Por Robert Lobato
De uma maneira em geral estão brincando com fogo.
Cada um do seu jeito: oposição e governo. Senão vejamos.
A oposição
Capitaneada pelo PSDB, a oposição ainda está sob o
efeito da “síndrome da vitória moral”: perdeu no voto, na política, no projeto,
mas ainda assim acha que saiu vitoriosa do processo.
Só que na vida real não existe essa coisa de
“vitória moral”, existe vitória, simplesmente. E que venceu a eleição para
presidente do país foi a senhora Dilma Rousseff, do PT. O senhor Aécio Neves,
do PSDB, ficou em segundo lugar junto com a Globo, Veja, Estadão, Folha de São
Paulo etc, etc, etc.
Tendo o seu projeto rejeitado nas urnas, a
oposição se volta contra o governo no embalo da crise política para, ora às
claras, ora de forma obscura, defender o impeachment de Dilma com base nas
denúncias de corrupção na Petrobras. Ou seja, é como se a Petrobras
pudesse acabar com o PT, mas as falcatruas no banco HSBC não fizesse
sequer cócegas no PSDB…
Sem base social ampla e organizada, resta aos
tucanos, via redes sociais e os meios convencionais de comunicação, estes
sempre a postos quando é para desestabilizar governos populares, mobilizar os
setores descontentes com o governo para tentar enfraquecer a Dilma e fortalecer
a tese do seu afastamento. O Brasil, a economia e o povo que se danem!
Se não bastasse, essa mesma oposição liderada pelo
PSDB agora flerta de maneira mais oportunista possível com Renan Calheiros
– basta ver as palavras carinhosas e amáveis que o senador Aécio Neves dirigiu
ao peemedebista quando da devolução da Medida Provisória do ajuste fiscal,
na semana passada. Isso poucas semanas após o tucano ter esculhambado com
Calheiros durante a eleição da Mesa Diretora do Senado.
O governo
No outro lado da arena política está o
governo, que aparentemente ainda não se deu conta da gravidade política na qual
está metido.
Errou e continua errando em subestimar o mostro
político que resolveu levar para dividir o poder no Palácio do Planalto: o
PMDB.
O PMDB não tem coração, não tem paixão. O que o
partido do vice-presidente Michel Temer tem é força política e interesses
do Oiapoque ao Chuí. E sabe, sempre soube, exercer sua força.
Ora, é natural que um partido com a pujança do PMDB
não aceita ser tratado nos mesmo moldes de um PP, por exemplo. Erra, então, a
presidenta ao não trazer para perto de si o Michel Temer, até porque não tem
outra alternativa ao PMDB, ao menos nessa conjuntura de grave crise política.
Urge o governo rearticular sua base no Congresso
Nacional levando em conta as virtudes e os vícios impostos por esse
presidencialismo de colisão sustentado por uma tal governabilidade que só
ganhará qualidade a partir de uma ampla reforma política democrática e popular
que institua o financiamento público de campanha e ponha fim às doações de
empresas.
Não basta Dilma ir a TV ler script feito
por marqueteiro, reconhecer problemas que são do domínio público e não ir
ao cerne da questão, inclusive denunciando a velha mídia. Assim como não
adianta o governo minimizar “panelaços” dizendo tratar-se de
ação promovida por setores derrotados na eleição de 2014.
Da mesma forma, não é inteligente banalizar o
visível e crescente insatisfação das classes médias que o PT levou anos
para ganhar a confiança e afastar o medo que ela sentia do partido.
O governo deve é procurar enfrentar de
frente e com inteligência os problemas em curso que na grande maioria é de
natureza política, ou não restará nem mesmo os beneficiários do Bolsa Família
para defendê-lo.
Enfim, se é verdade que a oposição brinca com
fogo ao estimular a defesa da bandeira do impeachment, da mesma forma faz o
governo ao tampar a luz da crise com a peneira.
O fato é que Dilma não tem lá muita escolha: ou
trata de fazer política; se realinhar com o PT de Lula; repactuar com o vice
Michel Temer e reorganizar a base parlamentar a partir do PMDB, ou… vai cair! E
cada minuto que passa é ouro para a presidenta.
Reforma política já!
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