À
guisa de sustentar o seu pensamento acerca do momento político por que passa o
país, e notadamente como particular colaboração a este Blog, publico com satisfação
o texto do amigo e conterrâneo João Batista Campos, emérito executivo do Banco
Safra, ora atuando em Fortaleza, no estado do Ceará.
Brasil, privatizações e
macroeconomia.
(*)
Por João Batista Campos
1- Privatização
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Precisamos extirpar esse mito criado pelo
PT, como se fosse algo ruim. As melhores economias do mundo, Estados Unidos e
Alemanha, possuem todos os os
setores privatizados com exceção de: Saúde, Educação, Segurança e Transporte.
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Importantes e estratégicos setores da
economia brasileira foram privatizados a exemplo de Siderurgia, Energia e
Financeiro, quando podemos citar como exemplos: Vale, CSN, Bancos e Companhias
Energéticas Estaduais. No Maranhão especificamente Cemar e BEM, que eram
comandados pela família Sarney, deixaram o banco quebrado cheio de escândalos e
a Companhia Energética sem valor nenhum e tecnicamente foi vendida por R$1,00.
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Hoje a Vale, é uma das maiores mineradoras
do mundo, gerando muito mais empregos atualmente 119.000, impostos aos
brasileiros e cotada na bolsa de valores por R$156,6 bilhões. CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional), estava quebrada, passou a dar lucro no primeiro ano de
privatização, hoje cotada na bolsa R$14,4 bilhões e gera 19.000 empregos.
Imagine se estas empresas estivessem sob o controle do PT, a exemplo de
Petrobras, Correios e Banco do Brasil, estas três últimas envolvidas em
escândalos e máfias com verdadeiras quadrilhas infiltradas nos comandos.
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Todas as petrolíferas do mundo são
privatizadas e como agravante a Petrobras é atualmente a mais endividada do
setor. Hoje somos autossuficientes na produção de petróleo e incompetentes em
refinarias, não temos o bastante para transformar petróleo em gasolina. Chegamos ao absurdo de exportar petróleo e
importar gasolina e para mascarar a inflação a Petrobras vende gasolina mais
barato que importa, consequentemente se autodestruindo. Repito, a Petrobras vende
gasolina por um valor menor do que compra. Como se não bastasse, somos o único
país que adiciona álcool na gasolina na proporção de 25%, o que elevaria o
preço real na bomba para R$3,30. Pagamos R$2,80 no litro de gasolina que nesse
litro 25% é álcool, o preço real chega a R$3,30, uma vez que o álcool é mais
barato.
2- Macroeconomia
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PIB (Produto Interno Bruto).
Brasil anda de lado e não cresce. O ministro da fazenda (Guido Mantega), que
serve de chacota em rodas de conversas, anunciou mais uma vez que o crescimento
deste ano ficaria em 2,5%. Os mercados,
bancos e até o Banco Central já refizeram as previsões e numa visão otimista
talvez cresceremos 0,4%. PIB de lado ou com tendência de redução, é uma
condição muito próximo da famigerada recessão.
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Taxa de juros e Inflação.
Oficialmente vivemos num regime chamado de meta de inflação, que na prática
significa controlar a inflação com a taxa básica de juros, atualmente em 11% ao
ano, taxa esta que é anunciada todos os meses pelo COPOM (Comitê de política
monetária), formado por componentes do Banco Central e Ministério da fazenda.
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O
governo na sua incompetência fica entre a cruz e a espada, ou seja: Para
aumentar o PIB, precisa reduzir a taxa de juros e assim gerar mais negócios, só
que reduzindo os juros gera inflação que oficialmente está próxima de 7% ao ano
e na prática muito maior. Temos uma das maiores taxas reais de juros do mundo
(Taxa real é quando descontamos a inflação dos juros praticados).
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A inflação de 1993 que FHC recebeu era de
2.477% ao ano e entregou em 2002 com 12,53% ao ano e na média de 1994 a 2002
foi 9,24% ao ano. Portanto, FHC herdou um país detonado e criou um plano
vencedor (Real), que até hoje é moderno e adequado ao País. O PT como diz Aécio Neves, surfou na onda do
real e agora não tem competência para as atuais demandas administrativas que
precisamos. Por oportuno, o PT votou contra o PLANO REAL e todas as demais
reformas que o PSDB fez ou tentou fazer no Brasil.
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Reserva Cambial.
Quanto maior melhor, a nossa atualmente US$380 bilhões de dólares. A primeira melhor forma de gerar reserva
cambial é com exportação superior a importação.
