quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CÂMARAS DO INTERIOR

Nos países mais adiantados, os poderes legislativos não são subservientes aos executivos. Eles se impõem. Em todos os níveis.
Infelizmente isso não ocorre no Brasil, principalmente no que diz respeito às câmaras de vereadores do interior. Elas, salvo honrosas exceções, e a nossa não está ente as tais, são subservientes às prefeituras. São anexos delas, dependências, sucursais, filiais.
Só fazem uma reunião por semana, quase sempre inócua, tediosa, sonolenta e medíocre. Não se apresenta projetos que melhorem as condições de vida do povo, mas apenas aqueles requerimentos cafonas, feijão velho com arroz bichado, aqueles ridículos "requeiro à mesa que  após ouvido o plenário, (...) blablablá...". E votos de aplausos, de pesar, títulos de cidadão a três por quatro e outras bobagens. É que grande parte dos vereadores são vereadores lagartixas, baixam a cabeça a tudo que o executivo ordena. Ou na verdade nem ordena. O executivo, a bem da verdade, não está nem aí para o legislativo.
Por outro lado, fiscalização do executivo é fruta braba nas câmaras do interior. Ninguém sabe nem por onde começar. É que falta base legal aos nossos edis. Muitos são egressos da massa, quase todos com pouca formação escolar. São poucos aqueles que possuem formação acadêmica superior. Por outro lado, os diletos vereadores não são cobrados em suas bases. O eleitor depois que o elege não procura saber dos projetos do seu vereador, muito menos faz alguma reivindicação a este. Limita-se apenas a sugá-lo, como se cobrasse o seu voto. É uma ciranda de interesses sem fim.
E para esse triste papel cada vereador recebe, por mês, nas cidades de porte médio, mais de quatro mil reais, fora assessores, parentes e correligionários pendurados em bicos nas prefeituras, verba de representação e de gabinete quando são da mesa, diárias quando viajam a "serviço" e etc e coisa e tal, aqui, entende-se um tal de “por fora”. O empreguismo é outra moeda de subserviência. É comum ser dada uma cota de subempregos a cada vereador, que por sua vez distribui a seu bel-prazer entre seus eleitores. Como se vê, é um enganando o outro. Com salários de faz-de-contas, a ciranda de interesses só aumenta mais.
Não restam dúvidas em meio à população de que é preciso melhorar a composição das câmaras. Mais: se isto ainda não nos é possível, a culpa também é do eleitor. É ele  quem vota e elege. Entretanto, é preciso a Câmara investir na Câmara. Em nosso caso particular é preciso  sair da vergonha de  não se ter sede própria. Vive-se de empréstimo de prédio do executivo, esta por si só já é um laço de dependência com o executivo.
Para que os vereadores possam trabalhar, urge que se tenha esse espaço de trabalho. O vereador não deve ser apenas uma figura a bajular o Prefeito. Temas dos mais diversos devem ser debatidos em forma de audiências públicas, painéis, seminários, etc. Precisamos de uma Câmara que possa ter espaço e dignidade para os  vereadores trabalharem. Onde o público possa participar, seja assistindo às sessões, seja a fazer pesquisas nos anais da casa, afinal de contas é na Câmara também que deve se encontrar muito da história do município.
E ainda que as Câmaras venham a ter laços de obediência cega ao poder executivo, o que se espera é que os poderes possam ser harmônicos entre si, e que seja dado o devido valor aos parlamentares. Por sua vez, que estes sejam autônomos, e que lhes garantam a personalidade jurídica e o respeito que a função exige: a de bem representar o povo.
É só isso que se quer.

NOTAS RÁPIDAS...

AS IDAS DE NOSSOS CONTERRÂNEOS...
Causa estranheza e preocupação para alguns os sucessivos óbitos ocorridos com alguns de nossos conterrâneos neste começo de ano. Primeiro foi a trágica morte de Tonho Abreu, vitimado em um fatal acidente de motocicleta ocorrido no trecho do ramal Bom-Viver / Sede, na altura do povoado Jaqueira.
Depois faleceu a Senhora Jercina Costa, antiga moradora da sede de São João Batista. Natural de Santana e mãe do Dr. Arnaldo Costa da Costa, Diretor Geral do Colégio CINTRA.  Alguns dias depois, vítima de forte descarga elétrica, faleceu a Senhora Maria Amélia, esposa do Senhor Coló, conhecida moradora do povoado Candonga, em nosso município.
Mais recentemente, a sociedade joanina perdeu mais uma de suas ilustres conterrâneas. Trata-se de Jovina Costa Gonçalves, esposa do conhecidíssimo Joca Cupim.  Jovina sempre foi uma pessoa alegre, amiga. Tinha jeito de mãe e avó caridosa.
Aos familiares de todos, os nossos votos de sincero pesar. Que Deus os reserve um bom lugar a todos...

