A carne e a Unha (Temer e Cunha) |
Era sintomático o silêncio de Eduardo
Cunha. Principalmente depois que ele ameaçou jogar “farofa” no ventilador.
Disse que derrubaria a República. E está cumprindo, calado ou não.
Como bem indagou o jornalista Ricardo
Noblat, por que o silêncio de Eduardo Cunha custa tão caro a Temer? Entre os
tantos segredos guardados por Cunha e que, se revelados, seriam capazes de
derrubar toda a República, há muito que se desvendar.
“Tem que manter isso, viu?” – disse Temer a Joesley Batista, dono
do JBS, depois de ouvi-lo contar que pagava mesada a Eduardo Cunha e ao doleiro
Lúcio Funaro, presos em Curitiba, para que não abrissem o bico.
Certo dia, quando Cunha ainda presidia a Câmara dos Deputados e
Temer era vice-presidente, os dois se reuniram no Palácio do Jaburu com uma
alta autoridade do Banco Central.
Depois dos cumprimentos iniciais e de uma troca de comentários
desimportantes, Temer saiu da sala deixando a sós Cunha e a tal autoridade. Só
voltou quando a conversa dos dois havia terminado. Sobre o que falaram Cunha e
a autoridade do Banco Central? A Lava Jato quer saber.
A preocupação de Temer em manter Cunha calado, mesmo que atrás das
grades, deixa bem claro que o ex-presidente da Câmara é um arquivo vivo e sabe
de muitos fatos escabrosos da política brasileira, que podem transformar a
República num verdadeiro colapso. Acredite, pior ainda que os dias atuais…
Autor da reportagem que revelou a existência de
gravações feitas pelo empresário Joesley Batista contra o presidente Michel
Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a coluna de Lauro Jardim, do Globo, informa nesta quinta-feira (18) que o dono da JBS
contou ter pagado propina de R$ 60 milhões ao tucano em 2014.
Os
pagamentos, conforme a coluna, foram feitos por meio de notas fiscais frias a
diversas empresas. Joesley também contou que comprou o apoio de vários partidos
políticos para apoiar a candidatura de Aécio à Presidência da República naquele
ano. O senador chegou ao segundo turno, mas acabou derrotado pela presidente
Dilma Rousseff (PT), então reeleita.
Aécio e Zezé Perrela |
O Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar
pedido de prisão do senador e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Joesley gravou conversa com Aécio em que o tucano lhe pede R$ 2 milhões. O
dinheiro foi entregue em quatro parcelas de R$ 500 mil a Frederico Pacheco de
Medeiros, primo do senador. Além de Frederico, foram presos nesta manhã Andréa
Neves, irmã de Aécio, e Menderson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrella
(PSDB-MG).
As residências e os gabinetes de Aécio, Perrella e
Rocha Loures foram alvo de mandados de busca e apreensão.
Gravações
De acordo com o jornal O Globo, Rocha Loures foi flagrado recebendo R$ 500 mil
de Joesley para tratar de assuntos da JBS. Perrella é pai de Gustavo Perrella,
apontado como o dono da empresa que recebeu os recursos destinados a Aécio. Um
assessor do senador foi identificado como a pessoa que transportou os valores.
Em negociação para acordo de delação premiada,
Joesley e seu irmão Wesley entregaram documentos e gravações à Procuradoria-Geral
da República e ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato. No encontro,
segundo o jornal O Globo, Joesley contou a Temer que
estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro – presos em Curitiba –
uma mesada para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem
que manter isso, viu?”.
Após a revelação do caso, dois pedidos de impeachment
foram apresentados contra Temer na Câmara. Na presença de Joesley, o
presidente indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um
assunto da J&F (holding que controla a JBS). Em seguida, segundo
a reportagem, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil
enviados pelo empresário goiano.
(Com informações do site Congresso em Foco.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário