Chiquitinho em foto antiga com sua esposa Dona Concita |
Se estivesse vivo, no
próximo dia 22 de março completaria 103 anos um dos mais destacados políticos
de São João Batista e da Baixada Maranhense. Trata-se de Francisco Ferreira
Figueiredo, carinhosamente apelidado de Chiquitinho Figueiredo. Neste artigo, rendemos
nossas homenagens a esse ilustre maranhense. Para isso, utilizamos como fontes
de pesquisa os livros “Francisco Figueiredo: centenário de um lutador”, de
autoria de Fernanda Figueiredo e “São João Batista: suas lutas, conquista e
vitórias”, de Luiz Figueiredo. Chiquitinho faleceu aos 85 anos no dia 6 de
setembro de 1998, deixando uma prole de 16 filhos.
Homem de estatura alta,
tinha muita disposição para qualquer trabalho e se entregava com devoção a
todas as causas que abraçava. Carismático, estava sempre conquistando novas
amizades. A sua habilidade e perspicácia invulgar o permitiram ingressar ainda
jovem na atividade política. Exerceu a administração de São Vicente Férrer por
duas vezes. Primeiro como interventor e depois como prefeito municipal, consagrado
nas urnas em 1950. Foi eleito prefeito de São João Batista na eleição de 1982
para um mandato de seis anos. Neste município, uma das suas maiores conquistas
foi a instalação da agência do Banco do Brasil, inaugurada em 8 de setembro de
1986. Exerceu quatro mandatos de deputado estadual de forma consecutiva, a
partir de 1959. Marcou época ao lado dos deputados estaduais José Dominici (de
São João Batista) e Isaac Dias (de São Bento). Na eleição de 1990, ocupou a
primeira suplência da sua coligação para o cargo de deputado estadual.
Em São Vicente Férrer,
realizou uma administração com grande apoio popular. Construiu várias
barragens. Abriu as primeiras estradas vicinais, interligando São Vicente a São
João Batista, Viana, Cajapió, São Bento e Pinheiro. Com forte espírito de
pioneirismo, levou o primeiro caminhão, o primeiro jeep e o primeiro trator
para o seu município. Construiu as primeiras pistas de pouso e, em
consequência, ensejou o tráfego de pequenos aviões monomotores para a Baixada,
os famosos teco-tecos. O seu legado jamais será apagado da memória do povo
baixadeiro. Não cursou faculdade, mas aprendeu o suficiente para se tornar
um homem bem sucedido, a ponto de conseguir atuar como advogado provisionado,
ofício que exerceu como um verdadeiro sacerdócio, sempre em defesa dos mais
necessitados.
Pertenceu ao Partido Social
Progressista (PSP), legenda fundada por Ademar de Barros. Notabilizou-se pelo
combate ao vitorinismo, cerrando fileiras nas Oposições Coligadas ao lado de
próceres oposicionistas, como Clodomir Millet, La Roque, Neiva Moreira,
Giordano Mochel, Colares Moreira, Antonio Dino, Domingos Rego e muitos outros.
Aliás, um dos maiores acontecimentos políticos de São João Batista foi a visita
de Ademar de Barros, governador de São Paulo e candidato à presidência da
República pelo PSP, na eleição de 1955. Em 1969, inspirado no exemplo
laborioso do seu pai, o jovem Luiz Figueiredo, então prefeito de São João
Batista, construiu a Barragem da Raposa, uma das mais importantes obras
estruturantes da Baixada Maranhense, cuja edificação se deu sem o uso de
máquinas, apenas com a força e coragem de trabalhadores braçais.
Na eleição de prefeito de
1988, os arroubos da juventude me tornaram um dos mais ferrenhos adversários de
Chiquitinho, tendo contribuído decisivamente para a derrota do seu candidato.
Com o advento da maturidade, reconheço que, em meus discursos e ações
políticas, cometi muitos excessos e injustiças para com um chefe político
generoso, despojado e dedicado ao povo joanino. À família Figueiredo, as minhas
sinceras escusas.
(*) Flávio Braga, especialista
em direito eleitoral e presidente do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense.
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