor e autor do livro de poemas "Revérbero Amarelo". Texto com imagens ilustrativas.

27 DE OUTUBRO DE 1965: 55 ANOS DE UMA GRANDE TRAGÉDIA...


O dia era 27 de outubro. O ano era 1965. Uma terça-feira. Naquela tarde-noite muitos eram os passageiros que se dividiram nas três lanchas que estavam ancoradas no Porto de Raposa. Naquela época o Porto de Raposa era um grande escoadouro de mercadorias e um dos mais movimentados da região, pois por ali transitavam muitos dos comerciantes dos municípios de São João Batista, São Vicente de Férrer, Matinha, Cajapió ou mesmo quem estivesse por ali só de passagem e que desejassem chegar até a capital do estado, São Luís, por via marítima.

Naquela terça-feira três lanchas estavam presas aos seus ancoradouros: Fátima, Maria do Rosário e a Lancha Proteção de São José. Todas estavam com suas lotações completas, fato que era comum naqueles tempos. Quase sempre excediam suas capacidades, pois era intensa a movimentação de cargas e passageiros.

Ao zarparem do Porto de Raposa, juntas, seguiram com destino à capital do estado. O enfrentamento do mar aberto era uma tarefa para mestres experientes. A escuridão da noite punha à prova a coragem de quem sabia e de quem nem tinha a ideia do quanto era perigoso aquela travessia. Mesmo assim, entre grunhidos, cacarejos, vozerios e o ensurdecedor barulhos dos motores, a viagem seguia. Até que de repente, não mais que de repente, na altura da localidade Tauá Redondo, já próximo do Porto de Itaqui, em plena baia de São Marcos, a tragédia.

A lancha Proteção de São José chocou-se com uma croa, que na linguagem dos embarcadiços era tão somente arrecifes de pedras. Em questão de minutos a lancha partiu-se, proporcionado a maior tragédia marítima, até hoje, ocorrida no Estado do Maranhão. Mais de uma centena de mortos entre homens,  mulheres e crianças. Poucos foram os sobreviventes. Fora um dia de luto estadual.

Alguns poucos sobreviventes, ainda vivos, estão a lembrar do maior naufrágio da nossa história. Pedrinho Duarte e sua esposa Dona Marinete, que inclusive foi a única mulher a se salvar, perderam a sua primeira filha, que nem tinha ainda dois meses de vida, mas se  salvaram perdidos um do outro. Pedro de Geraldo,  Sandáia, e Quidinho (estes  já falecidos), além também de Batista de Pacherá, são alguns dos que tiveram a sorte do salvamento.

Pedrinho Duarte, mais conhecido como Pepê, ainda morador de São João Batista, certa vez em entrevista narrou momentos da tragédia: “"Eu estava casado recentemente, logo veio minha primeira filha, só que teve algumas complicações de saúde, aí tivemos que levar minha filha e minha esposa a São Luis, já que o sistema de saúde no município era muito precário.  Estavam na embarcação, nós três da família, e alguns amigos que hoje ainda estão vivos, é o caso de Quidinho (já falecido, mas vivo quando da entrevista), Batista e outros... 

Por volta das 23:00 horas alguns dos passageiros já estavam deitados em redes na lancha, só que eu estava distante de Marineth ( sua esposa ), quando ouvir o primeiro barulho forte, tipo um choque com alguma coisa... não demorou muito para ouvir o segundo barulho, foi quando levantei procurando minha filha e a esposa, não olhei mais elas a partir daquele momento, foi desespero total. Pessoas gritando e sem podermos fazer nada, já que era noite. Marineth ao cair na água, conseguiu se apegar em um tonel. Com ela estavam mais cinco homens, agarrados ao mesmo, acredito que eles foram fundamentais para não deixar ela desistir, assim conseguiram chegar ao seco. Das mulheres que estavam na lancha, apenas Marineth sobreviveu ao naufrágio", relembra Pepê.

