domingo, 30 de dezembro de 2018

O Passar dos Anos


Por José Sarney

É difícil fugir a um tema quando ele se impõe avassalador. Pensei em escrever sobre flores ou sobre Trump e seu labirinto. Logo 2019 chegou à minha frente e não tive como afastá-lo.

Meu pai teve um vaqueiro, Ludgero, que contava os anos pelos bezerros: 1948, 50 bezerros, e assim por diante — era como listava todos. Outra amiga nossa, dona Anicota, que tinha uma questão sobre umas terras do Engenho da Anta que durara mais de 20 anos, já falava deles pelos eventos do processo: 1953, “ano em que saiu a sentença que deu ganho de causa a meu irmão, mas em 1954 teve o acórdão do tribunal que botou abaixo tudo”.

A marcação dos anos foi uma invenção do homem. O Padre Vieira, com esse sentimento, não via o ano, mas os anos, e pregava desejando “bons anos“, não só o vindouro, mas todos. Para mim, a cada ano saúdo o Ano Novo, mas minha gratidão se volta para o Ano Velho. Quando transpomos a marca do tempo, recordo que, nos 365 dias que vivemos, nosso coração a cada dia bombeou 343 litros de sangue por hora, 8.000 litros por dia e 3 milhões no ano, para oxigenar os 10 trilhões de células do nosso corpo, no milagre da vida, na harmonia dessa máquina que nos distingue dos outros animais pelo pensar. É a graça da vida, que Deus nos deu. Ela alimenta o nosso sonho de sonhar, os sentimentos do amor, da fraternidade, da paixão, da solidariedade humana. Todos os que vivemos e estamos aqui na Terra podemos louvar o ano que passou e renovar esperanças sobre o que vem, porque somos vitoriosos.

Na evolução, somos produto de uma linhagem em que tudo deu certo. Stephen Jay Gould, o principal estudioso da evolução do século XX, pensando sobre isso, observou: “Nossa espécie nunca se rompeu nenhuma vez em bilhões de momentos em que poderia acabar.” E quantas espécies acabaram!

Mas, para mim, esse mistério é tão grande e tão inexplicável quando compreendemos que toda ciência é inevitável, mas ela só se completa na plenitude da fé. É a presença de Deus na obra da criação que fecha e acaba o ciclo da dúvida.

Ao meditar sobre a vida na contagem dos anos, a expressão que me ocorre é de Hannah Arendt, que fala da obrigação de nossa “gratidão pelo mundo”.

Os gregos pensavam que na amizade residia boa parte da felicidade e esse era um dos requisitos “fundamentais para o bem-estar da cidade” e, assim, ligavam a filantropia ao “amor dos homens”. Os romanos já caminhavam na noção de “humanidade” como sentimento de solidariedade entre os homens: sermos humanos.

Fim de ano nos leva a meditação. Agradecer o ano que passou. Ter esperança de dias melhores no futuro. Quanto estamos precisando de temperança, de solidariedade, de estender a mão à humanidade toda, de amor ao próximo, da proteção divina. Mas o que mais quero hoje é desejar a todos, principalmente meus leitores, um bom ano novo e BONS ANOS.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A CRÔNICA DO DIA


HOJE É DIA DE... 