RBC NEWS...
É este o nome do Programa de Rádio levado ao ar pela Rádio Beira Campo de São João Batista e apresentado pelo jovem Jailson Mendes, membro do Fórum da Juventude e um dos editores do Blog da Agência de Comunicação Educativa de São João Batista. O Programa tem  alcançado altos índices de audiência e vai ao ar todos os sábados, das 11:00h ao meio-dia. No último sábado, o programa recebeu o ex-prefeito Dr. Zequinha Soares, que rebateu críticas à sua pessoa e defendeu as ações do governo municipal que é comandado pela sua esposa Surama Soares.

A PELEJA CONTINUA...
Ainda promete alguma expectativa o processo de cassação definitiva do Prefeito Eduardo Dominice. Fora do cargo desde junho do ano passado, Eduardo tenta no TSE anular a decisão do TRE que empossou a 2ª colocada na eleição de 2008, Surama Soares.  Espantoso é que um dos mais entusiastas pelo retorno de Eduardo é o atual vice-prefeito  Carlos Figueiredo, que recentemente oficializou o seu rompimento coma atual prefeita.
No último dia 08 do corrente (terça-feira) foi negado um agravo ao processo, impetrado pelos advogados do Prefeito cassado Eduardo Dominice. Pelo andar da carruagem Surama vai levando vantagem também nas barras do TSE, em Brasília.

PIRACEMA E CONFUSÃO...
Vêm causando muita apreensão aos moradores da sede de São João Batista as prévias do Carnaval, batizadas de “piracema”. É que a cada domingo que sai a “piracema”, muitas brigas ocorrem durante o evento. São foliões eufóricos e, muitos destes, bêbados que irresponsavelmente põem em risco aquilo que deveria ser uma brincadeira de carnaval. Muitos joaninos já opinam pelo fim da “piracema”, como forma de preservar o patrimônio público e de particulares, ameaçados por alguns “piracemeiros” mais exaltados.
Se é que tem que haver esta piracema, que permitam “as traíras, as piabas, as acarás, e outros peixes más” desfilarem ao longo do caudaloso leito da Getúlio Vargas. Que os órgãos da justiça, da Segurança Pública e o poder público municipal possam garantir, juntamente com os organizadores, que o evento possa acontecer com respeito e paz.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

SURAMA X CARLOS FIGUEIREDO: Os erros e os acertos de cada um.

1ª Parte
Todo o povo joanino já previa os últimos acontecimentos políticos.
O rompimento do vice-prefeito, o neófito Carlos Figueiredo e a prefeita Surama Soares já eram favas contadas, como se costuma dizer por aqui. Os sorrisos e as alegrias de outrora, empenhados em favor da emersão de ambos ao poder, agora são contorções labiais, dissabores e arrependimentos.
Prefeita e Vice-Prefeito
Parece sina de vice. Brigar com o titular, ou vice-versa. A história política está cheia de casos como este. Parece uma colcha de retalhos emendadas com farrapos. Não se segura. No nosso caso em particular, anormalidade seria o contrário. Aqui em São João Batista é quase uma regra o rompimento entre os mandatários do município. E por coincidência ou não, estes desentendimentos sempre rondam o político Zequinha Soares, ex-prefeito de São João Batista.
Mas teçamos opiniões tão-somente ao caso mais recente e vamos tentar opinar sobre os erros e acertos de cada um.

Os erros e acertos de Carlos Figueiredo
Carlos Figueiredo, ou Carlito, para os poucos que o conheciam, quis ser político em São João Batista por obra e graça de si mesmo. Apesar de ter ligações com a terra-mater, nunca se quer fora, até sua transferência, eleitor daqui. Não cultivara uma sólida legião de amigos, nem tampouco fora ungido pelas mãos de algum político de renome aqui da terra. Talvez aqui o seu primeiro erro. Embora o Direito o tenha legitimado para tal proeza.
Acertou quando, de posse de um partido político, se propusera ser candidato a prefeito, mas errou quando, visando o poder, aceitou o convite de Zequinha Soares para compor na condição de vice-prefeito, a chapa encabeçada por Surama Soares. Para um iniciante, bom seria que desbravasse o seu próprio caminho.
Derrotados, Surama e Carlos Figueiredo buscaram através de provas (dizem) contundentes, a cassação de Eduardo Dominice, intenção esta consumada no TRE, onde o vice-presidente de tal colegiado é desembargador e irmão de Carlos Figueiredo. Aqui se pode dizer foi acerto e muito mérito do vice, por ser irmão de quem é.
Mas o erro maior de Carlos Figueiredo ainda estava por vir. Segundo comentam, um acordo firmado ainda na composição da chapa lá nas eleições de 2008, em caso de vitória, Surama não iria para reeleição e o candidato à sua sucessão seria o próprio Carlos Figueiredo. Se este acreditou, foi ingenuidade e erro.
Outro erro estratégico foi assumir, por desejo próprio e cota pessoal, a Secretaria Municipal de Saúde, no governo do qual já era vice. Nada contra. É que neste caso, o ilustre vice-prefeito não é da área, não tem relações com um setor que requer conhecimento razoável de saúde pública. E assim, neste campo, foi engolido pela inaptidão para o cargo e pelos queixumes de uma função que não exercia plenamente, pois doravante, não lhe fora dada integralmente.
Os erros se sucederam um após outro. Porém, o mais crucial de todos foi não cultivar a simpatia da atual mandatária, não incentivar e não permitir uma reeleição futura, sem pressões. Ou seja, Carlos Figueiredo não se permitiu, paciente e inteligentemente, ficar esperando a sua vez. Quis furar a fila. E aí, deu no que deu.