Continuando o relato, o sobrevivente diz mais: “"Eu estava perdido, sem saber pra onde ir, foi quando Batista chegou próximo de mim, ele sabia nadar melhor do que eu.  Não estava mais conseguindo nadar de cansaço, pedi que ele dissesse a minha família que eu tinha morrido, achava que não ia conseguir sair vivo, mas mesmo assim continuei a nadar na escuridão da noite sem saber ao certo pra onde e deixando pra trás um desespero. De repente vi que meu amigo Batista havia se distanciado de mim, fiquei a vagar sozinho. Teve outro momento que estava nadando em pé, senti um peixe de porte grande passar perto de mim, a água ficou gelada no momento, foi aí que pensei o pior... continuei a nadar sem rumo, por volta das seis horas da manhã tive contato com lama de uma ilha.

Pedrinho continua o relato. "Começamos a resgatar amigos e outras pessoas que se encontravam no local, só que meu pensamento estava na família, a todos que eu olhava, perguntava se tinham visto a minha esposa, Marineth, a resposta era que não. Mas em momento algum, perdi a esperança e sempre achei que ela estivesse viva. Fomos sair na Estiva, lá tive que pedir dinheiro emprestado pra conseguir chegar em São Luis, conseguimos alugar uma Kombi, para transportar as pessoas”.

Em meio a emoção Pedrinho conclui: “Ao chegar no Plantão Central em São Luis, encontrei com uma multidão de pessoas que procuravam informações de possíveis sobreviventes. Estafado e pesaroso fui levado para casa de alguns parentes. Estava na casa de um amigo, foi quando passou um JEEP, coloquei o rosto pra fora da janela, o veículo já estava passando e tinha apenas uma mulher,re conheci que era Marineth, a minha esposa. Chorei e dei mil graças a Deus. Havíamos sobrevivido a essa grande tragédia”

Entre os mortos, uns mais, outros menos conhecidos.  O número exato de vítimas ninguém nunca soube ao certo, pois naqueles tempos não havia lista de passageiros e nenhum controle. Ademais as lanchas transportavam pessoas de outros municípios como São Vicente de Férrer, São Bento e Matinha.

E assim, naquele fatídico fim de noite de terça-feira, de 27 de outubro de 1965, São João Batista chorou seus mortos. Desde então se reverencia a memória daqueles que sucumbiram nas águas da baia de São Marcos, na maior tragédia das embarcações. E já se vão 55 anos.

Na legislatura de 1989 – 1992, por iniciativa do então vereador Zezi Serra, foi sancionada a Lei Municipal que tornou o dia 27 de outubro, dia do naufrágio da lancha Proteção de São José, como feriado municipal.

(Texto original escrito em 2011 e publicado neste Blog. Atualizado e acrescentado de relatos dados em entrevista ao Blog de Jailson Mendes)

domingo, 25 de outubro de 2020

Mecinho reúne apoiadores em São Luís

 


O candidato Mecinho Soares reuniu centenas de joaninos na tarde noite de ontem no aterro do Bacanga. Foi um encontro para celebrar a preferência dos eleitores ao candidato do PSC à prefeitura de São João Batista. Além da sua candidata a vice-prefeita, Mayara Pinheiro, também estiveram presentes muitos dos candidatos a vereadores de sua coligação.

Os muitos joaninos que lá estiveram, começaram a chegar ao local do encontro por volta das 16:00h., obedecendo às medidas de proteção e com uso de máscaras. A reunião foi encerrada às 19:30, após a fala do candidato.

A coordenação da campanha avalia como muito proveitosa a missão do candidato neste final de semana na capital. Logo na parte da manhã, Mecinho esteve no Bairro de Fátima onde realizou um corpo a corpo, visitando alguns eleitores.