O NATAL NO IBACAZINHO E O PATO AMALDIÇOADO

Nonato Reis

Era véspera de Natal e o Ibacazinho parecia viver um dia como outro qualquer, marcado pela monotonia do seu cotidiano. Naqueles anos dominados pela luz do querosene, um dos raros sinais da aproximação do nascimento do Cristo eram as músicas típicas da época, que as emissoras de rádio reproduziam à exaustão, martelando o cérebro das pessoas com aquele som mágico e nostálgico das harpas.
Outro indicativo da presença do Messias entre os homens, ironicamente, constituía uma transgressão às leis cristãs, porém atenuada com o que hoje poderia ser classificado como indulto. 
À meia-noite do dia 24, no limiar do Natal, diante da mesa posta, algum morador recebia seus convidados para tomarem parte na famosa “Ceia da Meia-Noite”. O banquete tinha uma aura de subversão, já que a iguaria oferecida, geralmente um pato ao molho pardo, tinha que ser necessariamente roubada, sob pena de apagar-se o encanto.
Véspera de Natal, Pedro Castro, Eugênio, Maroto e Sebastião Xoxota – amigos inseparáveis - caminhavam distraídos na estrada que divide o Ibacazinho ao meio, a MA-014, principal elo entre os municípios da Baixada. De repente avistaram um casal de patos a nadar na Baixa de João Cidreira. Pedro olhou para Tião, o mais experiente do grupo, ele entendeu o sinal e advertiu em voz baixa: “são de Bornó”.
Bornó era conhecido pelo gênio intragável. Andava mancando e inclinado para um lado, como se carregasse um peso além da sua capacidade, seqüela, provavelmente, de uma poliomielite jamais diagnosticada. Os moradores do Ibacazinho, no entanto, sempre chegados a uma superstição, tinham outra explicação. 
Ainda menino um sapo todo amarrado de linha preta cruzara o seu caminho. Deu-lhe um chute de bico e o arremessou para longe do seu caminho. Logo depois sentira uma dor aguda que o fizera cair enfermo. 
Resistiria ao veneno ou ao feitiço do bicho, mas dele jamais se esqueceria. Ficara com uma perna atrofiada, menor do que a outra.
Esse, porém, era um detalhe físico, apenas. Bornó chamava mesmo a atenção pelo seu jeito calado e irritadiço. Durante muito tempo morou com a mãe, que já tinha idade avançada. Numa brincadeira de Serra Velha, botou os moleques para correr, armado com um facão velho, enferrujado. Nunca esqueci o episódio por causa da penicada que levamos com urina dormida misturada com alho, cebola e pimenta do reino. O mau cheiro perdurou por dias, mesmo tomando banhos diários com sabonete e até detergente. 
Difícil roubar as frutas do pomar que Bornó cultivava ao redor da casa. Eu mesmo tentei algumas vezes e me dei mal. Numa delas, tive que fugir às pressas, açoitado pelo cão vira-latas, repleto de pulgas, que cumpria à risca a honrosa função de guardar a casa e os interesses domésticos.
Noutra, tentei escapar por entre um vão e outro da cerca de arame farpado e nela deixei metade da camisa, que ficou a tremular entre as pontas afiadas do metal.
O casal de pato surgira ao acaso, e Tião, prevendo complicações, tentou demover o grupo daquela aventura. Voto vencido, porém, ainda se viu obrigado a aceitar, por sorteio, a missão de apanhar a ave, cuja escolha recaíra sobre o macho, devidamente amarrado e escondido dentro do mato. A ceia da meia-noite estava garantida e dela tomariam parte, além do quarteto, mais seis parentes, incluindo os donos da casa onde o banquete seria preparado.
Só que no meio da festa, o “Sangue de Boi” correndo de mão em mão e os pratos já postos à mesa, eis que surge Bornó, os olhos faiscando e o velho facão enferrujado na mão direita, pronto para ser usado.
Foi um pandemônio, neguinho tentando se esconder em baixo da mesa ou escapar pela porta dos fundos. Bornó queria o pato de volta, que a essa altura jazia na panela, imerso em caldo borbulhante. Olhou nos olhos de cada um, colocou o facão em cima da mesa, e deu o ultimato. 
- Ou vocês me dão o meu pato de volta ou não sai nenhum daqui para contar estória.
Ninguém sabia o que fazer, nem o que dizer. Na esteira da indecisão Eugênio tomou a palavra e sugeriu a única saída possível. “Bornó, o pato não pode ressuscitar, mas nós podemos pagar o teu prejuízo. Quanto você quer por ele?”. 
Os olhos de Bornó brilharam e dessa vez não foi de raiva. “O pato é de estimação”, avisou, ensaiando o discurso do bom vendedor, que sabe valorizar o produto.
Cobrou um preço muito acima do que a ave realmente valia. Resignado, o grupo aceitou, e ainda o convidou para participar da ceia, que aceitou de bom agrado.
Serenados os ânimos, todos sentaram novamente à mesa, e deu-se início à celebração do estômago. Tião ficou em silêncio, assim como os demais, mas o arroz lhe pareceu meio cru, como se tivesse cozinhado às pressas. De tão crocante, parecia farinha de mandioca torrada ao forno. 
Já era madrugada alta, quando o banquete terminou e todos retornaram para casa. Na saída, porém, Bornó se voltou para o grupo, e o falcão em riste, advertiu em tom profético: “Isso não vai ficar assim. Esse pato vai sair caro para vocês”.
Tião Xoxota viu aquilo como uma mera repetição, já que o preço cobrado pelo pato era exorbitante. No dia seguinte, porém, ao ver a turma toda no estaleiro, entrando e saindo do matagal a toda hora, ele pode enfim compreender o alcance daquelas palavras. Tião desidratou, perdeu peso, ficou parecendo “um aracu desovado”, como diria a avó dele, a Dona Emergulina. Nunca mais participou de “meia-noite” de Natal no Ibacazinho. 
Até hoje, quando o chamam para comer pato, ele faz o sinal da cruz, dá uma cusparada de fumo de rolo e, de pronto, rechaça o convite. “Deus me livre de pato. Isso é comida amaldiçoada”.