(Não deixe de acompanhar a 2ª Parte desta postagem)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

UMA BREVE HOMENAGEM A TONHO ABREU

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz...”
O verso que inicia e eternizou a canção de Gonzaguinha bem que poderia se adequar a vida de Antonio Carlos Campos Abreu, ou simplesmente Tonho Abreu. Afinal de contas foi assim que ele sempre viveu a vida: com alegria. E era assim que ele encarava a vida: sem vergonha de ser feliz.
Nascido no povoado Alegre (Morros), Tonho trazia na personalidade a etimologia do lugar onde nascera: a alegria, a simpatia, a cordialidade. Estas qualidades, diga-se de passagem, são atributos da família. Fiz-me amigo de Tonho Abreu por intermédio do meu dileto companheiro de série, o seu irmão José Guilherme Campos Abreu, por quem até hoje tenho profunda amizade.
Pois Tonho era assim. Tinha amizade verdadeira por seus amigos. Alegre, comedido, gentil e respeitador eram algumas das suas muitas qualidades. Aliás, estas qualidades o acompanharão certamente em sua nova missão.
Tonho Abreu era assim: um eterno aprendiz... ainda que fosse mestre na arte de ensinar.
Mas e a vida? O que é a vida, meu irmão? Será a batida de um coração? Ou será uma doce ilusão? O poeta nos brinda mais uma vez. Será maravilha, será sofrimento?
Um dia, passaremos as cortinas do tempo e seremos lembrança. O meu amigo Tonho Abreu hoje é lembrança, afinal, do outro lado, quis o Divino Criador que ele semeasse os versos da nossa gente, e ele se foi.
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo, é uma gota, é um tempo que não dá um segundo...”, é.., pode ser, pois nos desprendemos do corpo numa fração de segundo. Foi assim com Tonho. Mas certamente nos eternizaremos nas boas ações que realizamos e nas amizades que cultivamos. Tonho Abreu fez e fez bem as duas coisas.
Agora, com certeza, haverá de ministrar aulas no céu. Será certamente um dos professores da escola do grande Mestre. E entre anjos de luz velará, lá de cima, os nossos passos aqui na Terra. Enquanto isso nós, simples mortais, queremos crer que assim é a vida , cá e lá, e ela é bonita, é bonita, e é bonita!
Aplausos pelo que foste e sempre será!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A POSSE AMBULANTE

No mundo político tem de tudo e certamente este fato ocorrido em São João Batista, talvez não seja o único na história política do país. É possível que já tenha acontecido em algum rincão deste nordeste brasileiro. Digo nordeste, pois esta artimanha política é própria da ultrapassada política dos coronéis que há muito acontecia por estas bandas, ou parece que ainda acontece.
A posse ambulante é a expressão por mim usada para nominar o oficioso gesto usado pelo novo presidente da Câmara Municipal de São João Batista, o vereador Rui Serra, que se auto-impossou no cargo para o qual fora recentemente eleito.
Vereador Rui Serra
Tudo aconteceu porque a sessão ordinária que deveria ocorrer para solenizar a posse da nova mesa da Câmara não houve. A totalidade dos membros do parlamento joanino fez pouco caso da solenidade e deixaram de comparecer ao prédio onde funciona a Câmara Municipal. A sessão, se ocorreu, não deu quórum regimental. Por esta razão e ansioso para se sentir Presidente, o Vereador Rui Serra  tomou uma atitude que, no mínimo, ficará nos anais folclóricos da política joanina, e que, certamente, o tornará lendário.
Eis o fato: O ilustre Presidente, Rui Serra, temendo o adiamento da sua posse e talvez receoso de algum mau presságio ou golpe de Estado (hic), pegou o livro de Atas da Câmara Municipal, determinou a lavratura da Ata de posse e em seguida saiu à procura dos companheiros de parlamento para que assinassem a Ata da reunião (que deveria ter acontecido) que o empossara no comando do legislativo municipal.
Tal fato é risível, é cômico, mas foi verdade.
Os diletos companheiros, assim que achados, não se fizeram rogados nem pediram “algo” por suas assinaturas. Cumpriram “em trânsito” seus  deveres parlamentares, afinal de contas, estariam todos em casa e as animosidades da eleição já seriam coisas do passado.
Como se vê, o novo presidente inaugura um estilo todo particular de presidir. Suas decisões, ao que parecem, serão monocráticas. Não ouvirá a ninguém, a não ser a sua própria consciência. Não permitirá ser aparteado em seus exauridos discursos. Será ele, mais ele com ele mesmo.
Os entraves terão soluções mágicas, como esta  da posse. E como num conto de fadas, onde a caneta fará às vezes da “varinha de condão”, far-se-á o irreal virar realidade, e o abstrato virar concreto.
Assim entendendo esse inusitado fato, não caberia outra nomenclatura a esta crônica, a não ser “a posse ambulante”. Coisas da nossa gente e da nossa política.