O encontro  da tarde chamou a atenção de alguns candidatos a vereadores de são Luís que são filhos de São João Batista ou tem alguma relação com  joaninos e que aproveitaram a oportunidade para declarar seu apoio ao candidato Mecinho, como foi o caso do ex-deputado Waldir Maranhão e da candidata a vereadora por São Luis, Rose Pinheiro, também do PSC.

O evento primou pela organização. Vejam as fotos dos muitos conterrâneos que aproveitaram a oportunidade para um reencontro.










sábado, 24 de outubro de 2020

Para nós, românticos incorrigíveis!

Por  Marcondes Serra Ribeiro

“O essencial é invisível aos olhos – só se vê bem com o coração”. Discutir essa verdade seria tropeçar e desabar inteiro aos olhos dos românticos sentimentais que se entregam crédulos aos abstratos e imagináveis prazeres benfazejos das belezas, amores e paixões, sonhos e ilusões!

Mas também é inegável a importância daquilo que se vê concretamente; não se pode subestimar a imensurável importância dos olhos à vida, também por ser uma das portas do coração, quiçá a mais importante delas, por onde adentram as imagens que nos emocionam e, mesmo à distância, atiçam-nos os desejos mais rapidamente. O que seria da beleza sem nosso testemunho visual!?

Não podemos menosprezar as máximas tão evidentes e categoricamente afirmadas: “O que os olhos não veem, o coração não sente”; “O que não é visto, não é desejado”!  Vivemos tempos de conquistas fáceis e instigadas pelo modismo da promiscuidade, que resultam em vulgarização do amor. Pobre de nós, românticos incorrigíveis!

Em outras épocas, existia um certo refreamento nas atitudes, zelo pelo recato, maior respeito pela moral vigente, sem a exposição descarada, acintosa e provocante dos belos e excitantes e convidativos atributos corporais, que alguns nem possuem, mas apelam às próteses, ou expõem, mesmo ridiculamente, seus “quase nada”. Hoje, o exibicionismo é dominante em quase tudo!

Resta-nos o conformismo da necessidade de justificar nossos desencantos, desamores, traições e outros aproveitamentos e usufrutos das situações de distância, ausência, desrespeito ao compromisso conosco, praticados pelos infiéis parceiros - sem que comprometamos nossa autoestima. Para não nos sentirmos em situação de inferioridade, magoados pelas traições, é melhor que admitamos o conhecimento da realidade, o que não justifica incursão de ninguém, muito menos de quem se ama, nessas situações de vulgaridade e “fáceis amores”!

Volto à importância de ter-se aos olhos  a pessoa amada, mesmo que  eventualmente limitados por algumas circunstâncias, porque, até àqueles que têm domínios dos impulsos, a presença do ser amado alimenta o amor, nutre a paixão, é lenha na fogueira ou pode ser motivo de saturação e consumo rápido de um relacionamento, pelas contenções ou chegadas cansadas e frustrações de intento de quem espera, mas quando acontece, ajustada às expectativas de determinadas finalidades, é prazerosa, leniente ou resolutiva das saudades. Ah! sim, isto realmente é!

Concluo que tudo é uma questão de coerência e respeito aos “limites”, simples assim!

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A tomada de decisão e os formadores de opinião

 Por Marcondes Serra Ribeiro

Em muitas oportunidades, não poderemos dizer, por falsa modéstia, que nada sabemos. Somos profissionais da educação e, entre nós, alguns estão professorando há muito tempo! O exercício digno de nossas atribuições concede-nos a primazia das responsabilidades educativas fundadas no conhecimento dos conteúdos trabalhados. Acrescentemos à militância pedagógica, o tempo de vida, a experimentação das mais diversas situações, as lições de cada uma, o aprendizado que se passa e que também fica - os valiosos ganhos abstratos do balanço onde as perdas materiais são tantas e os desgastes sentimentais constantes.

