Querer é poder? No caso de André Luiz de Souza,
sim. O brasileiro, nascido em uma favela de Belo Horizonte, superou todas as
adversidades possíveis para sair de uma infância pobre e se tornar professor
com pós-doutorado nos Estados Unidos.
O sonho de trabalhar nos EUA vinha da infância,
quando via muitas pessoas de sua comunidade se mudarem ilegalmente para o país.
Começou a virar realidade em 1999, quando passou em Letras na UFMG. Passou,
então, a trabalhar em dois empregos para se sustentar e ajudar a família.
À época em que tudo começou, André Luiz quase foi
expulso da faculdade por conta de faltas, sendo elas geradas pelo trabalho em
dois turnos. Hoje é professor na conceituada Universidade do Alabama e
desenvolve projetos de psicologia cognitiva ao lado de grandes empresas.
“Sou filho de um motorista de ônibus e de uma
manicure. Nascido e criado na favela Alto Vera Cruz. Prestei vestibular para
Letras na UFMG porque adorava a ideia de saber falar inglês. Na mesma época,
trabalhei na Telemig Celular das 7h às 18h e, para ganhar um extra, ficava lá
virando a noite programando celulares. Por conta disso, perdi o semestre e
ganhei uma carta afirmando que havia perdido a vaga na universidade. Escrevi
explicando meus motivos e fui aceito de volta”, conta André Luiz em depoimento
ao jornal Folha de S. Paulo.
Por conta de sua insistência em saber inglês
fluentemente, conseguiu um intercâmbio para a Universidade do Texas em 2003.
Necessitando de provas que poderia se bancar nos EUA, ele pediu dinheiro
emprestado aos amigos, anexou o extrato com R$ 6 mil ao pedido de visto e,
depois de aceito, devolveu o dinheiro. Depois disso, chegou aos Estados Unidos
com R$ 25 no bolso — e só.
Para conseguir se manter realmente nos EUA, André
começou a trabalhar lavando pratos em um restaurante, emprego que lhe custou o
intercâmbio, uma vez que era proibido trabalhar fora do campus. De volta ao
Brasil, se ofereceu para coletar dados para uma professora norte-americana que
ajudava no Texas. Desta maneira, manteve a ligação com os EUA e se aperfeiçoou
na área, sendo convidado para voltar ao país para fazer um doutorado.
Ainda sem dinheiro e vivendo com US$ 1100 por mês
de uma bolsa dada pelo governo norte-americano, ele voltou a lavar pratos no
mesmo restaurante de outrora e, mesmo infringindo as regras, ficou assim por
dois anos. Após concluir o doutorado, virou assistente em Alabama e já recebeu
propostas para trabalhar na Europa. Ficou pois deseja seguir nos EUA.
Muitos pratos lavados e muita força de vontade
depois, André Luiz de Souza se tornou um dos responsáveis pela criação do Cyber
Institute, que faz estudos sobre como testes cognitivos influenciam na
utilização de um aplicativo. Por conta do projeto, já recebeu um financiamento
de US$ 250 mil. Só para começar.
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