(*) Nonato Reis é jornalista, poeta e autor dos romances "Lipe e Juliana" e "A saga de Amaralinda". É natural de Viana-MA.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Os Bolsonaros e os outros


Vendido como um homem acima de qualquer suspeita, Bolsonaro elegeu-se Presidente do Brasil, mesmo depois de ter uma atuação pífia nas quase três décadas como deputado federal. Sempre integrou o chamado baixo clero e ficou mais conhecido pelos destemperos verbais e pelas muitas confusões em que se meteu do que por qualquer outra atitude louvável. Mesmo assim fora visto como novidade. E deu no que deu. 

Eis que agora ele se vê em meio a um redemoinho até então inexplicável e controverso, às vésperas de sua posse. Trata-se do caso em que um ex-assessor de seu filho, o deputado estadual, Flávio Bolsonaro, eleito agora senador pelo Rio de Janeiro, foi identificado pelo Coaf como alguém que movimentou mais de 1 milhão de reais em um ano em sua conta pessoal, sem que tenha proventos suficientes ´para isso.

Estas relações entre familiares do ex-assessor e os Bolsonaros chega também até o presidente eleito, Jair Bolsonaro, uma vez que uma filha do ex-assessor também esteve lotada nos gabinetes do filho e do pai, inclusive sem a devida comprovação de que realmente dava expediente.

A suspeita é de que uma velha prática que ocorre nas casas legislativas também fora praticada pelo clã de quem sempre se disse impecável e estritamente correto, a de empregar funcionários em seus gabinetes e reordenar salários desses servidores, ou seja, o funcionário recebe o salário pago em contracheque e repassar metade para o parlamentar, via algum assessor de confiança.

Se nisto não há ilegalidade, no mínimo tem imoralidade e como se vê, Bolsonaro é só mais um, igualzinho a muitos políticos por este país afora.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Jânio, Collor e Bolsonaro: eis as semelhanças...


Por Renato Rovai


Jânio Quadros ganhou a eleição com uma vassourinha que seria usada para varrer a bandalheira. Era um moralista sem moral que desafiou o sistema e derrotou os grandes partidos da época.

Fernando Collor saiu de Alagoas para caçar os marajás e combater a corrupção. Seu programa de governo, aliás, era muito parecido com o de Bolsonaro. Privatizações, diminuição do Estado, fim da estabilidade do servidor público, sanha moralista e criminalização dos movimentos sociais e sindical. Collor também derrotou os grandes partidos e favoritos na primeira eleição pós-democratização. Na primeira eleição pós fim de um regime militar motivado pela renúncia de Jânio Quadros.

O fato é que ambos foram substituídos por seus vices em curto espaço de tempo e derrotados pelo discurso que os levou ao poder. Os vices de Jânio e de Collor eram muito melhores do que eles, João Goulart e Itamar Franco. O primeiro acabou sofrendo um golpe militar. O segundo, de alguma maneira, uma rasteira civil. Itamar apoiou FHC para a sua sucessão, mas este o traiu logo no início do mandato implementando uma agenda neoliberal, que Itamar, convicto nacionalista, era contrário.

O que impressiona neste momento é que Jair Bolsonaro, que se elegeu com a mesma agenda e narrativas de Jânio e Collor, vive antes mesmo de sua posse um desgaste tão grande que sequer terá a famosa lua de mel, que quando curta, dura até a semana santa.