Neste tempo de escolhas, que incidirá diretamente sobre a qualidade de nossa vida, de nossa família e nosso povo, não fiquemos acomodados, copiando  e repetindo humildades filosóficas que subestimam nossa vaidade em relação ao valor das realizações, êxitos pessoais e profissionais e levam-nos à incursão no comedimento determinado pelas expectativas das circunstâncias soberbas d’alguns “importantes candidatos”. Bem ao contrário, firmemo-nos em nosso compromisso de formar opiniões e tomemos racional posição que nos garanta o necessário e merecido: saúde saudável, educação educada, saneamento básico apropriado ao nome - em níveis mínimos de eficiência, segurança confiável, incentivo ao empreendedorismo que gere emprego e renda, necessidades que vivenciamos ao longo do tempo e que precisam ser supridas com políticas públicas eficientes - obrigatoriedades normalmente descumpridas pelas gestões públicas.

Como formadores de opinião, estamos em época de assumir essa responsabilidade e ajudar a eleger aqueles que estejam mais preparados para conduzirem nosso município!

O voto mais consciente precisa ser nosso!

domingo, 18 de outubro de 2020

A Música além da arte

 Por Marcondes Serra Ribeiro

Todo trabalho com boas músicas é proveitoso, por isso gosto da arte musical e das outras formas artísticas nas escolas, compondo as atividades do processo educacional!

As músicas, com poesias maravilhosas e arranjos de sons geniais, inspiradas no amor, exaltantes dos bons relacionamentos, que contextualizam lições de vida, trabalhadas com expressivo lirismo e esmerada construção, às vezes, levam-nos à análise detalhada da mensagem e consequente admiração da sensibilidade, habilidade, da inteligência artística dos grandes compositores. Isto se torna especialmente prazeroso quando se tem amigos que se afinam conosco  pelo mesmo gosto musical, com os quais se possa desfrutar momentos melodiosos, discutir, argumentar sobre a obra, estender as ideias e concluir o quanto há de belo e poético na genialidade d’algumas citações, que podemos comprovar em nosso cotidiano.

 Assim é que cultuo admirações gratas por tão poucos compositores nacionais, independentemente de suas pessoalidades, ligado unicamente em suas expressivas artes musicais encantadoras, significativas: Caetano, Gilberto Gil, Belchior,  Geraldo Azevedo, Milton, Chico, Djavan, Zé Ramalho, Gonzaguinha, Jorge Vercillo, Zeca Baleiro, Luís Gonzaga, Renato Russo, Cazuza e o próprio Roberto em sua coerente e límpida simplicidade de musicalizar o amor, a amizade  e a fé!

Natural e perfeitamente fácil de entender é o senso aguçado e apurado da sensibilidade que nos toma e domina por completo, quando escutamos algumas músicas que nos transportam no tempo, fazem-nos saudosos dos amores vividos, dos cenários onde transcorreram e deixam-nos ansiosos por revivê-los.

Certas músicas tornam-se tão apropriadas, perfeitas e encaixadas em nosso viver sentimental, que nos induzem a apropriarmo-nos delas como se realmente fossem de nossa autoria. Se se referem ao amor e pararmos para tentar interpretar, entender esse nobre sentimento, o mais fácil é personifica-lo em alguém que amamos, porque serão tentativas vãs - já diziam os grandes e sensíveis escritores em suas investiduras poéticas.

Mas ...  O que é mesmo o amor?

Tentar explicá-lo com lembranças é atribuir-lhe um dorido tom nostálgico, pois invariavelmente incidente sobre alguém que o personifique, porque não se saberia  interpreta-lo de outra forma, sem a indutora simbologia. Qualquer tentativa será falha em algum ponto, e quando tentamos  demonstra-lo, também não o fazemos devidamente. Algo que o compõe fica retido pelas circunstâncias do momento, do próprio ser que ama ou daquele que é amado. Melhor mesmo é amar da forma que é possível, no presente, ou sonhar em construí-lo, tentando sempre mais uma vez amar!

Por isso é que se deve cativar quem nos encanta, e isto é bem mais fácil quando se aproveita o embalo do instante mágico e envolvente de boas músicas!

