Quem vê São João
Batista hoje com uma rede escolar, digamos, suficiente, nem imagina como foi difícil
no início, antes da emancipação e nos primeiros anos de ter se tornado
município. Tentaremos diante de algumas poucas informações enredar essa
história.
Como de todo a educação
no Maranhão estava a cargo do Estado como instituição. Reconstruir os passos da
educação pública em solo joanino durante o período da primeira metade do século
XX e as duas primeiras décadas da segunda metade, anos em que se consolidam
nossas homenageadas e será o nosso enfoque, não será tarefa fácil. Esta atividade torna-se ainda mais
desafiadora quando essa reconstrução é elaborada por meio do confronto de
esparsas informações e de fontes históricas que, ao serem inquiridas em um
contexto específico, retratam de forma (in)certa, ou não, de como esta história
foi sendo construída. Além disso, essas fontes demonstram o papel que a
educação, ou simplesmente o ensino, foi assumindo em uma cidade onde, a exemplo
de outras, a escolarização era considerada um privilégio de poucos.
Assim pensando, se
aprender era privilégio para os mais aquinhoados, ensinar também não era para
qualquer um, mesmo que para estes poucos lhes coubessem a nobreza, o respeito,
e a profunda admiração de seus discípulos. Ao menos isto tinham os nossos
nobres mestres e mestras do passado.
O contexto do ensino, nesse
período, marcado pela precariedade e altos índices de analfabetismo precisava
ser encarado e isso não seria tarefa fácil. A dificuldade de escolas e de
professores somava-se à própria dificuldade do distrito de São João Batista.
Poucos se aventuravam na arte de ensinar. Na região de Boticário, Pedras e
adjacências era notável os ensinamentos do Professor Raimundo Firmo, que apesar
das dificuldade de toda ordem, alfabetizava e ensinava toda uma geração a ler e
escrever. Notável também o trabalho alfabetizador de Artur Marques Figueiredo,
homem culto, de caligrafia estilizada e bela, fundamentais na função de
Escrivão por ele desempenhada anos mais tarde. Professora Anita Costa foi outra
mestra que marcou as primeiras gerações. Ensinou a ler e escrever a muitos meninos numa escola que ficava nas imediações onde hoje é o Fórum da Justiça. Para tanto, neste tempo, com a devida
permissão, a temida “palmatória” era coadjuvante instrumento de trabalho do
professor.
Na sede do então distrito
sabe-se que a Professora Onezinda Castelo Branco, umas das primeiras
normalistas, esposa do comerciante Martinho Castelo Branco, também ensinou a
muitos. A escola pública onde ela ensinou ficava onde hoje é o Centro de Convenções, denominada Escola Rural Getulio Vargas, construída por Francisco Figueiredo quando prefeito de São Vicente Férrer. A figura do professor leigo, ou seja, aquele que apresentava
conhecimentos mínimos já era uma realidade naqueles tempos. O que mais valia era
aprender a ler e escrever e saber fazer contas.
O incremento maior de
normalistas em nossas escolas estaduais só se deu após a emancipação do
município em 1958. Vale lembra que a demanda reprimida nas séries do antigo
primário era cada vez maior a proporção que se passavam os anos. A rede
estadual dispunha de um único estabelecimento denominado Grupo Escolar Clodomir Milett. Anos depois fora construído o Grupo Escolar Estado
de Santa Catarina. Neste, brilhou o talento de professoras que foram trazidas
para a missão de ensinar além do ler e escrever. Iracema Ferreira de Araújo foi
precisa nessa arte e disciplinamento. Muitos que, como eu, iniciaram seus estudos na
década de 60 passaram pela mão firme de Dona Iracema.
Mas era preciso muito mais.
Expressões linguísticas, cálculos matemáticos, iniciação de uma Língua
Estrangeira. A idealização de um curso ginasial também se fazia necessário.
Para tanto uma cooperativa buscou parceria com a Campanha Nacional de
Educandários Gratuitos (CNEG), depois denominado de Campanha Nacional de
Escolas da Comunidade (CNEC). Assim, por volta de 1965, foi fundado o Ginásio
José Maria de Araújo que passou a contar com os préstimos profissionais das
normalistas e de professores com formação secundarista, como Zeca de Neco, Matilde Gomes, Antônio Marques Filho e, mais tarde Luis Lílio Saraiva, José Guilherme, Jucelino Lindoso, e tantos outros. Para este início foi também
de fundamental importância a gestão precisa e a autoridade dos padres Heitor Piedade e
Dante Lasangna.
Nos anos da administração do
prefeito Achilles dos Santos Jacinto algumas professoras normalistas chegaram
em solo joanino. Em 1964 chegaram as notáveis professoras Carmelita e Maria
Creusa, ambas recém-formadas. Depois chegara a professora Lourdes Frazão. Anos
mais tarde, a professora Carmelita retornou para sua cidade natal, Caxias, ficando
apenas dona Creusa que aqui contraiu matrimônio e continuou a prestar os mais
relevantes serviços a toda uma geração. A professora Loudes Frazão também fez
de São João Batista sua morada, uma vez que aqui casou com o comerciante Procópio
Meireles Filho. Também registre-se a presença de dona Penha, esposa do coletor
Dário, que era professora normalista e que fundou à época o primeiro Jardim de Infância; do professor Eliurdes Vieira e da professora Josefina Martins.
A presença de
professoras normalistas vindas de outras localidade se fazia necessária, uma
vez que as nossas primeiras normalistas, egressas do nosso ginásio e formadas
na Escola Normal de São Luís, só começaram a retornar com a formação em magistério,
nos primeiros anos da década de 70. A esta época, o Estado brasileiro
implantava muitos projetos que visava uma diminuição dos altos índices de
analfabetismo. São desse tempo o Projeto João de Barro, o Mobral, o Curso
Madureza, e até as iniciativas da igreja católica com a “Escola Paroquial Pé no
Chão”. Em 1971, o governo do Estado implantava um incremento na educação com o
chamado “Projeto Taurus” e com ele, o município recebeu outro grupo de
normalistas. Desta feita vieram as professoras Jocelene Luz, Ana Maria
(Aninha), Maria Frazão, Florita Bitencourt e Maria de Jesus Viana (Dona Viana),
que aqui também constituiu família e se tornou cidadã joanina.
O grupo maior de
professoras normalistas eminentemente joaninas, aquelas que primeiro concluíram
o ginasial na CNEG/CNEC só chegaram por volta de 1974. Era prefeito à época Jorge
Figueiredo, Assim chegaram Gracinha Ferreira, Francinete Melônio, Ana Márcia Ferreira, Vilma Figueiredo, Dalva Câmara,
Mariana Penha e Silva, Ruth Meireles, Olímpia Penha, Telma Araújo, Edinete
Alves, e muitas outras que, em se formando a posteriori e somadas às que aqui estavam, aos poucos foram
contribuindo na educação de muitas gerações. Já entre as muitas professoras que exerciam a regência de sala de aula na rede municipal, mas sem a habilitação em magistério, através do Programa Logus tornaram-se habilitadas.
Em meio a esse processo,
o nosso ginásio evoluiu para Escola Normal Ginasial José Maria de Araújo, e
então os nossos e as nossas normalistas passaram a ter essa formação aqui
mesmo, em solo joanino.
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