Em 2014 fruto de nossas industrias que estão sucateadas fechamos
setembro negativo em US$690 milhões de dólares e estamos acumulando no ano R$3,7
bilhões de dólares negativos e vamos fechar negativo, algo que não acontecia há
muitos anos. A segunda melhor forma, fruto de investimentos externos. Exemplo:
Uma determinada industria estrangeira abrindo uma unidade no Brasil, algo que
diminuiu muito ou inexiste no momento, uma vez que o país está desacreditado,
tanto que bastou Aécio Neves ir para o segundo turno, o mercado entendeu como
possibilidade de uma nova gestão, o dólar caiu e a Petrobras se valorizou na
bolsa.
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Dívida Interna.
O governo FHC, deixou a dívida interna próximo a R$640 bilhões de reais e
atualmente beira R$2 trilhões de reais. Fruto de governos que necessitam de
recursos, sobretudo na esfera federal, para cobrir os gaps/falta de caixa ou
seja, gasta mais que arrecada. Na prática, os poupadores pessoas físicas e
jurídicas aplicam dinheiro em bancos aplicações estas lastreados em títulos da
dívida pública. A dívida interna tem como parâmetro de correção a taxa básica.
Portanto, quando o COPOM aumenta a taxa básica para combater a inflação,
consequentemente acelera a dívida interna.
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Dívida Externa.
O PT informa aos brasileiros que a dívida externa está paga, o que não é
verdade. Atualmente a dívida se aproxima de US$340 bilhões de dólares e
mensalmente só pagamos os juros. No Jornal Nacional, escutamos sempre a
informação do superavit primário, que é o resultado da arrecadação menos as
despesas, antes do pagamento dos juros da dívida externa. Hoje temos uma
reserva cambial superior a dívida externa, mas jamais poderíamos usá-la para
quitar, uma vez que deixaríamos o país sem reserva cambial e vulnerável a
qualquer problema de economia no mundo, algo que nos atingiria e não teríamos
como nos financiar.
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Taxa de Câmbio
(Valor do dólar). Lembre-se que já falei que as exportações são muito
importantes e geram a melhor reserva cambial. Quanto maior o dólar melhor para
os exportadores e para nação esta condição só é importante quando exportamos
mais que importamos, o que não acontece agora. Portanto, o dólar alto como está
no momento próximo a R$2,40 e uma vez que estamos importando mais que
exportando, os preços nas prateleiras dos supermercados se elevam e perdemos
reserva cambial. Vale salientar também que somos exportadores de commodities e
isso no nosso ponto de vista é péssimo uma vez que importamos de volta na
condição de produtos acabados. Exemplo de commodities (Minério de ferro, Soja,
Milho, Café) etc. Quanto a minério de ferro, exportamos a tonelada em média a
US$80 dólares e importamos bens fabricados com o próprio minério que
exportamos, numa relação perversa uma vez que vendemos commodities baratas e
importamos produtos acabados caros devido ao dólar alto. O ideal, construir
industrias locais com capacidade de atender as nossas demandas e exportar
somente as sobras das commodities.
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Sistema Financeiro.
Uma nação pra ser forte necessita de um sistema financeiro forte e temos hoje
um sistema literalmente forte com excelentes instituições bancárias e com o
maior banco da América Latina (Itaú). Quando FHC assumiu em 1994 era
literalmente o contrário, com bancos quebrando (Nacional, Econômico,
Bamerindus) etc. Sabiamente não deixou o sistema desmoronar e deixar os
brasileiros sem suas reservas, mesma atitude dos Estados Unidos, quando o
governo de OBAMA, financiou o CitiBank na crise do subprime em 2008. Os bancos
brasileiros não sofreram com o subprime não por excelência e sim por não
necessitar desses títulos americanos que apesar da excelente rentabilidade para
o resto do mundo, era pouco para os bancos brasileiros que já navegam em
rentabilidades de títulos brasileiros com retornos bem maiores. Obs.: Os
banqueiros brasileiros ganharam muito mais dinheiro na era do PT.
Observem que as práticas do
governo FHC, que eram literalmente criticadas pelo PT, são as mesmas praticadas
no governo Dilma, exemplos:
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a) Quando a inflação cresce, eleva-se a
taxa de juros. (Regime de meta de inflação).
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b) Dólar sobe muito, Banco Central vende
Dólar.
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c) Dólar cai muito, Banco Central compra
Dólar.
(*)
João Batista Campos é natural de São João Batista. Bancário por profissão, é
atualmente um dos grandes executivos do Banco Safra, agência do Nordeste, com
sede em Fortaleza, Ceará.