quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Ex-porta-voz do governo, general ataca Bolsonaro: o poder 'inebria, corrompe e destrói'

 O general Otávio Rêgo Barros, ex-porta-voz da Presidência, afirmou em um artigo que Jair Bolsonaro se comporta como um "imperador imortal", sem mencionar o nome de seu ex-chefe. "Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói!”, destaca



Do Portal 247

O ex-porta-voz da Presidência Otávio Rêgo Barros criticou Jair Bolsonaro de maneira indireta por meio de um artigo publicado nesta terça-feira (27) no jornal Correio Braziliense. Embora não tenha citado o nome de Bolsonaro, ele afirma que o poder “inebria, corrompe e destrói”. No texto, Barros também critica os assessores e aliados que se comportam como “seguidores subservientes” pelo fato de o ex-capitão não aceitar críticas contrárias aos seus posicionamentos. 

“Os líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião”, disse o ex-porta-voz no artigo. “A autoridade muito rapidamente incorpora a crença de ter sido alçada ao olimpo por decisão divina, razão pela qual não precisa e não quer escutar as vaias. Não aceita ser contradita. Basta-se a si mesmo. Sua audição seletiva acolhe apenas as palmas. A soberba lhe cai como veste. Vê-se sempre como o vencedor na batalha de Zama, nunca como o derrotado na batalha de Canas. Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói!”, diz ele mais à frente. 

Para Rêgo Barros, é preciso que os demais Poderes e instituições devem permanecer vigilantes e firmes contra pressões e abusos. “As demais instituições dessa república — parte da tríade do poder — precisarão, então, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advirão como decisões do “imperador imortal”. Deverão ser firmes, não recuar diante de pressões. A imprensa, sempre ela, deverá fortalecer-se na ética para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo à população os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do César”, pontua.

“A população, como árbitro supremo da atividade política, será obrigada a demarcar um rio Rubicão cuja ilegal transposição por um governante piromaníaco será rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo romano, ela deverá sussurrar aos ouvidos dos políticos que lhes mereceram seu voto: — “Lembra-te da próxima eleição!”, finaliza.

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