Domingo é um dia bem propício ao deleite musical. Aproveitemo-lo!

Marcondes Serra Ribeiro é professor e poeta joanino.

sábado, 17 de outubro de 2020

Obsessão semiológica, reflexões sobre a linguagem de um povo

 Por João Carlos da Costa Leite

Sou declarada e absurdamente apaixonado pelas palavras, formas de linguagem, vocabulários, sotaques e/ou quaisquer modalidades de expressão da comunicação verbal, oral. Desde criança, (eu já possuía essa postura wittgensteniana sem conhecer o conceito), punha-me embevecido escutando as múltiplas maneiras que gente oriunda de povoados, cidades vizinhas, se pronunciavam quando vinham consultar com Tchem, ou para visitar papai, jogando conversa fora, falando sobre pescarias, solicitando algum serviço.

Essa minha, digamos, obsessão semiológica, possuía um quê de contradições, pois ao mesmo tempo em que sentia regozijo, aprendendo e apreendendo novos termos, decorrentes do conhecimento sacro/ erudito das pregações na IPIB de Matinha, do presbítero José Conceição Amaral, do seu irmão, o reverendo Raimundo Estevão, bem como dos pastores que sempre nos visitavam, comumente inseridos em prazerosas e reconfortantes homilias; também babava de contentamento, com frases, vocábulos desconhecidos, bisonhos, hilários, intraduzíveis, vernáculos quase alienígenas, proferidos por pessoas mais simples, gente do povo, sem nenhum estudo formal, que circundavam meu dia a dia.

Os 8.516.000 km quadrados do Brasil, constituem gigantesco território, quase um continente. Concomitante a essa extensão, desenvolveram-se sistemas linguísticos bastante diferenciados entre si. Desse modo, um falante paulista, tem o seu jeito de denominar o mesmo animal, arvore, doce, comida, acidente geográfico, etc., distintamente a um paraense, gaúcho, goiano, paranaense. Essa heterogeneidade filológica trouxe ao “português brasileiro” inigualável diversificação, permitindo que verdadeiros mini idiomas fossem construídos.

Os regionalismos se imiscuem no cotidiano da população, enriquecendo sobremaneira essa língua, que de portuguesa só tem o nome, pois as influências estrangeiras, representadas por inúmeras etnias, bem como dos povos autóctones, descaracterizaram, de modo positivo, a “ última flor do Lácio” , como cantou Camões, no clássico Os Lusíadas, que as vezes torna-se necessário um tradutor, para o entendimento entre brasileiros e outros lusófonos. No Nordeste, embora não pareça, ocorrem assimetrias internas grandes. Consequentemente, o baianês, piauiês, pernambuquês, paraibês, etc., possuem seu glossário próprio. Sendo assim, o mesmo objeto em alagoês, pode ter o nome completamente dispare em cearensês.

Aqui no Maranhão, também temos idiossincrasias, denominamos maranhês. As desigualdades semânticas entre os habitantes da ilha de São Luís, do sertão, do sul e do norte do Estado são profundas, identificando pelo tom das palavras, das sentenças silábicas, a área de onde somos provenientes. Na Baixada, convergimos e divergimos: Nos une o sotaque, um modo de se expressar linguodentalmente em fonemas onde existam “de, te, ti/ di”, . Exteriorizamos esses vocábulos com uma batida forte, seca, quase surda, muito parecida com a maneira de falar de habitantes da maioria dos estados nordestinos, diferentemente de São Luís ou outras regiões do resto país, em que ao reverberá-los, aparece um “h” imaginário, ou arrastado. Esse mesmo fenômeno acontece com o “ne/ni” .