O bate-cabeças no PSL, partido do governo, as caneladas do general Mourão no presidente e em seus filhos, a dificuldade em criar uma base para eleger os presidentes da Câmara e do Senado e a nomeação de uma série de ministros inexpressivos e caricatos, indicam que Bolsonaro começa seu mandato já com cheiro de mofo. Em começo de mandato, governantes costumam ter paz e capital político para se impor. Mas isso não está acontecendo com o futuro presidente. Ao contrário, ele está completamente perdido e já começa a ser visto como um estorvo a ser retirado do cargo.

A questão que vai se colocar em breve se o caso do "esquema laranja" de Flávio Bolsonaro não vier a ser solucionado e se, por exemplo, o assessor Queiroz vier a abrir a boca e dizer que a grana que depositou na conta de Michelle não tem nada a ver com dívida com Bolsonaro, é que se iniciará a fase "como se livrar do presidente". Porque o capital financeiro e os agentes políticos não estarão dispostos a viver mais quatro anos de crise político-econômica, que será ainda maior com a perseguição do Estado, via Moro, a todos aqueles que incomodarem.
Quando isso acontecer, Mourão, que já está se mostrando bem assanhado para o cargo, estará sambando em articulações para armar um impeachment rápido e indolor contra o seu cabeça de chapa.

O Brasil parece estar prestes a mais uma interrupção de governo por impeachment ou golpe. A forma como a Globo está cobrindo o caso do "esquema laranja", as entrevistas de Mourão e o jeitão como estão se movendo as raposas políticas mais astutas é que apontam para isso.

Bolsonaro, o jacaré banguela, pode estar prestes a se tornar bolsa. Nunca antes da posse um governo em primeira eleição esteve tão desgastado. Nunca antes na história deste país. Dilma e FHC viveram algo semelhante, mas nas suas reeleições.


domingo, 9 de dezembro de 2018

Caldeirão de interesses


Ferve em alta temperatura o caldeirão dos aliados do presidente eleito Jair Bolsonaro, notadamente com os neófitos eleitos pelo seu partido, o PSL. Para o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP), a responsável pelos desentendimentos na bancada do partido que vieram à tona na última quinta-feira (6) é Joice Hasselmann (PSL-SP), jornalista que se elegeu em outubro como a deputada mais votada da história da Câmara.  Nesta sexta-feira (07), a deputada eleita rebateu o desafeto desde as épocas de campanha eleitoral e o acusou de ser o responsável pela confusão. Sem nenhuma experiência no trato com a política, a deputada quer chamar pra si os holofotes que a tornaram conhecida no jornalismo político e nas redes sociais.
O clima já era notado na primeira reunião dos recém-eleitos parlamentares do PSL.  Joice Hasselmann se apresentou como principal articuladora com as demais legendas, sem ser designada para isto, citou explicitamente que vários parlamentares do próprio partido estariam incomodados com a inacessibilidade de Jair Bolsonaro e do futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e garantiu que estaria neutralizando a situação com a ajuda de Jair Bolsonaro.
A briga ficou mais séria quando o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro também entrou no meio da confusão. Embalada pela expressiva votação que teve, Joice pensa que isso a credencia para assumir a liderança do partido na câmara na frente de deputados já experientes. O angu está formado. 

Magno Malta: o decepcionado 

Considerado o “vice dos sonhos” no início do pré-campanha eleitoral, o senador Magno Malta (PR-ES) ficou de fora do primeiro escalão do presidente eleito, Jair Bolsonaro. O senador pelo Espírito Santo Magno Malta foi figura marcante desde antes da campanha. Defensor ardente da campanha a presidente do Jair Bolsonaro, o até então senador Magno Malta esteve presente nas andanças e foi o responsável por alianças significativas de setores das igrejas evangélicas à candidatura do presidente eleito. Alguns analistas, e o próprio Malta, alegam que este dera mais importância à campanha presidencial do que a sua própria reeleição a senador. Atingido também por denúncias de ter forjado denúncia a uma pessoa de ter cometido crime de pedofilia no Espírito Santo, mas que fora inocentado, o senador viu a sua reeleição escapar-lhe por entre os dedos.
Sobrou então a esperança de que pudesse ser convidado para assumir um Ministério. Resultado: Nem mel, nem cabaça. Perdeu a chance de se tornar vice-presidente da República e também não se reelegeu. O apito final nessa questão foi dado pelo próprio Bolsonaro que disse que o amigo não seria anunciado ministro pois não atendia ao perfil de ministeriável. Mui amigo! 

