domingo, 30 de setembro de 2018

Coluna do Jersan


O telhado de vidro de Bolsonaro

E o capitão que se postava de paladino da moral entre os políticos escorregou na baba de sua própria arrogância. É o que trouxe a Revista Veja deste fim de semana. Como já se podia esperar, o deputado Jair Bolsonaro, candidato a presidência da república, não é tão honesto como ele se pintava. Em extensa reportagem, a Revista Veja pilhou o capitão na mentira. A fonte das maracutaias de Bolsonaro estão em um processo de partilha de bens instaurado em 2008, quando da separação deste com a sua esposa à época, a senhora Ana Cristina Siqueira Valle. Segundo a reportagem, Bolsonaro omitiu de sua prestação de contas à justiça eleitoral imóveis cujos valores somados totalizam mais de 2,5 milhões. Essa constatação veio à tona no cruzamento de informações de cartórios do Rio de Janeiro com a declaração de bens do deputado para fins de disputa eleitoral. A própria ex-mulher de Bolsonaro, segundo a Veja, também o acusou, na época da separação, de ameaças de morte, razão pela qual ela teria ido morar na Noruega, como também lhe acusou de ter furtado cerca de 600 mil reais em joias de um cofre que o casal tinha numa casa de guarda de valores. Curioso é que perguntado agora à ex-mulher, que é candidata a Deputada Federal pelo mesmo partido de Bolsonaro, o PSL, com o nome de Cristina Bolsonaro, sobre as denúncias feitas à época, ela respondeu que não se lembra.  E que o marido, apesar de “machão”, é gentil e carinhoso. Ah... conta outra! Vale lembrar que em vídeos que correm nas redes sociais, Bolsonaro diz que é sonegador mesmo!

Debochando da Justiça

O presidenciável Jair Bolsonaro em entrevista ao apresentador da Bandeirantes, José Luiz Datena, afirmou que não aceitará o resultado das eleições no caso de uma eventual eleição do candidato Fernando Haddad. Afirma que se isso acontecer é porque as urnas eletrônicas foram fraudadas. Com essas declarações, o candidato põe em dúvida o trabalho de toda uma instituição: o TSE, seus ministros, juízes e serventuários da justiça eleitoral de todo o país. Envaidecido pela projeção que teve ao empunhar a bandeira do antiPT, o candidato acha que as manifestações de ruas são um termômetro de que ele já ganhou as eleições, mesmo sem fazer alianças, mesmo atirando contra a própria classe política. Esquece o candidato que o eleitor está em todos os lugares, e não só nas manifestações de ruas, nas passeatas, carreatas, e que nem todos, ou uma grande maioria não manifesta seu voto. Não confiar no processo eleitoral do qual participa, e pelo qual já se elegeu por vários mandatos é no mínimo contraditório e preocupante. A democracia brasileira poderá viver dias de abalo e preocupação.


A democracia acima de tudo

A ditadura acabou. O país já vive 33 anos de redemocratização. Mas alguns setores insistem em transformar as eleições de outubro em “um tempo de guerra”. Um “tempo sem sol” que obscurece qualquer chance de bom senso e racionalidade em algumas hordas na campanha. Enquanto um lado convoca sua militância, um outro promete “fuzilar” seus adversários, inconformar-se com o resultado das urnas. E nesse clima, tudo pode acontecer. O risco de que o ódio não se dissipe é enorme. E pode não serenar nem mesmo em um próximo governo, a depender do cenário. Especialmente se o segundo turno vier a ser entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). O resultado das ações e reações a partir daí podem ser imprevisíveis”. Acima de qualquer disputa, o importante é lembrar que o país não vive um “tempo de guerra”. As eleições são o meio pacífico que a democracia encontrou de resolver as suas questões mais prementes. O debate democrático precisa de luz. Quanto mais, melhor.


Enquanto isso aqui no Maranhão...

Eleição ganha só mesmo depois do apurar das urnas. Mas pelo quadro que se desenha nas pesquisas eleitorais de todos os institutos, o governador Flávio Dino (PCdoB) tem expressiva vantagem sobre sua principal adversária, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), podendo inclusive liquidar a fatura já no primeiro turno, se os demais candidatos Roberto Rocha (PSDB), Maura Jorge (PSL), Ramon Zapata (PSTU) e Ovídio Neto (Psol) não apresentarem crescimento e votação satisfatórias capaz de encolher a diferença de mais de 50% do primeiro colocado. Se por acaso houver um segundo turno, todo o cenário muda. Num primeiro momento, os dois candidatos partem em pé de igualdade, a começar pelo tempo de campanha no rádio e na televisão. Como é uma nova eleição, o voto do eleitor mais uma vez deverá ser conquistado. E eleitor é sempre imprevisível...


Renovação já!

Uma forte campanha pela renovação dos quadros da Assembleia Legislativa e da Câmara Federal está em evidência. É oportuna e justa. Para tanto, necessário se faz que o eleitor não “troque seis por meia dúzia”. É preciso conhecer principalmente o caráter de seu candidato, sua trajetória e suas ideias. Os deputados federais, sobretudo, terão papel fundamental nas votações das propostas de reformas que haverão de vir do novo presidente. Eleger alguém que esteja sintonizado com os interesses do povo em detrimento do corporativismo partidário deve ser a lógica do eleitor. E foi por erros cometidos em nome de seus partidos ou de suas bancadas e que contrariaram a vontade do eleitor, que muitos deputados estão a penar nestas eleições. Nunca foi tão difícil uma reeleição. 

 (Texto publicado na Coluna do Jersan, edição de hoje (30.09) do Jornal Pequeno).

Agência Brasil





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