Não foram poucas as galhofas, bullyings, sofridos por baixadeiros, especialmente os matinhenses, em função do nome do município, quando ao mudarem para a capital, com o intuito de continuar os estudos, e lhes era perguntado, a guisa de apresentação, no primeiro dia de aula, qual sua cidade originária. Após a resposta MaTInha, gargalhas ecoavam na sala, transformando aquele momento de confraternização, num verdadeiro pesadelo de ironias, piadas, gozações, sarcasmos.

Esse mecanismo perverso é de tal modo inibidor, que quase sem perceber, a medida que o tempo passa, talvez por temor de continuar sendo visto como diferente, ou até para manter conversações e diálogos sem interrupção, pois o preconceito torna-se tão arraigado, que a maioria dos interlocutores relacionam o sotaque a carência ou dificuldade intelectual, vai havendo uma diminuição e gradual aclimatação ao modo de pronúncia ludovicense.

As novas gerações já não têm mais esse problema, devido a penetração da TV, dos vídeos da internet, da globalização que esses veículos proporcionam, e até mesmo avisos dos mais velhos, chegam na ilha do amor, já se exprimindo no “the” e no “nhe”. Possuímos alguns verbetes que são usados notadamente na região. Esse aspecto é bem catalogado e explicitado no livro “O dicionário do Baixadês”, lançado pelo bacharel em direito e escritor, natural de Peri Mirim, Flávio Braga, nosso Câmara Cascudo.

Lembrando o poema de Carlos Drummond de Andrade, “Canção Amiga”, na estrofe “minha vida, nossas vidas, formam um só diamante, aprendi novas palavras e tornei outras mais belas.”, o “idioma” baixadeiro é pujante, intenso, não cabendo obviamente num único texto. Sem a pretensão de exaurir o tema, levantarei alguns nomes e ditados que chamam a atenção, ao meu juízo, participando do universo idiomático maranhês, sendo mais específico, do baixadês. Enveredando ainda ao espaço geográfico de Matinha, a terra das mangas.

Para melhor entendimento grafarei o vocábulo, em seguida escreverei o seu correspondente, sentido, no português mais corriqueiro, conhecido.
Afulemado, afobado; oraça, desmaio; disgrota, coisa ruim; danisco, levado; pisunhar, bagunçar; esquentamento, DST; pulitrica, estripulia; cristé, reprimenda; farnisia, inquietação; laquibuque, palpitação no coração; fulustreco, fulano; marmanhar, pedir encarecidamente; muvido, chocho; polino, qualhira, homossexual; roscrofe, anus; turica, diarreia; renar, refletir, pensar; panema, azarado; trimbado, bêbado; baldiar, vomitar; inquistar, teimar; gato, amante; lacolá, ali perto;

Temos ainda os ditados, frases curtas, ditérios populares, provérbios, alguns bem setorizados, refletindo, mostrando lugares, pessoas, situações:” Dor de veado”, dor na boca do estomago; “tô Zé Roxo”, sem saber nada; “pelou uma porca”, quase acontecia, levou sorte; “ tabua de bacuri”, surdo; “cresce como rabo de cavalo, pra baixo, diminui; “nem rilha”, nada; “ quebrar pau no ouvido”, destratar; “buragica torceu”, a coisa pegou; “como terra”, muito; “ com a porca de Erinho”, muita fome ; “cueira verde”, azarado; “arroz de planta”, pessoa especial; “leite de onça”, difícil; “caixa prego”, distante; “mangá de Arlindo”, cemitério; “cachorro canhoto”, instável; “cavalo batizado”, violento. “bem aí”, perto. Esses são apenas dois aspectos do belo e envolvente universo filológico que nos circunda. Poderia mencionar muitos outros, por exemplo, o bom número de sinônimos e palavras correlatas quando o assunto é pescaria, peixes, arvores, culinária, ou atividades rurais, entre uma e outra cidade baixadeira.