Vice não manda

Pra não fugir à regra no meio político, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), impôs uma “lei do silêncio” ao seu vice, general Hamilton Mourão. A recomendação é para que o militar adote uma postura mais discreta e deixe que Bolsonaro seja o centro das atenções, sendo o único porta-voz do futuro governo.
Além da trava verbal sugerida, o general da reserva não deverá ter espaço para atuar no governo. “Pelo desenho atual da estrutura, a vice-presidência não terá nenhuma secretaria subordinada ou atribuição predefinida. Após a vitória em segundo turno, chegou-se a especular que Mourão teria um papel de ‘gerente’ do governo, coordenando os ministérios. Porém, a recomendação é que o vice só responda às demandas específicas de Bolsonaro, quando for solicitado”.
Como se vê, as coisas não começam muito bem no governo Bolsonaro. É visível a autofagia e a ciumeira entre os membros do governo em formação. 

Presente de grego

Não caiu muito bem o projeto de lei enviado pelo governo Flávio Dino e que foi aprovado pela Assembleia Legislativa em regime de urgência que aumenta as alíquotas do ICMS no estado. Para muitos foi um presente de grego à população maranhense, principalmente aos que o elegeram para um segundo mandato, de um governo que acabou de ser reeleito ainda em primeiro turno. Esse aumento incidirá notadamente sobre os preços dos combustíveis, dos refrigerantes e cervejas. Os comentários foram os mais negativos possíveis, sobretudo em um Estado que tem as piores estradas, quase ou nenhuma indústria e tem a sua população ativa trabalhando, em grande maioria na informalidade. Ficou mais nebuloso ainda quando, recentemente o governo foi acusado de meter a mão no caixa dos aposentados, o FEPA, gerando uma ameaça de que o governo não teria como honrar compromissos salariais com os aposentados para o ano de 2019. É esperar pra ver.

Confraternizações

Como de regra no mês de dezembro acontecem as muitas confraternizações dos amigos e familiares, das instituições, repartições, ou mesmo dos que costumam dividir as mesas de bares nos finais de semana. São as festas do Natal. Registramos duas confraternizações marcantes ocorridas ontem, sábado. A do Fórum da Baixada Maranhense ocorrida na cidade de Viana e a dos professores de cursinhos pré-vestibulares, que se uniram a partir de um grupo de whatsap denominado Feras dos Cursinhos, ocorrida na chácara do professor Jorge Passinho. Para o próximo final de semana os amigos da cerveja pretendem se reunir em mais uma confraternização na churrascaria do Roberto, na curva do 90.  A todos, boas e alegres confraternizações!


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Os filhos do capitão


Por Marli Gonçalves

Marli Gonçalves
Os três filhos do Capitão. Eles não são três; são quatro os meninos. Mas o quarto, Jair Renan, ainda não preocupa e não aparece muito – é imberbe, 20 anos, e de qualquer forma vamos vê-los crescer, ele e a sua irmã mais novinha, às nossas vistas, nos próximos quatro anos. Os três que estão na política já dão trabalho e o que falar. Flávio, Carlos e Eduardo me fazem lembrar de certas reinações, as dos Sobrinhos do Capitão, uma HQ histórica do século passado. Lembra?

Os dois molequinhos (na história dos Sobrinhos, sim, eram dois, Hans e Fritz, gêmeos), levadíssimos, infernizavam a vida do Capitão, que não era propriamente tio, era aquela coisa de tio, tia, que a gente chama qualquer um mais velho que nós. Atazanavam na verdade tudo e todos os que estavam à sua volta, e apanhavam, apanhavam muito. Pouco adiantava.

Aqui no nosso caso real que também certamente vai render história, os três irmãos parecem combinar entre si é mais como aterrorizar a vida da outra banda, a que não votou no pai deles, não necessariamente por ser petista, ressalte-se, por favor. Foram quase 2/3 da população, 61,8% dos aptos a votar que, ou sumiram, ou anularam, branquearam ou estrelaram seus votos. É muita gente.

