quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Reta final do 2⁰ turno levanta cheiro de pólvora em São Luís

 Por Raimundo Borges 


A disputa do segundo turno em São Luís é um Deus nos acuda. Apenas três dias separam a campanha que termina na sexta e o eleitor da urna eletrônica no domingo. O voto, neste caso específico, não terá ideologia de esquerda nem direita política. A ideologia que permeia a política maranhense desde 2014 virou poeira. No corpo a corpo, Eduardo Braide (Podemos) tem esse curto espaço de tempo para segurar sua vantagem apontada nas pesquisas, e Duarte Júnior (Republicanos) precisa disparar na reta final para alcançar o concorrente e resolver no último boletim do TRE.

Existem nas redes sociais várias tabulações matemáticas aplicadas à eleição, usando-se os números do primeiro turno para mostrar que a vantagem de Braide de 193.578 votos (37,81%) contra 113.430 votos (22,15%) do opositor Duarte exige muito mais do que apoios dos candidatos que ficaram para trás, ou da ação determinada do governador Flávio Dino. É preciso, cada um a seu modo, avançar sobre o universo dos 205 mil votos contabilizados pelos oito candidatos que ficaram para trás no primeiro turno, no qual se misturam desde os eleitores bolsonaristas fiéis, do candidato Sílvio Antônio (PRTB), aos dos “comunistas” que votaram em Rubens Júnior, ou os do Professor Franklin Douglas (PSOL).

Na presente campanha, no entanto, o eleitor é mais seletivo, mais exigente e mais atento ao que cada um tem de propostas para a cidade. Vale ainda lembrar que tanto Eduardo Braide quanto Duarte Júnior tem a disposição para convencer, os 16.683 (3%) que votaram em branco, mais 24.786 (4,48 %) que anularam o voto e o gigantesco eleitorado 146.455 votos (20,92 %) que se abstive de votar, mas que poderão comparecer neste domingo à secção eleitoral e regularizar a situação política junto ao TSE.

Portanto, nesses dias restantes de campanha pode até o mar pegar fogo. No horário eleitoral o tempo fechou e o tiroteio com chumbo-grosso, com acusações dos dois lados estão ganhando mais atenção do que as propostas. Resta saber se tal tipo de confronto, iguais a tantos outros vistos em eleições passadas em todos os níveis de disputa, atinge a sensibilidade do eleitor a ponto de fazê-lo a mudar o voto ou mantê-lo conforme o primeiro turno.


A fervura do caldeirão de São Luís subiu logo após o resultado do primeiro turno. Assim como Flávio Dino agiu rápido para organizar um bloco de partidos e lideranças como reforço à candidatura de Duarte Júnior, seu aluno no curso de Direito na Ufma, a reação de Eduardo Braide veio no mesmo tom. Juntou a turma antiflavista e parte dos aliados do comunista, como Iglésio Moisés, Neto Evangelista, Carlos Madeira, Josimar do Maranhãozinho e uma bancada de vereadores, para contrapor o seu adversário, que puxou Rubens Júnior, Eliziane Gama, Bira do Pindaré e uma leva de secretários estaduais, municipais e deputados.

Vai ser um segundo turno histórico, mais aguerrido do que o de 2012, em que Edivaldo Júnior derrotou o então prefeito tucano João Castelo, e o último em que ele repetiu a dose, em 2016, contra o então deputado estadual Eduardo Braide, ainda no PMN. Edivaldo teve o apoio do mesmo Flávio Dino, ainda sem mandato em 2012, e já como governador em 2016. Agora, porém, o adversário é Braide, deputado federal e bom de voto em São Luís.

Numa eleição em que já acenderam o farol da Alexandria da disputa de 2022, do Palácio dos Leões, o senador Weverton Rocha, que controla o PDT com pulso de Mike Tyson desde quando Jackson Lago sucumbiu politicamente, com a perda do mandato, e também, depois de sua morte em 2011, liberou o partido para apoiar Braide e se recolheu à neutralidade. Trata-se de uma posição que já trinca a base flavista antes mesmo de terminar o processo eleitoral de 2020 na capital maranhense.

A pergunta que não quer calar: por que Edivaldo Júnior, com o encerramento de uma gestão profícua, há muito tempo não vista em são Luís, e pontuando alto nos índices de aprovação, decidiu se distanciar as eleições de sua sucessão. Edivaldo nem define apoio, nem discute o barulho que ronda a sua cadeira no Palácio La Ravardiére.

Assim, os quatro que mais se confrontaram no primeiro turno embarcaram, separadamente, nos dois barcos do segundo. Rubens Júnior e Duarte Júnior andaram a ponto de se atracarem nos debates televisivos. Mas os “momentos de emoções ferventes” passaram e eles se ajuntaram. Já o candidato do DEM, Neto Evangelista, que acusou Eduardo Braide de ter sido “o pior presidente da Caema”, também passou uma esponja no quadro e ingressou no bloco líder do Podemos. Palavras são palavras, nada mais que palavras.

 

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