Bagrinho, este famoso e saboroso peixe da água doce, que degustamos no vinho de coco babaçu, é assim chamado nos municípios de Matinha, Viana, Penalva, São João Batista, Olinda Nova; já em Arari e Vitoria do Mearim, denominam-no capadinho; tendo ainda a variante anojado, em Anajatuba.  Nas cidades que margeiam o rio Mearim, o nosso carrau, é corró; boi acari, bodó; cascudo, tamatá; acará preta, carambanja; patacho, catana; cauaçu, cuaçu; canoa movida a motor, garité.

Discorrer sobre modos de comunicação do nosso povo, buscar sua etimologia, é de inestimável valor pra mim, projeta planos futuros, com o vetor de trazer a memória lembranças, que mesmo estando distantes no tempo, continuam povoando meu mundo, transbordando- o de eternas saudades. Torna-se imperioso um estudo aprofundado, com a confluência dos diversos atores que amam a temática e dela fazem parte (órgãos públicos, secretarias de cultura, academias, fundações, professores/alunos de história, filosofia, sociologia, etc), bem como posterior resgate, preservação e divulgação deste importante acervo linguístico.

Ele é parte da nossa cultura, e um povo que não conhece sua história, seu passado, está fadado a um incerto presente, e desastroso, quiçá inexistente, futuro.

João Carlos da Silva Costa Leite, nascido em Matinha, bancário aposentado , estudante do curso de Filosofia da UFMA. Membro fundador da AMCAL , Academia Matinhense de Ciências , Artes e Letras onde ocupa a cadeira 17.

 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Administrar com responsabilidade

 Por Luiz Figueiredo*

Luiz Figueiredo
A Administração Pública visa principalmente o bem estar da população com serviços, obras, e investimentos no setor produtivo que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas, especialmente das crianças e dos idosos. A descontinuidade administrativa é um dos grandes entraves do setor público.

A falta de planejamento a médio e longo prazos é a principal causa dessas distorções. Um gestor inicia obras ou fixa metas, define prioridades, mas ai transferir o poder para os substitutos, estes não consideram mais o programa definido pelo antecessor e por isso temos Brasil afora um sem número de obras inacabadas ou paralisadas, com um imenso prejuízo para o erário e a população.

Em outros casos obras existentes simplesmente são demolidas ou abandonas. São João Batista é caso típico, onde tínhamos uma granja que fomentava o desenvolvimento da avicultura, hoje não mais existe. A casa do mel, a casa da castanha, um excelente posto de saúde na sede, colégios nos povoados Arrebenta, Laranjal ll, São José e outros, um pequeno hospital no Paulo VI, a pouco construído, em ruínas. Obras inacabadas podemos citar o posto de Saúde de Santana, o prédio CRAS e outras.

Chegamos ao cúmulo de ter dois elefantes brancos na parte nobre da cidade, um colégio inacabado e mal projetado na Rua Humberto de Campos e uma academia para idosos pronta e que nunca funcionou pela total incapacidade de que a concebeu, construiu e abandonou, tudo isso bem próximo da prefeitura e da igreja Matriz. As máquinas e equipamentos viram sucatas de uma ora pra outra…

Ao encerrar o meu mandato de prefeito deixei a praça da Matriz construída, e foi melhorada por sucessores. Agora estou sabendo aquela bonita praça, numa total falta de visão, foi demolida pelo atual gestor. Sinal de incompetência e descaso com a população. Por que não construiu outra? Tantas prioridades que temos, tanta coisa importante a fazer…

Precisamos de um plano de urbanização para nortear o desenvolvimento da cidade, em primeiro lugar. Por todo isso é que precisamos de gestor compete, austero, responsável, conhecedor da nossa realidade e que venha para aplicar com mais racionalidade e eficiência os limitados recursos do município.

*Luiz Figueiredo, administrador de empresa, ex-prefeito de São João Batista

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

PARABÉNS, PROFESSORES E PROFESSORAS!

  Por Marcondes Serra Ribeiro

Imagem ilustrativa
Sou orgulhosamente apaixonado pela profissão que, com muita dedicação e generosidade, abracei há décadas!  Com breves interrupções, são quase cinquenta anos dedicados à Educação!

Quantas alegrias, orgulhosas comprovações de utilidade e manifestações carinhosas de gratidão já recebi. Quantas saudades, profundamente emotivas, tomam-me quando as lembranças me levam viajante insólito pelo túnel do tempo! E ainda me resta um persistente sonho: fazer parte de um grupo de trabalho dedicado e eficiente, que exercite um grandioso e qualitativo projeto contemplativo da educação pública, com responsável determinação, pessoal reconhecidamente competente, amor e disposição em seguir os bons exemplos. – que são muitos!

Hoje, junto meu imenso orgulho a tantos outros justos e eméritos e sinto-me feliz pela deferência destacada no calendário, que consagra o dia aos PROFESSORES.  Parabenizo todos os respeitáveis profissionais da educação, gente aguerrida, abnegada, que luta perseverantemente com garra, destemor e generosidade pela melhoria da qualidade educacional e está sempre disposta na defesa desse ideal de trabalho.

Caros professores, estejam sempre atentos e comprometidos com cada uma das atribuições que desempenham e dediquem-se às inovações, sem menosprezar a necessidade do planejamento do trabalho. Sabemos que o processo do ensino-aprendizagem carece fundamentalmente de criteriosa e adequada organização, que contemple os princípios de liberdade e satisfação das necessidades individuais e coletivas, oportunidades desprovidas de preferencias discriminativas, voltadas à preparação do alunado para exercício consciente da cidadania.

Façamos de cada dia de dedicado trabalho, mais um DIA DO PROFESSOR!

Personalidades da área educativa, professores exemplares, despontam em minhas lembranças - meus mestres e mestras inspiradores, Dona Risoleta, Noemi Mampeti, Ramiro Azevedo, Jocelino Melo Ribeiro, Alice Mancebo, Sued Tavares, Nelson Almada Lima, Afonso Ribeiro, mas não ouso incorrer em esquecimento de algum nome, dentre tantos admiráveis companheiros de labuta pedagógica, que estão em pleno exercício da profissão mais valorosa de todas!

As mais justas homenagens sois merecedores, queridos professores. Meus profundamente sinceros, grandemente afetivos e justos Parabéns!

 

“A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar!...”

(Gonçalves Dias)

AGORA É NÓS...


O título bem que se
adéqua às situações momentâneas. Se eu falar como cidadão que é eleitor e está no tempo de sua valorização e procura, estarei certo. Mas a quero me referi no “post” é tão somente, numa linguagem mais trivial possível, dizer que estamos de volta a nossos escritos, às nossas postagens aqui no Blog. Voltaremos a opinar, como sempre foi o norte de nossas postagens, sobre os fatos que dizem respeito à vida dos cidadãos: a política, a educação, a economia, a segurança e todas as temáticas pertinentes a vida da coletividade.

O nosso blog há muito deixou as questiúnculas paroquiais. Elas podem até ser objeto de postagem, mas será sempre a minha opinião ou de quem a escreveu. O blog não é um noticioso do dia a dia, dessa forma pode ser que tal “ocorrido” não seja mencionado, a menos que o fato acontecido seja de relevância tal.

Neste novo momento, a trinta dias das eleições municipais, estamos iniciando uma sequencia de “posts” que visam subsidiar os candidatos a gestores municipais numa visão de macro política. Discutiremos temas como meio ambiente, educação integrada e de qualidade, saúde pública, a geração de oportunidade, inserções e qualificações ao mercado de trabalho. Faremos apontamentos de possíveis soluções dos problemas que marcam a vida de nós cidadãos.

Iniciando hoje esse novo ciclo, tomamos a liberdade de postar (na sequência) o texto do Professor Marcondes Serra Ribeiro, que exalta e homenageia os Professores, pela passagem do dia alusivo a essa categoria profissional.

Como se costuma dizer: é vida que segue!