Flávio, 37 anos, Eduardo, 34 anos, e Carlos, 35 anos, são filhos de Rogéria, a primeira ex-mulher do presidente eleito. Pensam o que? Michelle, a nossa jovem futura primeira dama, é a terceira esposa do Capitão. Olha só – também poderia haver outra série: “As esposas do Capitão”.

Voltando aos três que não são mosqueteiros, mas estão se saindo excelentes marqueteiros, inclusive de si próprios, veja que Flávio e Eduardo tiveram votação recorde, respectivamente para senador pelo Rio de Janeiro e deputado federal por São Paulo. Carlos já é vereador no Rio de Janeiro. Assim ocupam todas as Casas com a mais nova marca da política nacional. Um carimbo. Radicais e empinados.

E opinam sobre tudo. Quando não vêm com suas opiniões fresquinhas que disparam principalmente pelo Twitter, a rede onde acharam seus reinados de poucos caracteres, toda hora aparecem vídeos de suas opiniões e feitos que deve ter gente cavoucando até a marca e a cor das cuecas deles todos.

Já pitacaram sobre fechar o Congresso, aquecimento global, Direitos Humanos, Educação, áreas sobre as quais destilam desinformação e preconceitos, assim como sobre a História recente do Brasil que devem ter aprendido em livros com páginas arrancadas, só pode ser.

Adoram arrumar uma briga. Suas falas e aparições estão criando é ainda mais muitos outros problemas para o pai, que até parece estar tentando montar um governo razoável enquanto lida com uma equipe boquirrota, começando a já gostar de ser fonte “confiável” dos jornalistas cativados que ganham declarações logo desmentidas. É rápido, gente: os caras estão gostando do poder, de Brasília, dos segredos dos caminhos e corredores, de soltar balões de ensaio com nomes que se valorizam imediatamente após aparecerem em lista de indicados. Notícias chegarão sopradas pelos ventos.

Os garotos de Bolsonaro, não. Esses não são novatos. Já vivem isso tudo praticamente desde que nasceram, já que o pai tem quase 30 vividos na política. Só houve uma mudança importante, do baixo clero ao mais alto cargo da República.

Isso sobe pra cabeça. Tomara que o pai deles cuide disso também. Nem precisa dar palmadas; só puxão de orelhas. Para não virarem Os Três Patetas.

(*) Jornalista formada pela FAAP, em 1979. Diretora da Brickmann&Associados Comunicação, B&A


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A crônica do dia


HOJE É DIA DE... 


