sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A revolta das jumentas

 Amazan (*)

Quem primeiro inventou greve
Aqui em cima do chão
Foi um lote de jumentas
Até com certa razão

É que Deus tava criando
Seus animais e soltando
Uns com urro, outros com berro
E por muito ter trabalhado
Sentiu-se um pouco cansado
Porque ninguém é de ferro.

Deus estava terminando
De inventar o jumento
Mas resolveu descansar
Determinado momento
Chamou um anjo importante
Que era seu ajudante
E amigo particular
E lhe disse com capricho
Termine aqui esse bicho
Que eu vou ali descansar.

E quando Deus retornou
Do seu descanso sagrado
Deu de cara com o jumento
Que já tava terminado
Mas notou logo um defeito
E disse assim desse jeito:
"Rapaz num tem jeito não,
só dá tempo eu me ausentar,
pro negócio desandar
no setor da criação."

É que o seu ajudante
Concluindo o animal
Deixou aquele negócio
Meio desproporcional
Metro e "mei" de comprimento
Maior do que o jumento
Chega passava da venta
Deus disse: "Num presta não,
que não vai ter posição
dele subir na jumenta."
O anjo disse: "Eu ajeito,
Comigo não tem fracasso,
É só pegar uma faca
E tirar aqui um pedaço.
"As jumentas escutando,
Foram logo se juntando
E num desejo comum,
Disseram logo em seguida:
"Vê se arruma outra saída,
cortar? De jeito nenhum."

E fizeram uma assembleia
Colocaram em votação
Ganhou por unanimidade
A frase do "corta não"

Com a confusão criada
Deus viu que da enrascada
O anjo não sairia,
Aí entrou em ação
Pra mostrar a dimensão
Da sua sabedoria.

“- A marreta de dois quilos”
Pediu para alguém trazer
E disse: "Segura o jegue,
que a gente vai rebater.
"Aí baixou a pancada
Dava cada marretada
Chega esquentava a marreta
E o jegue até hoje em dia
Possui a mercadoria,
Da forma de uma corneta.



(*)Poeta popular, cantor e músico nordestino.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Para a Coluna do Jersan

Texto originalmente produzido para a Coluna do Jersan publicado no Jornal Pequeno - edição de 02.11.2014.


O pós-eleição

Ainda são muitas as querelas acerca do resultado das eleições presidenciais. De um lado as arguições dos que queriam a vitória de Aécio Neves, de outro os que vibraram e de alguma forma justificaram a vitória da presidenta Dilma. As redes sociais foram e ainda são o palco para estas opiniões. Algumas fundamentam muito bem e assim justificam o voto dado ao que perdeu e ao que ganhou, outras recriminam de forma virulenta o voto e a vitória dados à candidata petista. E mais..., de forma preconceituosa acendem o ódio, o desprezo para os nordestinos, sobretudo aos “bolsistas” dos programa sociais do governo, como se só a estes coubessem a razão da reeleição da Presidenta Dilma Rousseff.

De certo fica latente a ideia de que precisamos rediscutir os programas sociais, a fim de que eles não funcionem como um cabresto eleitoral. Tudo bem, também concordamos. Mas o que nos espanta é saber que só agora as grandes elites descobriram que o Brasil vota por interesse, por pleito de gratidão. E nesta onda se vão a maioria dos políticos. E já faz muito tempo. Foi assim na era “Collor”. Muitos políticos “pilantras” embarcaram na onda do “caçador de marajás”, esquecendo-se de que eram os próprios, em carne e osso. Está sendo assim na era Lula. A grande moeda hoje são os programas sociais: bolsa isto, bolsa aquilo; qualquer coisa minha vida, etc.

Outro ponto a ser levado em conta ao nosso ver, é o fato de que o eleitor guarda profundas marcas dos governos. Se estas lhes são caras ou lhes trouxeram prejuízos, há o receio natural à política de tal partido, mesmo o eleitor se lixando para partido político, pois ele vota mesmo é em candidato; se por outro lado estas marcas são benéficas e lhes trouxeram algum crescimento há também uma tendência de repetir o voto. É assim aqui e alhures. Felizmente aqui quem perdeu não perdeu tudo, portanto, agora é esperar para ver no que vai dar!

