sexta-feira, 4 de março de 2016

Tributo a Chiquitinho Figueiredo

Por Flávio Braga


Chiquitinho em foto antiga com sua esposa Dona Concita
Se estivesse vivo, no próximo dia 22 de março completaria 103 anos um dos mais destacados políticos de São João Batista e da Baixada Maranhense. Trata-se de Francisco Ferreira Figueiredo, carinhosamente apelidado de Chiquitinho Figueiredo. Neste artigo, rendemos nossas homenagens a esse ilustre maranhense. Para isso, utilizamos como fontes de pesquisa os livros “Francisco Figueiredo: centenário de um lutador”, de autoria de Fernanda Figueiredo e “São João Batista: suas lutas, conquista e vitórias”, de Luiz Figueiredo. Chiquitinho faleceu aos 85 anos no dia 6 de setembro de 1998, deixando uma prole de 16 filhos.
Homem de estatura alta, tinha muita disposição para qualquer trabalho e se entregava com devoção a todas as causas que abraçava. Carismático, estava sempre conquistando novas amizades. A sua habilidade e perspicácia invulgar o permitiram ingressar ainda jovem na atividade política. Exerceu a administração de São Vicente Férrer por duas vezes. Primeiro como interventor e depois como prefeito municipal, consagrado nas urnas em 1950. Foi eleito prefeito de São João Batista na eleição de 1982 para um mandato de seis anos. Neste município, uma das suas maiores conquistas foi a instalação da agência do Banco do Brasil, inaugurada em 8 de setembro de 1986. Exerceu quatro mandatos de deputado estadual de forma consecutiva, a partir de 1959. Marcou época ao lado dos deputados estaduais José Dominici (de São João Batista) e Isaac Dias (de São Bento). Na eleição de 1990, ocupou a primeira suplência da sua coligação para o cargo de deputado estadual.
Em São Vicente Férrer, realizou uma administração com grande apoio popular. Construiu várias barragens. Abriu as primeiras estradas vicinais, interligando São Vicente a São João Batista, Viana, Cajapió, São Bento e Pinheiro. Com forte espírito de pioneirismo, levou o primeiro caminhão, o primeiro jeep e o primeiro trator para o seu município. Construiu as primeiras pistas de pouso e, em consequência, ensejou o tráfego de pequenos aviões monomotores para a Baixada, os famosos teco-tecos. O seu legado jamais será apagado da memória do povo baixadeiro. Não cursou faculdade, mas aprendeu o suficiente para se tornar um homem bem sucedido, a ponto de conseguir atuar como advogado provisionado, ofício que exerceu como um verdadeiro sacerdócio, sempre em defesa dos mais necessitados.
Pertenceu ao Partido Social Progressista (PSP), legenda fundada por Ademar de Barros. Notabilizou-se pelo combate ao vitorinismo, cerrando fileiras nas Oposições Coligadas ao lado de próceres oposicionistas, como Clodomir Millet, La Roque, Neiva Moreira, Giordano Mochel, Colares Moreira, Antonio Dino, Domingos Rego e muitos outros. Aliás, um dos maiores acontecimentos políticos de São João Batista foi a visita de Ademar de Barros, governador de São Paulo e candidato à presidência da República pelo PSP, na eleição de 1955. Em 1969, inspirado no exemplo laborioso do seu pai, o jovem Luiz Figueiredo, então prefeito de São João Batista, construiu a Barragem da Raposa, uma das mais importantes obras estruturantes da Baixada Maranhense, cuja edificação se deu sem o uso de máquinas, apenas com a força e coragem de trabalhadores braçais.
Na eleição de prefeito de 1988, os arroubos da juventude me tornaram um dos mais ferrenhos adversários de Chiquitinho, tendo contribuído decisivamente para a derrota do seu candidato. Com o advento da maturidade, reconheço que, em meus discursos e ações políticas, cometi muitos excessos e injustiças para com um chefe político generoso, despojado e dedicado ao povo joanino. À família Figueiredo, as minhas sinceras escusas.

(*) Flávio Braga, especialista em direito eleitoral e presidente do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense.

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