O LUTO E A MARCHINHA DO ZÉ PEREIRA


Nonato Reis

O luto é um desses rituais que acometem as civilizações do Planeta desde tempos imemoriais, independente de credo, origem, cultura ou localização. Do Japão ao Egito, de Singapura aos Estado Unidos, passando pelo Brasil e os demais países latinos, o culto à memória dos mortos se impõe como um dever de família, muitas vezes extensivo ao Estado, divergindo apenas na forma de exprimir o sentimento pela ausência dos que partiram para o Além.
No ocidente, por exemplo, é costume exteriorizar a dor com o uso da cor preta - herança do velho império romano - que pode ser expresso na forma de uma fita no chapéu ou um lacinho no bolso da camisa, mas também toma toda a indumentária.
A padronização do preto passa a ideia de mistério, noite, de algo carregado. Já no Oriente, especialmente o Japão e a China, a cor predominante é o branco, para simbolizar a leveza e a paz.
O uso da cor varia conforme a cultura, e há lugares onde se usa o azul, o roxo, o amarelo e até o vermelho - caso da África do Sul. O que importa mesmo é mostrar que o coração sangra pela morte de alguém muito querido.
O problema é que, por ser uma simbologia, nem sempre o que se vê é o que de fato acomete a alma. Em Viana dos anos 60 e 70, o luto era de tal forma aplicado que às vezes acabava por provocar situações engraçadas e até bizarras.
Um desses casos aconteceu comigo. Foi na semana em que minha avó paterna morrera. Eu só tinha 13 anos, experimentava a transição da infância para a mocidade, e só pensava em vadiagem. Cinco dias depois do desenlace de D. Mariana, houve um Baile de São Gonçalo, próximo de onde morava. Eu adorava os festejos do santo e esbarrei entre respeitar a memória da falecida e atender aos impulsos do coração.
Deixei a razão de lado e segui os prazeres mundanos.
Foi uma noitada memorável, regada a cachaça da terra, e muita curtição nos braços de uma roxa morena - mas roxa até o talo do nariz - ao som de Amado Batista, Diana e Reginaldo Rossi. 
Voltei para casa aos primeiros raios da manhã e ao abrir a porta dei com meu pai, ainda só de cuecas enrolado em um lençol velho, envergando em uma das mãos um caniço de pescar piranha. "Ordinário, a minha mãe mal esfriou no caixão e tu já nessa pagodeira", disse ele, a taca já comendo no lombo até que do caniço restassem apenas pedaços.
Anos antes morrera a mãe de um tio por aproximação (na verdade ele era esposo de uma tia minha). Foi em junho de 1966, poucos dias antes da Copa do Mundo daquele ano. O Brasil chegava ao torneio embalado pela conquista do bicampeonato no Chile, e exibia no elenco estrelas consagradas como Pelé, Gerson e Garrincha, todos no auge da forma física e técnica.
O tio era um aficcionado por futebol, desses que não perdem sequer uma “pelada”. O luto o impedia de acompanhar a Copa e para não cair em tentação pediu à concunhada que levasse para a casa dela o velho rádio transglobe.
Aconteceu que o amor pelo futebol falou mais alto e ele não perdeu um jogo sequer.
Era o primeiro a chegar na casa de Dudu, todo vestido de preto, e o último a sair, depois que a Rádio Tupi encerrava a programação esportiva.
Dava dó vê-lo feito um boneco de cera, sem poder vibrar junto com a galera a cada gol do Brasil. 
O martírio dele só não foi maior porque naquela copa a seleção canarinho, contrariando todos os prognósticos, se houve muito mal e acabou eliminada ainda na fase de grupos.
Lembro-me também de um caso em que a digníssima matrona de um amigo meu achou de bater as botas logo no mês de fevereiro. 
O carnaval chegou e, desembarcado de São Luís na noite do primeiro dia da folia, encontrei Aldair, vestido de preto até o chapéu, postado à porta do Clube Alvorada, os olhos compridos de nostalgia.
Eu o cumprimentei, manifestando o sentimento de pesar, como era de praxe, e quis saber o que ele fazia ali em um local tão impróprio diante daquela circunstância. 
Meio constrangido, explicou que a namorada estava dentro do clube e, segundo as más línguas haviam-no soprado ao ouvido, enfeitando-lhe os cornos nos braços de outro.
- Nonatinho, me ajuda! Eu preciso dar um flagra nessa vadia.
- Mas o que eu posso fazer por ti?
- Troca a tua camisa com a minha. É só o tempo de eu pegar a sem-vergonha no flagra.
Hesitei. Aquilo me parecia fora de propósito, mas diante da insistência e da aflição dele, acabei cedendo. Não havia como recusar ajuda a um amigo que se encontra com a cabeça em brasa. Fomos a um puxadinho lateral às escura e com ele troquei de camisa.
Aldair adentrou o clube rapidamente e, ao contrário do que me dissera, não voltou mais. De tanto esperar pelo retorno dele e prevendo algo de ruim com o amigo, achei por bem verificar a situação com os próprios olhos.
Dentro do clube apinhado fui abrindo caminho pela multidão ensandecida, que se esbaldava ao som da marchinha “Viva Zé Pereira”.
Qual não foi o meu susto ao ver Aldair, aos pulos, suado e já sem camisa, abraçado a duas belas morenas, a gritar “Viva Zé Pereira, que morreu de caganeira”.
Sem nada entender berrei no seu ouvido:
- Cara, que diabo é isso? Tua mãe não morreu?
E ele, sem perder a pose, devolveu:
- Morreu, foi pro céu e me deixou neste inferno. O que posso fazer, senão arder no fogo de Satanás?
Eu, que não tinha nada a ver com a história, passei a mão na cintura de uma das meninas que ele carregava e sair a pular e gritar: “Viva Zé Pereira, que morreu de caganeira”.

(*) Nonato Reis, jornalista, poeta, cronista e romancista natural de Viana-MA.


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Apesar dos mimimis...


