Finalmente
chegamos ao dia mais importante para o Brasil nos últimos tempos. O dia da
eleição. Eleição para escolha do novo presidente da República. Depois da volta
das eleições diretas esta é 8ª eleição. Poucas para a estabilidade da nossa
jovem democracia. Lembrando que nesse tempo tivemos duas rupturas que puseram
em xeque as bases desse mesmo regime democrático – o impeachment de Fernando
Collor e o mais recente, de Dilma Rousseff. Seguramente o país é outro. Muita
coisa mudou. E muita coisa também não mudou. As cidades cresceram e os
problemas aumentaram. Os tempos atuais estão a exigir que os nossos governantes
tenham sobretudo o discernimento de governar para todos, respeitando as
inúmeras minorias que se formam num país tão desigual quanto o Brasil. Essas
minorias que se fazem presentes no debate nacional não são obra de nenhum
partido político, antes seja de todos os governos pós período militar que
passaram a respeitar e a garantir a partir da Constituição o direito de todas
as minorias. Continuar a respeitar estas prerrogativas constitucionais é
premissa por demais importante, sob pena do país descambar para um confronto.
O país dividido
É inegável o racha no Brasil de hoje. Dos muitos brasis que
se tem, resumiu-se para estas eleições em apenas dois: os que defendem Lula, a
esquerda, o PT; os que acreditam nas forças progressistas populares contra os
que negam o PT, Lula, que são de direita e que não admitem a possiblidade de um
novo governo de esquerda. Para estar contra toda a ideologia de esquerda, a
direita mais extrema arregimentou forças e num discurso mais virulento
possível, buscou na figura de um ex-capitão do Exército o seu candidato. Apesar
dos xingamentos que tomou conta das campanhas de um lado e outro o segundo
turno está proposto: Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, o que caracteriza ou a
chegada da extrema direita ou a volta do PT ao poder. O eleitorado de Bolsonaro
e de Haddad é bastante diferente. Enquanto o capitão atinge eleitores com renda
familiar mensal acima de cinco salários mínimos, o petista dispara de 10% para
27% entre os que têm renda de até um mínimo. A curva dos dois também se cruza
quando se fala em escolaridade. Enquanto Bolsonaro sobe de 29% para 36% entre
os mais escolarizados, Haddad pula de 6% para 24% entre os menos escolarizados.
Grosso modo, um é preferencialmente candidato dos “ricos com diploma” e o
outro, dos “pobres e menos aquinhoados”.
A ser levado em
conta (I)
Vivemos
uma crise moral na política brasileira, não restam dúvidas. O argumento está
colando em parte do eleitorado progressista, machucado e esgotado com uma crise
que se arrasta há cinco anos. Cinco anos de crise esgota as energias de
qualquer um. Por outro lado, na esteira do colapso social, a extrema direita
não será o remédio para a cura de nossos problemas, principalmente se quem
encabeça esse lado, traz consigo um discurso de ódio e prega a violência como
resposta aos muitos dos males da sociedade. Daí o surgimento do anti-PT, o
antipetismo. Mas o que seria mesmo esse antipetismo? Trata-se de um problema
com o PT? Algo semelhante a uma antipatia pessoal? É o que parece. Mesmo assim
a liderança de Lula, mesmo impedido de concorrer a estas eleições, esteve em
evidência como líder das pesquisas. Mesmo assim a esquerda está viva. Não a
esquerda socialista-comunista, mas aquela que se aproxima mais dos pobres e
mais necessitados, aquela que pensa e desenvolve política de inclusão e
respeito para as minorias. Neste campo Haddad e Ciro Gomes são boas opções.
A ser levado em conta (II)
Se
é verdade que nem tudo na vida são flores, também podemos dizer que nem tudo
são espinhos. Mesmo sendo conservadora, a transição democrática trouxe algo de
bom: a mobilização de setores importantes da sociedade brasileira na crítica ao
autoritarismo. Foram anos animados, com grandes atos públicos, engajamento de
artistas e intelectuais, greves gerais, milhares de pessoas nas ruas. Desse
clima, saíram dois partidos políticos que, cada um a seu modo, passaram a
representar as demandas da sociedade civil por um país mais justo e
democrático: PT e PSDB, que se tornaram os principais ocupantes do campo
político progressista. Mas o que é o campo político progressista? São os grupos
políticos que partem do princípio de que o Estado deve amparar o sofrimento dos
mais vulneráveis, daqueles que no conflito social são mais frágeis, ou sejam, mulheres,
negros e negras, comunidade LGBT e, principalmente, pessoas pobres. Do outro lado
do campo progressista está o campo do atraso. O objetivo do campo do atraso é
direcionar a riqueza social para uma minoria, justamente aqueles que já são
mais poderosos: homens, pessoas brancas e, principalmente, ricos. Jair
Bolsonaro encarna bem o candidato que muitos temem ser um retrocesso e o
atraso.
Em oração...
Que
Deus nos ilumine e nos proteja de todo mal seja ele de direita ou de esquerda!
Que possamos decidir com clareza o nosso voto e que os eleitos sejam exemplos
de homens públicos, espelhos da probidade e da decência. Bom voto a todos!
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