sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Uma São Luís de outrora...


A São Luis de ontem
Viver a pacata São Luís de outrora sei que isto não é possível! Mas bem que poderíamos estar bem melhor como uma capital que é ilha, e que tem a sua maior parte costeira bordada por belíssimas extensões de praias.  E mais. Por ter sido no passado o berço de grandes poetas. A “Atenas Maranhense”. 

Neste tempo, o da Atenas, com jeito provinciano, e muito mais portuária do que rodoferroviária, a nossa São Luís encantava o mundo com suas poesias. Daqui saíram, ou quando pouco, beberam na fonte das verves literárias, muitos dos grandes escritores da Literatura brasileira, desde os cultistas sermões de Pe. Antônio Vieira, no Barroco, às versões latinistas de Odorico Mendes, passando pelos consolidados versos indianistas de Gonçalves Dias e Sousândrade, no Romantismo, o Naturalismo de Artur e Aluísio de Azevedo, passando por Coelho Neto, Humberto de Campos, Viriato Correia, entre tantos outros, até nos dias atuais, onde a obra de um Zeca Baleiro invade o Brasil de norte a sul, onde a poesia de um  Nauro Machado soa bem pujante entre os grandes poetas da atualidade e a prosa de Josué Montelo é pelo cultos apreciada.

Mas há de se sentir saudade sobretudo é daquela São Luís pacata, que como terra de poetas, oferecia a noite para os boêmios, e as únicas confusões eram, no bom sentido, no campo político, ou quando muito, quando um exagerado bêbado ousava desafiar as meninas da ZBM.

Há de se sentir saudade de uma São Luís que, ainda acanhada, tinha espaços nas ruas para os bondes, depois, os primeiros ônibus, onde todos seus usuários eram trazidos e levados sempre sentados, onde quase sempre, dava até pra se levar um bom dedo de prosa, fazer novas amizades, etc. Mas se isto não era possível pela ausência de alguns níqueis, era possível arriscar-se a voltar a pé pra casa, num fim de tarde ameno, depois de um dia de trabalho, sem ser incomodado pelo malfeitores. Ia-se e vinha-se numa sempre tranquilidade.

Há de se sentir saudades dos nossos cinemas. Dos clubes sociais das altas e baixas classes. Dos cabarés renomados. Das embarcações que chegavam e saiam da rampa Campos Melo, na Praia Grande. Dos catraieiros, dos jipes-taxis, etc.

Aos domingos, a pelada na Ponta d’Areia, a cerveja nos bares de lona (lembro-me do de Caboquinho), o caranguejo toc-toc, sem o sabor amoníaco de hoje, nos dava a certeza de que vivíamos num Havaí, no nosso Havaí. E como não éramos confundidos como turistas, os preços não tinham o salgado dos tempos atuais.

Na linha do tempo de nossa São Luís são muitas as boas memórias, os bons momentos vividos. O nosso futebol. Os craques aqui mesmo produzidos. A nossa música. Os programas das rádios AM. As paródias do Zé Pequeno. Os grandes Edis nas combativas legislaturas municipais. As grandes escolas. Os grandes desfiles cívicos ao som da Banda da Escola Técnica Federal.

São Luis de hoje
Para alguém que tenha vivido qualquer tempo desta linha, haverá de sentir saudades da São Luís de outrora.

Hoje não se é mais Atenas. Somos “apenas” mais uma cidade do Estado a sofrer o desmando dos tempos modernos. Somos apenas mais uma cidade a não se ter mais a tranquilidade de se viver, mesmo que trancado em nossas casas, no aconchego de nossas famílias. Aliás, o aconchego foi-se para as cucuias! Somos apenas mais uma cidade onde se vive o inferno das ruas...

Somos apenas a cidade que não educa, que não é respeitada e que ignora sua gente...
Uma cidade onde se mata, a cada fim de semana, mais que em muitas outras capitais, como se quiséssemos chegar a esse pódio.


É esta a São Luís de agora!

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