Isto precisa ser dito. Pra quem pensa que o PT vai desaparecer no mínimo pensa errado. Isento de paixões é preciso analisar o quadro destas eleições.

O PT e seus aliados conseguiram eleger todos os governadores dos nove estados da região, além de dar vitórias monumentais ao presidenciável petista Fernando Haddad. É o partido que mais elegeu governadores.

O partido de Lula elegeu quatro governadores: Rui Costa, na Bahia; Camilo Santana, no Ceará, Wellington Dias, no Piauí, e Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte.

Além disso, os petistas compõem coligações nos outros cinco estados: Maranhão, com Flávio Dino (PCdoB); Alagoas, com Renan Filho (MDB); Paraíba, com João Azevedo (PSB), Sergipe, com Belivaldo Chagas (PSD) e Pernambuco, com Paulo Câmara (PSB).

O candidato do PT também venceu nos estados do Pará e Tocantins. Elegeu também a maior bancada de deputados federais. Não esqueçamos que em meio a isso o partido viveu uma extensiva campanha de desconstrução, com denúncias que envolveram e envolvem suas principais lideranças, inclusive sua maior liderança política, o ex-presidente Lula.

Ressalto que o PT, no meu entender, cometeu muitos erros, entre os quais, assim entendo, teimar na candidatura do próprio Lula, quando o mais leigo dos brasileiros, desconfiava que não vingaria tal candidatura, no que terminou por sacrificar o candidato que se titularizou, no caso o Fernando Haddad. Este só se tornou candidato oficial a cerca de um mês do primeiro turno.

Analisando tudo isso é que concluo que o PT, apesar de tudo, ainda foi relativamente vitorioso, apesar dos mimimis contestatórios.


quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Vox Populi: Diferença entre Bolsonaro e Haddad é de 5% e indecisos decidirão eleição


Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta quinta-feira (25) confirma as intenções de voto no candidato Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) e mostra que a disputa presidencial segue indefinida. Na simulação estimulada, quando é apresentado os nomes dos candidatos, Bolsonaro aparece com 44% das intenções de votos contra 39% de Haddad.
A diferença entre os dois candidatos é de 5%. Se for considerada a margem de erro da pesquisa, que é de 2,2% para mais ou para menos, a diferença entre as intenções de voto em Haddad e Bolsonaro chega a 1 ponto percentual. “Uma diferença de 5 pontos deixa a eleição indefinida e entre os indecisos parece haver uma inclinação pela candidatura de Haddad”, disse à Fórum, Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi.
O levantamento mostra também que 17% dos eleitores ainda estão indecisos. Desse total, 12% disseram que não vão votar em ninguém, vão votar em branco ou anular os votos. Outros 5% não sabem ou não quiseram responder. Os percentuais são exatamente iguais aos da pesquisa anterior.

Votos válidos
Em relação aos votos válidos – excluídos os brancos, nulos, ninguém ou não sabem ou não responderam -, Bolsonaro tem 53% e Haddad 47%.
A simulação espontânea, quando o entrevistador apenas pergunta em quem o eleitor vai votar, aponta Bolsonaro com 43% das intenções de votos contra 37% de Haddad.

Estratificação
No cenário estimulado, o Nordeste, Região onde o candidato petista apresentou os maiores percentuais de intenção de voto durante toda a corrida presidencial, aumentou o número de eleitores que pretendem votar em Haddad: de 57% para 60%.
Os percentuais de intenção de voto em Haddad também cresceram entre os homens (de 35% para 37%), entre os maduros (de 37% para 41%); entre os eleitores que têm até o ensino fundamental (de 44% para 47%) e entre os que ganham até 2 salários mínimos (45% para 50%).
Os percentuais de intenção de voto em Bolsonaro registraram queda de 27% para 25% na Região Nordeste, entre os homens – de 53% para 49% -; entre os maduros – de 48% para 43%.
A pesquisa CUT-Vox Populi foi realizada entre os dias 22 e 23 de outubro. Foram feitas 2.000 entrevistas pessoais e domiciliares com eleitores de 16 anos ou mais, residentes em áreas urbanas e rurais, de todos os estados e do Distrito Federal, em capitais, regiões metropolitanas e no interior de todos os estratos socioeconômicos. Os entrevistadores foram em 121 municípios. O nível de confiança é de 95%.