Campos da Baixada / Foto: Herberth Figueiredo |
Por Flávio Braga(*)
A despeito dos seus encantos e belezas naturais (que a tornam
potencialmente rica), a Baixada continua bastante desassistida pelas diversas
esferas governamentais. Embora detenha um abundante potencial hídrico nos meses de abril a
agosto, o drama da escassez de água ainda é o principal tormento das
comunidades baixadeiras no segundo semestre de cada ano.
Nesse contexto, existe um pormenor que diferencia substancialmente
a Baixada das outras regiões pobres do Maranhão: as medidas para melhorar as
condições de vida do seu povo são baratas, simples e de fácil resolutividade. Só depende da
vontade política dos nossos governantes, no sentido da construção de barragens,
açudes e canais que promovam a conservação da água doce em nossos campos.
A esse propósito, destacamos algumas intervenções administrativas
de pequeno porte que produziram resultados impactantes na qualidade de vida dos munícipes baixadeiros, como segue:
Em São Bento, na
gestão de Bitinha Dias (1993-1996), foi executada a dragagem dos
campos inundáveis,
serviço considerado a maior ação
de combate à estiagem e à fome na região da Baixada. Foram escavados mais de
18km de canais, com profundidade média de 6 metros. Essa obra beneficiou a população de diversos
municípios do entorno.
Em Anajatuba, o Igarapé de Troitá mede 8km de comprimento, 10m de
largura e 2m de profundidade, e foi dragado, no governo de José Reinaldo, para
garantir a retenção da água doce durante todo o ano, proporcionado a
permanência e reprodução dos peixes nativos e outras pequenas criações (bois,
porcos, patos etc).
Ainda em Anajatuba, no povoado Pacas, foi desenvolvido um projeto
consorciado de piscicultura nativa e fruticultura (banana, açaí e maracujá), a
um custo de 200 mil reais, que garante o sustento de 42 famílias, numa área de
apenas 3 hectares. Nesse arranjo produtivo são produzidas 4500 bananas por mês
e 15 toneladas de peixes nativos por ano, sem qualquer ônus para os
beneficiários do projeto.
Foto: Herberth Figueiredo |
Em Viana, na
gestão do prefeito Chico Gomes, foi construído o dique do Igarapé do Jitiba
(complementando uma barragem de quase 3,5km de extensão, edificada na gestão do
prefeito Messias Costa), que serviu para preservar água doce e proteger os
numerosos cardumes de peixes. Na localidade Ponta do Mangue, Chico Gomes ainda construiu uma barragem
de um 1,5km, a qual serviu
para armazenar água e impedir a
salinização do povoado Capim-Açu.
Em Bequimão, o
prefeito Zé Martins recuperou 6km da Barragem Maria Rita (também conhecida como
Barragem do Defunto), proporcionando enormes benefícios para as atividades
econômicas da região, ao garantir a preservação de água doce nos
campos e conter o avanço da água salgada.
Em Pinheiro, o
ex-prefeito Filuca Mendes edificou a Barragem do Cerro, com
capacidade para represar 30 milhões de litros de água doce e fomentar
prosperidade para centenas de famílias ribeirinhas. A obra também serviu para
fazer a ligação entre a zona rural e a urbana. O trajeto que era percorrido em
quase uma hora, hoje dura alguns minutos.
Como se vê, a Baixada tem jeito, visto que as soluções para melhorar a
vida do seu povo são viáveis, exequíveis e de baixíssimo custo material. Basta a "força do querer"…, e aqui é o problema!
(*) Flávio Braga, é advogado e escritor, natural de Peri-Mirim.
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