Uma boa reflexão

Ainda com vistas aos comentários de teor xenofóbico contra os nordestinos, a colunista do G1, a Doutora Andrea Ramal, em artigo intitulado “Redes sociais e preconceito”, opinou, e com razão, que os muitos caminhos que levam a estes preconceitos, um deles está na educação recebida, tanto em casa como na escola.
Assim, a Drª Andrea Rama afirma: “Muitas vezes, até sem perceber, os pais podem ensinar atitudes preconceituosas às crianças menores. Quando, por exemplo, se referem a alguém pejorativamente como “aquele paraíba”, “o cabeça chata”, “o ceará”. Somados a outros adjetivos e comparações que a família possa empregar no cotidiano, firmando-se no intelecto da criança, criando assim estereótipos”.

Além do argumento de que os próprios livros didáticos caracterizam o “nordestino” como um ser solitário, como um “personagem maltrapilho desenhado sob um sol escaldante, a terra cheia de sulcos e aridez, ele com uma trouxinha, acompanhado de uma mulher grávida com outra criança no colo, e uma legenda explicando que “nordestinos partem em busca de melhor destino”.

Mas qual seria o motivo de tanta agressividade nos comentários registrados contra os nordestinos? “Talvez – é apenas uma hipótese, afirma a colunista, – “o fato de que nesta eleição, os “pequenos” e condenados ao esquecimento hajam tido um papel protagonista, o que colocou em xeque uma noção de hierarquia regional cristalizada por longas gerações”.  E ela conclui dizendo que “... cabe a nós, pais e educadores, criar oportunidades para educar numa lógica diferente. Afastar os velhos paradigmas que rotulam regiões e seus habitantes. Estimular um modelo mental que combine mais com o mundo de hoje, das redes e interconexões, em que as pessoas precisam trabalhar em grupos multidisciplinares, aprender com as diferenças e interagir o tempo todo com empatia e respeito.

Repudiando o ódio


Eu, em particular, repudio qualquer manifestação de ódio advinda dos muitos que fizeram e fazem uso das redes sociais para destilarem seu veneno contra os eleitores que votaram na presidenta eleita Dilma Rousseff, sobretudo os nordestinos, como se fossem estes os grandes responsáveis pela vitória da petista.

Esquecem estes inconformados (e eu não votei em Dilma), que vivemos em um único país e que a presidenta reeleita teve votos de todas as regiões do território nacional. É bem verdade que a grande maioria do povo pobre deste país, beneficiada com os programas sociais do governo, votaram em Dilma. Mas e daí? Na verdade estes eleitores votaram no candidato do governo, fosse ele Aécio, ou Dilma, ou Lula, ou Jersan ou eu. 

Quem assim pensa ou compartilha de tal pensamento se esquece de que o discurso xenofóbico só traz cisão ao país e ao povo brasileiro. Talvez eles não saibam que apesar da caracterização o “nordestino’ é antes de tudo um forte, um bravo, e que reconhece que apesar dos desmandos lá de cima, viu sua vida melhorar aqui em baixo.

Há que se respeitar a vontade da maioria. É assim a primeira lição da democracia.


A conta gotas...

Foi assim que se referiu um amigo nosso, acerca da indicação dos secretários do novo governador eleito e que tomará posse no dia 1º de janeiro, Flávio Dino. Ao que parece, e senhor de todas as decisões, Flávio Dino não quer causar alarde na divulgação de todo o seu secretariado. Não reúne a imprensa. Não cria expectativa. Anuncia um secretário por dia, no máximo dois. Tem sido assim, até aqui. E sempre divulga através de suas páginas de redes sociais, twiter ou facebook. Nos que estão na lista de espera é dose a conta gotas.


Pedindo a Deus...

Ainda inspira cuidados o quadro de saúde do radialista Anacleto Araújo, irmão do titular desta coluna, Jersan Araújo. Anacleto segue internado no Hospital dos servidores do estado, depois que sofrera dois infartos, no último final de semana. Por solicitação do Deputado estadual Tatá Milhomem, o corpo médico da Assembleia Legislativa tem acompanhado o quadro de saúde de Anacleto, que é servidor daquela casa legislativa e onde goza da amizade e do carinho de Deputados e servidores. Além da confiança nos médicos, a família roga ao Pai Celestial – o médico dos médicos -, para que restabeleça a saúde do seu ente querido.