Flávio Braga (*)
O
homem é um animal político por natureza. Por meio desse
aforismo, o filósofo Aristóteles assinala que o homem vive em uma pólis (cidade) regida por
leis e costumes e que a cidade é uma comunidade política. Por
ser gregário, o homem necessita da vida em sociedade para
alcançar a realização humana, o bem-estar e a felicidade.
A
história da real política registra sentenças infaustas pronunciadas por
expoentes da vida pública brasileira. Senão vejamos:
Antônio
Carlos Ribeiro de Andrada, governador mineiro e um dos principais
articuladores da Revolução de 30 notabilizou-se pela frase “Façamos a
revolução antes que o povo a faça”.
Na
década de 1950, o bordão “rouba,
mas faz” entrou para o folclore político brasileiro por meio dos
cabos eleitorais de Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo, na
tentativa de defendê-lo dos adversários que o acusavam de ser ladrão.
Em
1978, ao conceder uma entrevista sobre seu grande apreço pelos cavalos,
o futuro presidente João Figueiredo exclamou que “O cheirinho do
cavalo é melhor que o do povo”.
Durante
a campanha presidencial de 1989, Paulo Maluf blasfemou com toda
convicção: “Se está com desejo sexual, estupra, mas não mata”.
Em
1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso
chamou de vagabundos os que se aposentam com menos de 50 anos. “Fiz a
reforma da Previdência para que aqueles que se locupletam da Previdência não se
locupletem mais, não se aposentem com menos de 50 anos, não sejam vagabundos em
um país de pobres e miseráveis”, bradou FHC.
Na eleição presidencial
de 2002, Ciro Gomes constrangeu a opinião pública ao dizer que a
importância de sua mulher, Patrícia Pillar, na campanha estava no fato de
“dormir” com ele. “A minha companheira tem um dos papéis mais importantes, que
é dormir comigo. Dormir comigo é um papel fundamental”.
Na
campanha municipal de 2000, o líder petista Luiz Inácio Lula da
Silva chocou a população de Pelotas (RS) ao afirmar que a cidade é
“exportadora de veado” em um diálogo gravado entre ele e o candidato do PT à
prefeitura local.
A
frase mais famosa de Marta Suplicy foi proferida quando ela era Ministra
do Turismo. Em pleno caos aéreo de 2007, ao ser questionada sobre que
incentivo teria o brasileiro para viajar, ela verbalizou “relaxa e
goza, porque depois você vai esquecer todos os transtornos”.
Como
se depreende, alguns
dos líderes políticos brasileiros estão mais
para indivíduos animalescos que para animais políticos (na
acepção aristotélica da expressão).
(*) Flávio Braga é advogado e professor.
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